quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Alimentando o Fogo do Amor Sempre

Beth olhou para Roberto na mesa durante o desjejum, enquanto ele lia uma rápida história infantil para o filhinho, logo antes de sair para o trabalho. A cena era tão perfeita que Beth se perguntou por que se sentia tão triste. Ela virou o rosto, segurando as lágrimas. “Qual é meu problema?”, ela pensou. “Roberto é um homem maravilhoso – um esposo fiel, trabalhador, um pai sem igual. Mas algo está faltando”.
Ela voltou o pensamento para o tempo do namoro, quinze anos e três filhos atrás. Lembrou-se do dia em que telefonou para sua mãe para dizer entusiasmada que estavam noivos. “Mãe, ele é tão fantástico, e eu o amo tanto! E a melhor parte é que sinto que encontrei um amigo para a vida toda!” De repente, Beth percebeu o que estava faltando: a amizade com o homem a quem amava.
Talvez você já tenha se sentido como Beth. Quer esteja casado há quinze ou cinqüenta anos, você provavelmente descobriu que a amizade no casamento não acontece naturalmente. Além do mais, ter sido amigo ou amiga de seu cônjuge há dez anos não é garantia de que serão amigos daqui a dez anos.

Todos nós queremos o conto-de-fadas. As mulheres querem que o Príncipe Encantado venha resgatá-las. Os homens desejam que a Cinderela apareça maravilhosa e radiante.

Você consegue se lembrar dos sentimentos que tinha quando viu seu atual cônjuge pela primeira vez? Lembra-se de sentir-se como um adolescente no primeiro encontro, se perguntando se ele ou ela iria gostar de você? Era mágico.

Vocês tomavam tempo para ficar juntos, costumavam ouvir um ao outro, e mostravam compreensão e apoio mútuos.

Com o tempo, porém, a mágica dissipou-se. Negócios e obrigações aumentaram e roubaram sua alegria. O brilho apagou-se, o êxtase de sentimentos desapareceram, e você se pergunta o que aconteceu com o Príncipe Encantado e com a Cinderela.

Um dos primeiros desafios no crescimento conjugal é reconhecer que o Príncipe Encantado e a Cinderela são apenas contos-de-fada. Ninguém é perfeito, e se você está em um relacionamento há alguns meses, provavelmente já percebeu isso. Você descobrirá que todas as pessoas – incluindo você mesmo – possuem defeitos.


A questão da amizade no casamento

Um casamento baseado na amizade tem a força e o poder para durar. A paixão é importante, mas a amizade é mais forte. O casamento se torna um lugar de serenidade, paz, calma e alegria para o casal.

O relacionamento conjugal deve ser sua amizade mais profunda. Você deve ser capaz de confidenciar tudo com seu amado ou amada, falar despreocupadamente sobre seus sonhos, e cuidar dos anseios um do outro. Na verdade, a cumplicidade permanece mesmo quando nenhuma palavra é dita – a mera presença de seu cônjuge já lhe trará paz.

No livro de Cantares 5:16 encontramos o seguinte verso: “Este é meu amado, este é meu amigo.” O cônjuge deverá ser o melhor amigo que você já teve, pois vocês compartilharão mais coisas entre si do que com qualquer outra pessoa com quem tenham convivido. Compartilham a vida, o futuro, e o corpo nessa amizade especial.

Bons amigos não são egoístas. O apóstolo Paulo disse aos Filipenses, “Cada um de vós procure não os seus próprios interesses, mas os interesses dos outros.” (Filip. 2:4) Este é um grande conselho para o relacionamento conjugal. O amor desinteressado coloca os anseios e necessidades do cônjuge em primeiro lugar. O amor genuíno floresce quando doamos. Quando oferecemos nosso amor, estamos nos concentrando na alegria e prazer da outra pessoa; isto é amar seu cônjuge, e não apenas explorar o que ele ou ela tem a oferecer.

Outro aspecto da amizade conjugal é que “o amigo ama sempre” (Prov. 17:17). Este é o tipo de amor que perdura. Ele suporta uma grave doença, suporta dez cheques que retornam do banco sem fundos, suporta o carro que estraga logo na segunda-feira pela manhã, suporta os conflitos com os pais, e todas as discórdias que aparecem. Mesmo com todas essas dificuldades, os amigos amam. A amizade é o tijolo do casamento – a paixão é o cimento.

Quando a Bíblia diz que os dois se tornarão uma só carne (Gênesis 2:24), ela quer dizer mais do que apenas intimidade física. A unidade que o casamento cria envolve o coração, vontades, mente e emoções. Nutrir a amizade ajuda o casal a se conectar de todas essas maneiras. A amizade também provê um modelo para a vida familiar. Quando os filhos vêem que seu pai e mãe dialogam, respeitam-se, e trabalham juntos, estabelecem um padrão para toda interação familiar. Isto provê um forte senso de segurança que dá à criança uma base sólida para relacionamentos saudáveis em toda sua vida.

