domingo, 28 de abril de 2013

O AMOR DE UM PARA O OUTRO


“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:34-35).

        O “amor” está destruindo os lares, separando as pessoas que DEUS uniu e abençoou. Você pode até achar esquisita essa frase com a qual inicio a nossa reflexão, e perguntar a si mesmo: como pode o amor destruir uma família? O que se lê, na verdade, não é o Amor na plena manifestação e determinação divinas para todos os casais, mas uma péssima compreensão do que seja o verdadeiro Amor, uma forma errada como o concebemos e cremos.

        É muito comum ouvirmos as pessoas relacionarem a palavra amor a um sentimento, elaborando expressões do tipo “não sinto mais amor por você”, “um vazio toma conta do meu ser. Acho que o amor não mais existe entre nós dois; vamos nos separar”. Como também já ouvi absurdos do tipo “estou orando para que DEUS volte a colocar o amor no meu coração por você” (DEUS nunca vai atender a uma oração errada como essa). O amor quase sempre é associado a uma efusão sentimental, uma indefinível força interior, que tanto pode mover um indivíduo para cima como também para baixo. Um dos mais célebres escritores de Língua Portuguesa tentou definir o amor da seguinte maneira: “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer” (Fernando Pessoa). Djavan, um conceituado compositor secular, o descreveu assim: “o amor é um grande laço, um passo para a armadilha, um lobo correndo em círculo para alimentar a matilha” (Faltando um Pedaço). Cada qual cria as suas próprias divagações filosóficas, literárias acerca do Amor, de algo tão simples e claro, que é a essência do próprio DEUS.

        Longe das abstrações conceituais humanas, se olharmos para DEUS e para os conselhos de CRISTO, veremos que o verdadeiro Amor está longe daquilo que as pessoas o concebem como tal. Os conceitos errados nos conduzem a uma crença igualmente equivocada. E como viver o grande e sublime Amor se mesmo não o conhecemos em sua manifestação espiritual? Se passarmos o nosso olhar para CRISTO, concluiremos que o único e verdadeiro Amor reside unicamente no campo das ações, do comportamento. JESUS entregou a própria vida por nós quando não merecíamos e éramos os mais inúteis desse mundo. Assim também devo fazer em relação ao próximo. Esse raciocínio já seria de todo suficiente. O Amor então é uma ordem, um mandamento de DEUS a ser cumprido pelos seus filhos, uma atitude proveniente da obediência à Palavra do PAI. Quando o mundo olha para nós, tem que enxergar que somos a manifestação do Amor de DEUS pelas nossas vidas. E quando JESUS olha para nós, ELE nos diz: “amem uns aos outros!”. Vejo DEUS hoje dentro dos lares, colocando os cônjuges frente a frente e ordenando com certa insistência: “amem-se!”. Enquanto DEUS nos manda praticar o Amor, paramos e tentamos refletir se sentimos mesmo o amor, ou se o nosso peito está cheio dele, como algo indefinivelmente que mexe dentro de nós e invade o nosso coração. A ausência do Amor só pode ser avaliada nas atitudes que distanciam o homem da voz de DEUS. Portanto, a falta do amor não pode ser medida apenas como um suposto vazio nem uma lacuna interior que se sentem na alma ou nas artérias coronárias. Ao contrário, o exercício do Amor denuncia a presença do Espírito Santo em nós. O contrário disso também é a expressão pura da verdade.

        A questão não é se sentimos ou não sentimos amor, nem se somos capazes de senti-lo. DEUS nos coloca diante de situações que jamais desejaríamos encarar, pessoas pelas quais, emocionalmente, viríamos a sentir repugnância, e nos diz: “ame-as!”. Precisamos, assim, anular o nosso QUERER, para deixamos que o Amor de CRISTO habite incondicionalmente em nossa vida. Resistirmos a essa voz significa viver longe de DEUS, em desobediência.

