As Pressões da Mídia Sobre a Mulher
Depois de alguns instantes parada à porta, saboreando todos os olhares, aquela mulher caminhou até sua mesa, fazendo com que as outras mulheres presentes se sentissem murchas, pequenas, feias, insatisfeitas com a própria aparência.
Se você pudesse penetrar na mente das mulheres sentadas diante de suas pizzas aquela noite, certamente ouviria coisas como: “Se ela pode comer pizza, eu também posso!” “Quem não está vendo que isso é silicone!” “Qualquer uma fica assim com plástica!” “Exibida!” “Pizza, só esta noite. Amanhã, vou começar um regime prá valer!” “Ah, de que adianta? Nunca vou ficar desse jeito, então é bom nem tentar.”
Embora aqui se trate de uma situação específica, o descontentamento das mulheres com relação à própria aparência é generalizado e hoje agudamente doloroso. Aproxime-se de um grupo de mulheres, de qualquer idade, raça ou crença religiosa, e ouvirá as mesmas coisas: Preciso fazer regime, estou fazendo regime, estou começando outro regime, meu bumbum é caído, é pequeno demais, é grande demais, meus seios são muito pequenos, muito grandes, flácidos, preciso fazer uma lipo na barriga, no culote, quero fazer uma plástica no nariz, nos lábios, nas orelhas, na papada, etc, etc, etc…
Numa época em que tanto se apregoa a liberação feminina, tenho visto e sentido que as mulheres de nossos dias estão vivendo escravizadas por novo tipo de opressão — a opressão de se conformarem a padrões falsos e irrealistas, e a cultivarem a beleza física em todas as suas facetas como se a aparência fosse o fator determinante do seu valor.
Nós, mulheres, por nossa própria maneira de ser, gostamos do que é belo e gostamos de agradar. Fomos criadas por um Deus que ama o belo e que nos colocou num mundo esplendoroso. É patente quanto Deus se preocupou com a beleza e variedade da sua criação. Por conseguinte, nós, suas criaturas, feitas à sua imagem e semelhança, temos uma apreciação inata pela beleza. Sabemos que o belo agrada aos outros assim como nos agrada, e, como queremos agradar, ser apreciadas, queremos ser belas.
Entretanto, parece que há alguma coisa errada com esse nosso desejo natural quando a maioria de nós está sempre insatisfeita com a própria aparência. O que está produzindo essa insatisfação?
Onde existe uma procura, aparecerá uma oferta, com certeza. É a lei do mercado. Por causa desse nosso desejo natural de apresentarmos uma boa aparência, somos alvo de cerradas campanhas para nos manter inseguras e insatisfeitas com a nossa aparência pois assim estaremos comprando sempre e pagando caro para nos encaixar num molde falso criado para tal fim. Folheie qualquer revista, feminina ou não, e observe todos os anúncios que buscam vender a idéia de que a beleza física só depende deste ou daquele produto.
Vivemos confrontadas pelos resultados de truques fotográficos, muita maquilagem, horas e horas na academia de ginástica, nas mãos do cabelereiro, da modista. Nenhuma mulher normal tem condições de competir com toda essa máquina de produzir beleza. Além disso, a imagem que nos é apresentada como símbolo da beleza feminina, de corpos magérrimos e musculosos, é anti-feminina. As modelos que se mantêm nesse padrão fazem-no com grandes sacrifícios. Não podem comer normalmente, não podem viver vidas normais.
Muitas delas pagam o preço de sérios problemas físicos e emocionais para manter o corpo deprivado de alimentos e exageradamente exercitado. Muitas delas, e muitas de nós, as mulheres comuns, que vivemos assediadas pela propaganda enganosa que se vale de um sem número de recursos tecnológicos para promover um padrão impossível para a maioria.
Uma reportagem recente de importante revista nacional fala que o Brasil é o campeão mundial em cirurgias plásticas, à frente de outros países mais ricos e mais adiantados do que nós. A indústria de cosméticos é um negócio bilionário no mundo todo. Os numerosos produtos light e diet para regimes geram um lucro de bilhões de dólares por ano. Pense um instante no que aconteceria se, de repente, as mulheres parassem de se preocupar com sua aparência e de comprar todos esses produtos.
Entretanto, há muita coisa boa que a mídia também nos mostra. Aprendemos sobre saúde, nutrição, a importância dos exercícios físicos e como cuidar bem dos nossos corpos, que são o templo do Espírito Santo. Não podemos nos esquecer de que Deus nos fez e que espera que cuidemos bem do corpo que nos deu.
