segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mulher: derrubando mitos


Este talvez tenha sido o texto mais difícil de escrever em tão poucas linhas: todo um universo condensado, como represar o oceano num pequeno lago. Falar das diferenças entre homem e mulher, sem cair no lugar comum ou repetir o óbvio, demanda traçar um sem-fim de considerações, uma vez que aquelas não são tão evidentes quanto se costuma imaginar ou acreditar. Muitos estudos têm sido realizados no sentido de compreender quais as origens das diferenças no comportamento entre homens e mulheres. Alguns pesquisadores descobriram que há uma distinção na conformação e na função de determinadas áreas cerebrais, mas, apesar de o cérebro feminino ser menor do que o masculino e seu número de neurônios ser ligeiramente menor, este fato, por si só, não explicaria as diferenças de maneira consistente. Diferenças hormonais relativas ao ciclo vital explicam peculiaridades físicas, mas até que ponto seriam responsáveis pelas distintas formas de encarar o mundo?
Mitos – Alguns mitos foram desenvolvidos a respeito da mulher, a partir da máquina da propaganda que produziu a mulher com dupla jornada de trabalho. É preciso refletir um pouco mais a respeito de tudo aquilo que se ouviu falar, e avaliar o quanto é, na realidade, fruto da nossa cultura.
· Mito do pensamento com o coração
De certa forma, vem desacreditar a mulher enquanto ser racional, mas que forma maravilhosa é essa de poder ver além da realidade aparente, que é percebida pelos demais?
· Mito da feminilidade eterna – ou da eterna juventude
Aprisionada pelo mito, a mulher não percebe que é uma escrava de toda uma indústria montada e mantida pela propaganda, e esquece-se do dom da acolhida, do calor do afeto, que ultrapassa os limites de um corpo malhado e conservado para a visão e deleite dos demais.
· Mito do casamento
A educação feminina ainda é feita no sentido de levar a menina a desejar o casamento como meta mais importante de vida. Será que uma mulher que decidiu não se casar, é menos mulher do que as demais, como se o nosso destino tivesse que ser necessariamente atrelado ao de um companheiro, sem o qual a nossa existência é um não-ser?
· Mito da maternidade amorosa
Mãe é um ser especial que não se cansa, não se impacienta, não se desgasta, está sempre a postos 24 horas por dia, 365 dias por ano, sem férias, sem salário. O seu marido, ou a sua família, conhece o universo de pensamentos e fantasias que você alimenta enquanto passa a roupa , limpa a casa ou cuida da comida?
· Mito de liberdade feminina
Há uma dupla moral vigente para homens e mulheres. A mulher atual tem liberdade para viajar, sair sozinha, freqüentar restaurantes – mas o “não fica bem” é uma constante na vida feminina desde cedo. Aprendeu a dirigir carro, xingar no trânsito e trocar pneu, para garantir a sua independência, mas ganhou de presente o estresse, aumentando o índice de doenças cardíacas no gênero feminino. A mulher moderna é, na realidade, a mulher antiga, só com novas obrigações.
· Mito do maior tempo de reação
Diz-se que as mulheres são mais lentas, mais reflexivas, demoram mais para reagir…Como se explica a rapidez com que conseguem preparar uma refeição ou prestar socorro em casos de acidentes domésticos?
Maternidade – Desde a antigüidade, as sociedades sempre preparam a mulher para as tarefas da formação e manutenção do ninho e não para a caça, a pesca e os combates armados. Nas antigas tribos, a mulher era protegida e alimentada para gerar e criar filhos, produzindo novos guerreiros ou patriarcas. Nos dias de hoje, à medida que a população mundial começa a estabilizar-se, a sociedade nos impõe novos papéis, e nos faz ir à luta. Apenas uma coisa a sociedade não pode mudar em relação às mulheres: ainda são elas que dão à luz os filhos. Esta é a diferença fundamental, que dá origem a todas as demais. Quanto das características femininas, na verdade, se originam da vivência única e pessoal da geração de uma nova vida dentro de si? Toda a sensibilidade, toda acolhida, toda a compreensão do mundo podem ter a sua origem nesse fenômeno maravilhoso que só a mulher vivencia, e para o qual ela é preparada por outra mulher desde que nasce.

Leila Krause Silva Rabello
terapeuta da família

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