        Amor, cristianismo, salvação, obediência ao Livro Sagrado, no âmbito cristão, são palavras indissociáveis. Uma pessoa que se diz cristã carrega o Evangelho dentro de si, recebe o selo da salvação eterna e está sempre pronto a praticar o Amor pelo próximo. A ausência de um desses elementos conduz a uma vida espiritual deficiente, hipócrita, farisaica, religiosa, cheia de desvios e transgressões. Observe o que disse JESUS: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama (...)” (João 14:21); “Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor” (João 15:9); “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (João 15:12-14) (grifo meu). Não se pode ser cristão sem que exista a determinação contínua de amar o próximo. Quem diz que ama a DEUS e não exerce o amor sobre a vida da outra pessoa, não perdoando, não tendo misericórdia, vive uma vida de mentira e de engano: “Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade” (1 João 2:4); “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4:19-20). Aquele que é mentiroso (ou seja, que diz amar a Deus, mas aborrece ao próximo) não pode ser filho de DEUS, mas do diabo: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes” (João 8:44-45). Então, podemos observar que a Palavra de DEUS é uma teia de conhecimentos que constantemente se cruzam para obter um só fim: o Amor por meio da obediência. Se crêssemos e vivêssemos um único versículo da Bíblia Sagrada, seria necessário para obtermos a salvação de nossa alma: “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1 João 4:16).

        Para DEUS não há acordo nem meio-termo: ou se pratica o Amor pelo próximo, e andará na verdade; ou não se pratica, e, assim, andará na mentira, tendo como pai o diabo. O sentido do cristianismo puro não está naquilo que a pessoa diz ser, sentir ou pensar, mas no amor que ela exerce pelo outro. Essa verdade não é apenas no âmbito fraternal, mas social, familiar e, especialmente, conjugal.

        Certa vez, proferindo o Seu Sermão em um Monte, JESUS afirmou: “amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mateus 5:44). O Filho de DEUS disse que só há uma maneira de apagarmos o mal: praticando o Amor. O maior indício da presença desse Amor (que é o Espírito Santo) na vida dos cônjuges está em não admitirem, nem aceitarem, nem alimentarem a possibilidade de viverem separados. Se JESUS ensinou que deveríamos amar os nossos inimigos, o que deveríamos fazer então em relação à pessoa que DEUS nos fez uma só carne com ela? Odiá-la? Desprezá-la? Quem age assim demonstra total incoerência com a fé em DEUS que professa. Quando um marido ou uma esposa alega que não quer mais a convivência matrimonial, alegando não sentir mais amor pelo outro, demonstra estar completamente enganado (a) por satanás. O Amor é um socorro imerecido. ELE está conosco especialmente quando mais precisamos. Não porque O merecemos. Mas porque ELE, por si só, justifica-se em nós. Só o AMOR liberta, cura, traz a paz e gera a perfeição em Seus filhos. Por isso quando alguém chega para mim e diz: “meu marido me traiu, me ofendeu, me trouxe sofrimento”, eu respondo: “ame-o! É hora de amá-lo mais ainda”. Como amá-lo? Orando, jejuando, cumprindo bem os deveres de esposa, enfim, obedecendo ao SENHOR. Quem tem o Amor verdadeiro dentro de si não despreza, não abandona, não busca a solidão. Afinal, quando éramos os piores desse mundo, JESUS não nos desprezou, não nos abandonou, não nos deixou no mundo das trevas. Ao contrário, ELE nos amou profundamente a ponto de morrer na cruz em nosso lugar. Às vezes, claro, uma convivência se torna insuportável, especificamente quando as agressões físicas se tornam constantes. Daí a necessidade de haver uma separação temporária com o objetivo de redirecionar os objetivos, buscar mais o SENHOR, aumentar a fé, orar muito, mas nunca de desistir do casamento.