Como, então, discernir o que é bom e o que devemos reter do que não é bom e que devemos descartar?
Uma pessoa treinada para reconhecer notas falsas não precisa estudar todas as notas falsas que poderão aparecer. Antes, estuda detalhadamente as verdadeiras. Ao se familiarizar com as verdadeiras, aprende a reconhecer as falsas.
Assim, para podermos discernir entre o verdadeiro e o falso no mundo em que vivemos, e saber o que nos convém, temos de nos familiarizar totalmente com a verdade imutável da Palavra de Deus. É contra o padrão que ela nos apresenta que vamos medir o nosso valor, a nossa beleza física e quanto a sua busca deve pesar na nossa vida cotidiana em termos de tempo, dinheiro e esforço.
O corpo da mulher é naturalmente mais arredondado porque, quando Deus nos fez, colocou uma camada subcutânea de gordura que tem a finalidade de nos tornar mais resistentes às temperaturas extremas. Ficamos também mais protegidas contra choques externos, o que é muito importante, principalmente durante a gravidez. Portanto, o corpo feminino normal tem linhas mais suaves, curvas mais pronunciadas.
Lógico que há mulheres naturalmente magras, mas elas são as exceções, não a regra. E lógico também que, por causa dessa camadinha extra de gordura, nós mulheres temos maior tendência para engordar e mais dificuldade para emagrecer. Assim, o cuidado com o excesso de peso é uma preocupação legítima para nós, já que ele pode trazer sérios problemas de saúde, mas nosso alvo não pode ser uma magreza que não condiz com a maneira como Deus nos fez.
A segunda verdade que encontramos na Palavra de Deus é que ele ama a variedade em toda a criação. Nenhuma pessoa é igual a outra. Distinção é a palavra de ordem, mesmo entre os gêmeos mais idênticos que possam nascer. “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! todas com sabedoria as fizeste” (Salmo 104:24). Há beleza e sabedoria na variedade, nas diferenças.
Assim, tentar impor um único molde a todas é uma nova forma de escravidão. Por exemplo, o nosso colorido é variado e cada mulher tem as cores que lhe ficam bem e as que não fazem muito por ela. No entanto, a cada nova estação, as companhias de cosméticos lançam “a” cor da moda, e muitas mulheres se enfeiam, usando uma cor imprópria para não parecerem desatualizadas.
A moda tenta fazer a mesma coisa e encaixar todos os tipos e idades de mulheres em padrões muitas vezes totalmente inadequados à maioria delas. Mas a mulher verdadeiramente elegante é aquela que conhece o que lhe fica bem e desenvolve seu próprio estilo.
Sabe o que condiz com sua pessoa, seu modo de vida, sua idade e não se deixa seduzir pela tirania da moda. Ela sabe que deve vestir-se com modéstia e bom senso, não com sensualidade, evitando fazer tropeçar através do olhar os homens com quem convive. Seus adornos são poucos e de bom gosto. Ela apresenta uma aparência sóbria, harmoniosa pois tudo que usa concorre para realçar a pessoa que é interiormente.
O apóstolo Paulo nos ensina que todas as coisas são lícitas para aqueles que têm a mente de Cristo, que enxergam as coisas como elas realmente são e não se deixam enganar pelas mentiras que o mundo usa para tentar nos manter escravizadas aos seus padrões.
Mas ele diz também que nem tudo convém. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Coríntios 6:12). Assim, cada uma de nós terá de determinar para si, diante de Deus, o que convém. Tudo nos é lícito — cirurgia plástica, regimes, malhação, cosméticos, mas nem tudo convém. Se estivermos usando esses recursos porque precisamos do seu resultado para sentirmos que temos valor, estaremos sendo dominadas por eles e sempre insatisfeitas.
Uma plástica levará a outra, um tratamento de beleza nunca será suficiente, ficaremos escravizadas aos exercícios físicos e aos regimes. Somente quando estivermos seguras do nosso valor por sermos quem somos, filhas amadas do Pai celeste, é que seremos livres para lançar mão de qualquer desses recursos.
A verdadeira beleza, conforme mostra a Bíblia, é singular. É o conjunto de corpo, alma e espírito e é muito mais interior do que exterior. Não se apaga com os anos, antes aumenta e cada dia se torna mais radiosa. É por isso que o apóstolo Pedro, falando às mulheres de seus dias, adverte que seu melhor adorno é o que a pessoa é por dentro, unido ao incorruptível de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus (1 Pedro 3:4).
Wanda de Assumpção
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