terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Armadilha Sutil do Dinheiro


 As finanças ocupam um lugar muito importante no casamento. Elas refletem quais são as prioridades do casal. Um homem que gosta muito de futebol é capaz de gastar mais de R$ 100,00 numa camisa oficial de seu clube, enquanto que uma mulher que goste de arte entende a importância de comprar uma bela escultura de gesso por R$ 850,00.

É dessa forma que podemos compreender o texto de Mateus 6:21, onde está escrito: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (NVI).

Num relacionamento onde duas pessoas de famílias e gostos totalmente diferentes passam a conviver é mais do que esperado que apareçam conflitos. E um dos mais marcantes é o que trata do aspecto financeiro. Por essa razão, o casal precisa discutir os assuntos financeiros para que ambos saibam quanto têm e quanto podem gastar. Quando isso ocorre, o homem e a mulher têm a tendência de se sentirem igualmente responsáveis pela forma pela qual gastam o dinheiro. Por outro lado, quando apenas uma das pessoas sabe que a situação financeira anda difícil, e a outra não tem idéia, muito provavelmente gastos desnecessários serão feitos.

I. Entendendo o Problema do Dinheiro no Casamento

Vejamos um exemplo, Cláudio e Marina estão casados há três anos. Durante esse tempo, Cláudio nunca partilhou com Marina como estava a situação financeira do casal, e quais as perspectivas de ambos. Na verdade, nem mesmo Cláudio esperava que a coisa ficasse difícil. Somente Cláudio trabalha, e Marina fica responsável por cuidar dos dois filhos, em casa. Ultimamente, a situação de Carlos na empresa em que trabalha como contador começou a se complicar. Em virtude da alta dos juros, e da situação financeira complicada em que se encontra, Cláudio tem evitado gastar em coisas que não sejam estritamente necessárias. No entanto, Marina tem andado pelo shopping nos últimos tempos procurando um perfume importado do qual ela gosta muito. O que será que vai acontecer quando Marina comprar o perfume?

Se a outra pessoa não está envolvida e ciente da situação financeira em que se encontra a família, não há preocupação acerca dos gastos ou economias.

Alguns acham que, para evitar essa dificuldade, é necessário separar a vida financeira dele da dela. Talvez essa não seja a melhor solução. Se num casamento, conforme acreditamos pelo que está escrito na Bíblia, os dois se tornam um, não faz sentido o casal manter as coisas separadas entre “suas” e “minhas”. Se ambos se tornam um em Cristo, cremos que isso também se aplica às coisas que possuem.

Por outro lado, alguns acham ser necessário que ambos tenham apenas uma conta. Isso funciona para alguns, mas não para todos. Se não for o seu caso, não se desespere. Pensem em sempre manter-se informados de mais ou menos quanto têm nas contas, e partilhem também a maneira pela qual pretendem investir os ganhos. Essa pode ser uma forma de dividir a responsabilidade entre o casal. Todavia, caso um dos dois seja menos controlado quanto aos gastos, é melhor que o outro cônjuge torne-se a pessoa mais responsável pelo dinheiro, pois, a pessoa mais indicada para cuidar das finanças do lar é aquela que for mais bem qualificado para isso, seja homem ou mulher.

Um terceiro aspecto de muita importância com respeito ao dinheiro no casamento é o fato de nos lembrarmos que Deus é o dono de tudo, mesmo de nossos ganhos. Sem Ele, não teríamos força nem mesmo de trabalhar, a fim de obter nosso sustento. Reconhecendo a importância de Deus em minha vida, e percebendo que tudo vem de Deus, e que sou apenas mordomo do que recebo, a forma pela qual me comporto deve refletir tal crença. Não há um local mais difícil de reconhecer isso do que na questão financeira.

Muitas vezes não entendemos o fato de que o desequilíbrio financeiro é um ardil de Satanás para destruir os casamentos. Pensemos num caso como o de Luís e Andréa. Andréa tem trabalhado arduamente para ajudar a cobrir as despesas do lar. Luís, por outro lado, vive de bicos. Em virtude da situação econômica do país, juntamente com a falta de planejamento dos dois, ambos trabalham hoje para pagar as contas que venceram ontem. Andréa não se importa de trabalhar, mas fica muito chateada por não perceber em Luís um interesse, uma disposição mais efetiva na busca de algo com o que sustentar a família. Ela tem se sentido sobrecarregada com tudo isso, e tem passado muito tempo infeliz, pois percebe que as coisas não estão bem no casamento. Quando ela tenta falar com ele, a resposta é sempre o silêncio. Para Luís é difícil encarar essa situação, pois pela primeira vez ele não tem condição de sustentar a família. Luís tem se sentido muito mal com tudo isso, e não sente prazer em mais nada em sua vida. Ele se sente incompetente em tudo por não ser capaz nem mesmo de cuidar de sua própria família.