Deus deseja que seu casamento tenha alegria

O casamento é, sem dúvidas, um assunto sério, que não deve ser tomado com descuido, como se fosse temporário. Mas Deus também deseja que vocês se divirtam. Você se casou com a pessoa que significava mais para você do que todas as outras. Esta pessoa é quem lhe conhece e se preocupa com seu melhor – se preocupa mais do que sua própria mãe. Então, se alegre! Ressalte o que é positivo, elimine o que é negativo. Se a vida está indo bem, aproveite. Aprenda a se contentar com o que possui e viva o momento, ao invés de se preocupar excessivamente com o amanhã. Não me entenda mal: você precisa sonhar e fazer planos para o futuro, e Deus prometeu-nos um grande futuro (Jeremias 29:11), mas aproveite a jornada até lá! Alguns casais se preocupam tanto com o dia seguinte que perdem a alegria do hoje. A maior parte da diversão está na caminhada, e não apenas no destino.

Riam juntos. Rir um com o outro ajuda a superar muita coisa. Mas nunca se divirta às custas de seu cônjuge. Seja sensível às dificuldades que cada um enfrenta. Não faça piadas porque seu esposo não é habilidoso com um martelo ou uma furadeira; não critique a comida que ela faz; não ria do fato de ele ou ela ter ganhado peso.

Leva algum tempo e muito esforço para nutrir a amizade conjugal. Como o peixe que nada contra a maré, o casamento é bombardeado pelas exigências da vida diária que roubam o tempo da amizade. Profissão, filhos, e mesmo compromissos na igreja podem entrar no seu caminho. Mas não desista! Cultive o relacionamento de vocês!

Os dois são necessários

Se apenas um dos cônjuges está pronto para cultivar a amizade, o desafio é maior, mas não é impossível. Aqui vão duas sugestões: primeiro, descubra o que ele ou ela necessita. Pode ser que seu cônjuge deseje encorajamento quanto ao seu papel como pai ou mãe, pode ser que precise de tempo para falar sobre suas lutas e dificuldades, ou precise simplesmente da certeza de que você ainda o ama e o valoriza. Tente dar exatamente isso ao seu cônjuge – de graça, sem cobrar nada em troca. Você ficará surpreso com os frutos que irá colher. É claro, nem sempre é fácil ser bondoso e gentil com alguém que simplesmente não se importa. Mas, lembre-se: Cristo, nosso maior exemplo, deu Sua vida por pessoas que não o amavam, zombaram dEle, e o trataram como um criminoso. Não há nada que você possa fazer por seu cônjuge que Jesus não tenha feito por você.

Segundo, permita que seu cônjuge ame você do jeito que ele ou ela é capaz. Talvez a pressão no trabalho o esteja esgotando. Talvez ela tenha crescido em uma família muito reservada, onde o amor não era expresso com facilidade. Receba, com gratidão, a amizade e o amor que seu cônjuge lhe oferecer, mesmo que não seja exatamente aquilo que você espera. E aguarde enquanto Deus transforma o coração de vocês.

As estações mudam

Assim como a mudança de estações no ciclo da natureza, o casamento passa por diferentes fases.

1ª fase: Este é o estágio da paixão. É o momento da química, das emoções à flor da pele, em que os dois estão cheios de energia, entusiasmo, alegria e romance. Nesse estágio, nos comportamos como dois adolescentes apaixonados, que não vêem obstáculos para o seu amor. Este é o período em que temos grande facilidade para nos abrir, compartilhar sentimentos, emoções, medos e planos. O relacionamento é puro romance, e vocês se tornam melhores amigos. Contudo, assim que os elementos químicos vão embora, o casal entra na segunda estação de seu casamento, o acomodamento.

2ª fase: Neste estágio, vocês voltam a se comportar como antes de se conhecerem. Hábitos que antes não eram percebidos, agora começam a incomodá-los; as diferenças entre vocês ficam evidentes; as conversas já não são tão interessantes, e vocês ficam mais calados. Nessa fase, muitos casais descobrem que cometeram um erro, e se separam. Esse estágio geralmente acontece quando os filhos ainda estão em casa, e boa parte das suas energias físicas e emocionais são gastas com eles. O cônjuge passa a ser uma conveniência, e não detém mais sua atenção e cuidado. Nessa época, você precisarão tomar muito cuidado para não cair na armadilha de Satanás. Com muita oração e dedicação de tempo de qualidade um ao outro, vocês poderão sair da zona de perigo e chegar à próxima fase: a estação da descoberta.