        Escrevo, de maneira muito especial, a todas as pessoas que se dizem cristãs, filhas de DEUS, e que estão enfrentando dificuldades no casamento. Faço um apelo no Amor de CRISTO: NÃO ABANDONEM SEUS CÔNJUGES! DEUS colocou marido ao lado da esposa no barco chamado casamento. Haverá dias em que o mar estará tranquilo, águas sossegadas. Mas haverá dias também de grande tempestade, ondas gigantes, que parecem até que nunca vão cessar. Abandonar o barco com o outro dentro, além de ser um ato de covardia e de irresponsabilidade, é uma prova incontestável da falta da presença de DEUS na vida. Se os dias parecem muito difíceis, busque incansavelmente a presença e a intervenção divina. Quem busca a presença do SENHOR encontra a solução para todos os problemas. Sem DEUS, tudo fica terrível, sem esperança. Com DEUS, há a certeza de dias abençoados.

        Muitas vezes o próprio PAI, que colocou os dois naquela embarcação, permite que as tribulações apareçam. Observe a razão: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. (...) E a esperança não traz confusão por que o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5:3 e 5). As lutas geram maturidade conjugal e espiritual, que, por conseguinte, fortalecem a unidade do casal e leva-o a um Amor indestrutível. Como crescer como marido e como esposa sem suportar as ondas revoltas? Como amadurecer, como pessoa e como cristão, fugindo das experiências que aperfeiçoarão o nosso caráter? Ou você acha que, fugindo, acovardando-se, sendo irresponsável, alcançará dias melhores para a sua vida? Lógico que não. As tribulações não desaparecerão se você tentar entrar em outra embarcação. Elas sempre te acompanharão, porque o problema está em você e você não se permitiu ser moldado (a) por DEUS no estado em que ELE te colocou. Você precisa segurar a mão do seu cônjuge, confiar em DEUS, se quiser ser uma pessoa vitoriosa e madura em todos os sentidos de sua vida. Outro detalhe importante: DEUS te uniu a uma só pessoa, colocou você ao lado dela, porque só ao lado dela (com a qual você é uma só carne), poderá ser abençoado (a) e feliz. Enquanto não houver obediência a esse mandamento importante, enquanto o teu coração duro de fariseu não se converter em um coração cristão, DEUS não agirá em seu favor, porque o Amor DELE não estará em você.

        Aprendi, ao longo da vida e por tudo o que vivi, que as experiências tristes, dolorosas, angustiantes, mas vivenciadas com CRISTO, fortaleceram mais o meu Amor em relação ao próximo. As dificuldades, quando vivenciadas juntos, criam um vínculo do perfeito Amor. Aprendi que o Amor não é para minha satisfação pessoal, a minha felicidade tão egoísta, mas para o sossego e o bem-estar do outro. Se DEUS tivesse sido egoísta conosco nem teria enviado o Único Filho para morrer na cruz em nosso lugar. Mas “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (João 3:16).

        Cada vez que tua consciência te levar a pensar apenas nos erros do seu cônjuge, todas as vezes que tua mente te fazer acreditar que não existe mais Amor, cada vez que você se determinar a se afastar, em contribuir para a destruição da família que DEUS te deu e abençoou, eu te convido: olhe para a cruz, meu irmão e minha irmã. Na cruz, você encontrará todas as respostas para as suas dúvidas acerca do teu casamento, se ele foi um erro, quem tinha e quem não tinha razão. Olhe a para cruz! Veja quão minúsculas são as razões que te levaram a se afastar, a dizer que não quer mais, a não perdoar, a não dar quantas chances forem necessárias para que o casamento permaneça. Olhe para a cruz! E veja se aquele sacrifício foi limitado, vão, condicional, se não havia perdão nem Amor. Pergunte a si mesmo, olhando para a cruz, se CRISTO se separou de você, se ELE se divorciou de ti, quando você O traiu ou ainda O trai. Insista em olhar para a cruz porque o casamento, a união indissolúvel do marido com a sua esposa, é a única coisa, na Bíblia, que pode ser comparada ao Amor de CRISTO pela sua igreja: “As esposas sejam submissas ao seu próprio marido; como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeitos” (Efésios 5:22-27). Portanto, amado (a), eu o (a) convido a fitar por alguns instantes o seu olhar na cruz e, depois de pensar, de refletir, que te leve a perguntar a JESUS, como se estivesse perguntando a si mesmo: QUE AMOR É ESSE? Que DEUS nos abençoe!

Fernando César

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