Situações como essas levam à separação, pois o casal deixou de crescer junto. Essa é uma armadilha muito usada por Satanás para destruir os lares de pessoas sinceras, mas que infelizmente têm dificuldade em manter o equilíbrio financeiro.

II. Lidando com o Problema do Dinheiro no Casamento

Como resolver essa situação? Como impedir que o dinheiro se torne um problema para o casamento?

Em primeiro lugar, precisamos entender que a qualidade de vida de uma pessoa não é medida pela quantidade de bens que ela possui. É isso o que Jesus disse, em Lucas 12:15: “a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens”. Preocupado com essa má compreensão da vida, o Rei Salomão, um rei muito rico de Israel, fez questão de escrever em Provérbios 30:8: “não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário”. O maior desejo dele era que o Senhor lhe desse a satisfação de viver feliz com o que possuía, e não o que desejava.

Alguns princípios, apresentados pelo Dr. Jaime Kemp, pastor e conselheiro familiar, para lidarmos com a questão financeira no casamento:

Lembrem-se de que tudo é de Deus e vem dEle. Sempre que forem usar o dinheiro que Ele lhes confiou, vocês devem pedir Sua autorização. Davi nos lembra, no Salmo 24:11, de que  “Do SENHOR é a terra e tudo o que nela existe..” Somos responsáveis diante de Deus pelo dinheiro que dEle recebemos.
Estabeleçam um sistema de valores baseado em Deus. Isso significa saber separar o que é eterno do que é temporal. Por exemplo, é melhor gastar dinheiro em experiências para sua família do que em coisas para ela. Se vocês investirem nas coisas eternas, as temporais virão como conseqüência. Essa foi a promessa do Senhor, em Mateus 6:33: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.”
Aprendam a distinguir entre o que é necessidade do que é desejo. É interessante sabermos que Deus promete suprir todas as nossas necessidades, em Cristo Jesus (Fp. 4:19). A promessa não é para nossos desejos. Mesmo assim, nosso Deus, que é rico em amor, algumas vezes nos sacia também os desejos, mas tudo por Sua bondade e sabedoria.
Tentem ser flexíveis e se adaptarem a qualquer revés financeiro. Se entendermos que nosso valor encontra-se apenas no carro, no apartamento, na conta bancária que possuímos, quando aparecer alguma crise financeira, ou quando for confiscada a poupança, como já ocorreu no passado, ou se chegarmos a ficar sem emprego, tudo isso servirá para nos tirar a razão de viver. Em situações assim, alguns chegam mesmo ao suicídio. Em resposta a essa tendência, o apóstolo Paulo escreveu: “Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade (Fp. 4:11, 12).”
Procurem investir sabiamente para o Senhor. Por sermos mordomos de Deus em todas as coisas, devemos ser fiéis não apenas nos 10% que Ele nos pede que devolvamos, mas também nos 90% que sobram para nosso uso. Conforme apresentado na parábola dos talentos, por Jesus em Mt. 25:14-30, um servo fiel não é aquele que esconde o que tem, mas aquele que busca desenvolver aquilo que lhe foi confiado.
Por fim, almejem desenvolver sensibilidade à necessidade dos outros. Nos primórdios da igreja, o verdadeiro cristianismo consistia na partilha por igual entre as pessoas dos bens que possuíam. “Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham” (At. 4:32). É interessante notar que, quanto mais sensibilidade e envolvimento com as necessidades dos outros, mais somos alimentados espiritual e materialmente. Uma pessoa que sempre se dedica aos outros normalmente não passa por dificuldades, e é uma pessoa feliz.
III. Como Resolver o Problema Financeiro no Casamento?

Como podemos resolver problemas financeiros que temos em nossa vida, e como podemos nos preparar para não cair mais nessas armadilhas?

Uma boa forma de lidar com a questão do dinheiro na vida familiar é sentar com seu cônjuge para elaborarem um orçamento dentro do qual vocês pretendem gastar o que ganharem. Um orçamento lhes ajudará a realmente descobrirem quanto custa a qualidade de vida que estão determinados a ter.

Um orçamento é uma lista de coisas que incluam três categorias de gastos que vocês têm: o que se necessita, o que se deseja e o que se pode ter.

Na categoria das coisas de que se necessita, estão incluídos itens que se não existissem, fariam com que você vivesse desconfortavelmente. Nisso estão incluídas coisas como produtos de limpeza, alimentos básicos, taxas e impostos domiciliares, etc.

Depois, temos a lista de coisas que tratam do que vocês desejariam, gostariam de ter. Aqui estão incluídas coisas que podem trazer satisfação especial para sua vida. Aqui estão incluídos determinados artigos de vestuário, acessórios para os carros, tipos e marcas de carro, etc.