3ª fase: O estágio da descoberta é o momento em que vocês, despertados por Deus, decidem retornar ao primeiro amor. Para muitos, será necessário redescobrir seu cônjuge. Se seu amado(a) tornou-se um estranho para você, descubra um momento adequado para que se conheçam novamente. Ambos criaram expectativas que foram frustradas com o passar do tempo, e precisam trabalhar isso. Um dos cônjuges pode ter se tornado muito calado e fechado, e agora precisará se abrir novamente. Encarem isso como um novo namoro. Administrem seus momentos juntos para que sejam de qualidade, já que não terão muito tempo sobrando. Dêem valor a esta estação, pois ela lhes conduzirá à próxima e mais prazerosa fase do casamento: o amor intencional.

4ª fase: A última estação é a do amor intencional. Esta é uma combinação entre a fase da paixão com a fase da descoberta. Aqui estarão juntas a química, a emoção e a energia de quando se conheceram, unidas com a experiência, intimidade e cumplicidade adquiridas com o tempo. Para cultivar essa fase, pequenos gestos farão a diferença: escreva um bilhetinho e coloque dentro da carteira dele, gaste dez minutos do seu dia para ouvirem um cd de música juntos, tomem tempo para assistirem a um filme. Talvez hoje essa fase pareça um sonho distante. Mas, acredite: com o auxílio de Deus e a influência do Espírito Santo em seu casamento, ajudando-os a colocar em prática os ensinos divinos, você e seu cônjuge poderão cultivar a amizade conjugal em todas as estações do casamento, e isso fará com que cada fase seja mais divertida e prazerosa do que a anterior.

Prescrição universal

Deus nos adverte a não perder o primeiro amor (Apocalipse 2:4). É claro que talvez seja impossível voltar a sentir-se como nos primeiros meses de namoro, mas existem coisas que você pode fazer intencionalmente, e assim recriar o romance em seu casamento. Eis algumas dessas coisas:

1) Coloque seu cônjuge como sua prioridade, seu foco, seu alvo;

2) Reorganize sua vida, atividades e tempo de modo que seu cônjuge possa estar envolvido em tudo o que for possível;

3) Deseje agradar seu cônjuge;

4) Dê ao seu cônjuge seu tempo e atenção;

5) Toquem um ao outro com afeto, sem intenções sexuais;

6) Compartilhem ideias sobre seu futuro, objetivos e sonhos;

7) Riam e brinquem juntos. Divirtam-se;

 Apóiem um ao outro mesmo nas circunstâncias mais difíceis;

9) Trabalhem juntos para resolver as diferenças.

Descobrindo o que diz “eu te amo”

Descubra o que é capaz de dizer claramente ao seu cônjuge que ele ou ela é amado. Nesse momento, é importante que entendam as diferentes necessidades entre homens e mulheres, pois elas são essenciais para que cada um cumpra seu papel no relacionamento.

Para sentir-se amada, a mulher precisa de cinco coisas: 1) Afeto. Diga a ela com freqüência que a ama – de forma verbal e não verbal – as mulheres não se cansam de ouvir isso; presenteie-a com flores ocasionalmente; faça um esforço para lembrar-se de datas especiais; comunique-se com ela – sua agenda, seus planos de futuro, seus sentimentos; toque-a de forma gentil, sem intenções sexuais – segure sua mão, abrace-a, beije-a antes de ir para o trabalho; 2) Honra. Aprecie sua esposa acima de todas as outras. Elogie as características físicas que você mais aprecia nela – se ela está um pouco acima do peso, ou já não está com a pele tão firme quanto antes, procure os traços que podem ser elogiados – o cabelo, o sorriso, os olhos, as mãos, etc. Proíba seus olhos de se deterem no que é mal: um outdoor no meio da rua ou uma mulher provocante que passa por você, por exemplo; 3) Transparência. Nada traz mais insegurança a uma mulher do que não saber o que se passa na cabeça de seu marido. Ser calado, fechado é uma característica masculina muito comum, mas que deve ser trabalhada e transformada. Um homem sábio é honesto com sua esposa sobre o que está em seu coração e mente. Isso não é sinal de vulnerabilidade. Pelo contrário, é o elo que pode aproximá-los a um nível nunca experimentado de intimidade; 4) Compreensão. A mente masculina baseia-se na lógica, na objetividade, na racionalidade. Por outro lado, a mulher baseia-se na emoção, nos sentimentos. Deus nos fez diferentes para que nos completássemos. Muitas vezes, sua esposa aproxima-se de você para desabafar, e ao tentar ajudá-la, trazendo soluções para o problema que ela apresenta, você sente que a situação terminou pior do que no início. A questão é que na maioria das ocasiões, as mulheres não precisam de soluções. Basta que você a ouça e diga que a compreende. Isso será o mundo para ela. Caso esteja na dúvida sobre o que fazer, ou como agir, pergunte a ela: “Querida, você quer que eu a ajude a resolver este problema, ou quer apenas que eu a abrace e diga que estou ao seu lado?”. Frequentemente, a resposta será que ela apenas deseja a sua presença ao lado dela. Isto é compreensão; 5) Compromisso. O compromisso no casamento é mais do que intimidade sexual exclusiva. Requer que você comprometa todas as suas energias para servir aos interesses de sua esposa. Você deve planejar seu dia de forma que possa auxiliá-la no que for preciso. Por exemplo: se sua esposa não dirige, comprometa-se a buscá-la no trabalho; se ela gosta de ir ao shopping aos finais de semana, mesmo que você não goste, sacrifique-se para fazer-lhe companhia; considere os desejos e necessidades dela como uma prioridade em sua vida.