Por fim, temos o orçamento das coisas que vocês podem ter. Aqui deve ser especificado exatamente quais os itens de necessidade mais básicas e mais importantes. Se, após pagarem todas as necessidades básicas, ainda sobrar dinheiro, incluam nesse orçamento os seus desejos mais importantes. Equilibrem esses gastos até que o total do débito seja igual ao total de ganho. Lembrem-se, também, de sempre guardar um pouco, pois nunca se sabe do dia de amanhã. Uma caderneta de poupança, ou outra coisa que possa ser visto como um investimento a médio ou longo prazo é sempre uma ótima alternativa para dar um pouco mais de segurança para o futuro.

Nunca esqueçam de fazer o orçamento com oração, para que o Senhor lhes mostre qual a melhor forma de investirem os ganhos que Ele concede. Um orçamento bem elaborado e respeitado pelos dois pode servir como uma forte barreira contra as pressões para destruir o seu casamento.

Agora, vocês podem estar se lamentando o fato de não terem conseguido fazer um orçamento antes. Talvez a situação de vocês atualmente já seja muito comprometida financeiramente. Em Provérbios 22:7, lemos que “o que toma emprestado é escravo de quem empresta (NVI)”. Essa é uma verdade muito dura de se reconhecer. Muitas vezes, pessoas que estão em débito financeiro tentam fugir das pessoas a quem devem, não atendem ao telefone, não atendem mesmo à porta. Tornam-se foragidos. Como resolver isso?

Aqui estão alguns princípios simples, apresentados pelo Dr. Jaime Kemp, que ajudam o casal a se livrar do problema das dívidas.

1. Pare de comprar à prazo aquilo que desvaloriza. Muitas vezes, o desejo de se ter um bem de consumo, como a televisão, um aparelho de som, um aparelho de DVD, etc., se torna uma compulsão para tê-lo imediatamente conforme sugerido pelas inúmeras promoções e aparentes facilidades de pagamento das grandes lojas. Contudo, essa é uma armadilha das mais cruéis para suas economias. Muitas vezes, depois de pagar o produto comprado por muito tempo, quando você vai fazer as contas percebe que acabou pagando o valor equivalente a 2 produtos novos. Evite o desejo de comprar a prazo aquilo que vai desvalorizar.

2. Separe primeiramente o dízimo do salário recebido. Se não separamos logo no começo aquilo que pertence a Deus, vai se tornar muito difícil mais pra frente conseguir a quantia. O dízimo não é algo arbitrário estabelecido por Deus apenas para nos fazer sofrer. Dentre outras bênçãos, o dízimo nos ensina que dependemos de Deus, e que tudo o que possuímos pertence a Ele. O dízimo também nos mostra que Deus nos ama, pois Ele pede que devolvamos apenas 10% dos ganhos que obtivemos. Seja fiel, e usufrua as bênçãos maravilhosas de Deus.

3. Aprenda a administrar para Deus não apenas os 10%, mas também os 90% restantes da sua renda. Isso inclui o trabalho diligente na obtenção do dinheiro, o planejamento sábio dos gastos, o economizar freqüente, para que vocês não sejam surpreendidos por algum revés circunstancial na vida, e por fim, um investimento equilibrado, visando o desenvolvimento dos bens adquiridos. Contudo, a fidelidade a Deus, e a prudência devem sempre acompanhar o investimento. Não permita que o lucro financeiro seja o seu deus.

4. Entenda o que o dinheiro significa para Deus. Sem nenhuma exceção, o interesse de Deus não está na riqueza que conseguimos acumular, mas sim na pessoa que conseguimos ser. Mantenha isso sempre em mente. Para Deus, o maior investimento é e sempre será o seu coração.

5. Cuidado com a armadilha atraente do comprar à prazo. Essa é uma das piores armadilhas que pode haver para seu casamento. Comprar agora e pagar mais tarde facilita a ultrapassagem dos limites financeiros de seu orçamento. Não se esqueçam disso. Às vezes, é necessário até mesmo quebrar os cartões de crédito. Não permita que sua compulsão de comprar destrua a sua felicidade e a da sua família.

CONCLUSÃO

Para terminar, vai aqui uma citação para refletirmos sobre qual deve ser nossa relação para com o dinheiro.

“Concluí que o acúmulo de riquezas, mesmo que eu o conseguisse, é uma razão insuficiente para viver. Quando eu chegar ao fim dos meus dias, daqui a um momento ou dois, devo olhar de volta para algo mais significativo do que a busca de casas ou terra ou máquinas ou ações e estoque. Nem a fama traz algum benefício duradouro. Considerarei minha existência terrena como desperdiçada a menos que possa me lembrar de uma família amorosa, um investimento contínuo nas vidas das pessoas, e uma séria tentativa de servir ao Deus que me fez. Nada mais tem um sentido.” James Dobson Jr, O Que as Esposas Desejam que Seus Maridos Saibam a Respeito das Mulheres.

Que vocês busquem a Deus, para encontrar a verdadeira razão da vida, e assim, serem vencedores contra os perigos e males de se colocar o dinheiro como o mais importante da vida.

Que Deus abençoe sua família,

Osmar Reis Junior

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