Por sua vez, o homem também precisa de cinco coisas para sentir-se amado no casamento. Elas são completamente diferentes das da mulher, por isso, as esposas devem se atentar a cada uma delas. 1) Admiração e respeito. A maior necessidade dos homens é por admiração e respeito. Procure meios de mostrar a ele que é o melhor, que não há ninguém tão bom para você além dele! Mesmo que seu esposo não mereça sua admiração e respeito, ele precisa disso. Assim como a mulher precisa de amor, o homem precisa ser admirado e respeitado. Peça a Deus que abra seus olhos para mostrar-lhe quais as características que seu esposo possui que podem ser admiradas – sua responsabilidade e eficiência no trabalho, sua aparência, sua habilidade nas atividades de casa, a maneira como ele trata os filhos… Nunca o critique ou desrespeite na frente dos outros! Isto é a pior coisa que poderia fazer. Evite tratá-lo como um filho, ensinando-o o que fazer. Ao invés disso, confie nele e valorize o que ele faz bem feito; 2) Companheirismo. Quando Deus criou o homem e viu que ele estava só, não criou um amigo para ele. Criou Eva, sua companheira. Então, não invente desculpas, dizendo que seu esposo prefere sair com os amigos do que com você. Acompanhe-o nas atividades que ele gosta, mesmo que você não goste. No entanto, tome cuidado com sua atitude! Não fique reclamando ou resmungando, pois isto pode estragar o passeio! Seja a melhor companhia! 3) Seja atraente. Os homens são extremamente visuais. Portanto, dê uma olhada na foto de seu casamento, e depois olhe no espelho. Você vê a mesma pessoa? É claro que os anos passam, os filhos vem, e nossa aparência muda. Mas você tem feito seu melhor para manter-se atraente para seu marido? Algumas mulheres tem realmente dificuldade para manter-se no peso, mas seu esposo vê que você se esforça para cuidar de si mesma? Isto diz ao seu marido que ele é importante para você, que você o valoriza. Cuide melhor de sua aparência, das roupas que veste, da maneira como trata seu cabelo, e do cuidado consigo mesma; 4) Intimidade sexual. O romance não precisa acabar quando o casamento começa. Na verdade, precisa ser buscado e cultivado diariamente. Intimidade física e toque são muito importantes para seu marido, porque Deus o criou assim. Algumas mulheres possuem fortes traumas emocionais que as impedem de se conectar ao seu marido dessa maneira. Isto pode não ser culpa sua, mas tome a iniciativa para mudar. Peça a ajuda de Deus e procure um psicólogo cristão para auxiliá-la. Fale com seu esposo sobre os motivos que a levam a se afastar dele. Quando a intimidade física acontece, seu marido se sente profundamente unido a você; 5) Seja uma ajudadora. Deus criou a mulher para ser uma ajudadora (Gên. 2:18). A mulher ideal, descrita em Provérbios 31, é aquela que desenvolve bons hábitos no trabalho, que administra bem o dinheiro e cuida de sua casa com eficiência. Ela busca maneiras de aliviar o fardo de seu esposo. Pergunte a si mesma: “Como posso ser uma ajudadora de meu esposo no dia de hoje?” Quando ele chegar do trabalho, tenha a casa limpa e ordenada para ele. Mesmo que ambos trabalhem fora, e dividam as tarefas domésticas, faça sua parte nas atividades. Seja cuidadosa, e busque formas de facilitar a vida de seu amado.

Deus nos criou com uma capacidade de desenvolver relacionamentos profundos. No casamento, ele nos dá a oportunidade de compartilhar o mais profundo de nossa alma. A amizade é uma idéia de Deus. O casamento é uma idéia de Deus. Coloque essas duas ideias juntas, e veja quão fantásticos serão os resultados.

Que Deus abençoe a sua família,

Osmar e Bruna Reis
Psicólogo do CEAFA e esposa

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