segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Era Pouco e Se Acabou


Quando eu era pequeno, tinha uma musiquinha infantil que era bem comum. Ela dizia o seguinte: “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar. O anel que tu me deste era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e se apagou”. Era muito comum, principalmente em brincadeiras de roda.

Agora, muito tempo depois de minha infância, percebo que essa realidade se repete cada vez mais frequentemente. Parece que os relacionamentos são duráveis enquanto permanecerem no amor. Agora, há momentos em que o amor parece ter acabado. Nesses momentos, muitas pessoas desistem de continuar casadas. “Acabou o amor” é um argumento muito comum para a ideia de que não devem continuar casadas. Infelizmente, muitas pessoas se tornam infelizes e ficam marcadas para o resto da vida por esse tipo de mentalidade. Outras têm extrema dificuldade em se envolver profundamente com outra pessoa. O medo da intimidade, de se mostrarem realmente como são, de viverem o melhor e o pior de si parece ser uma barreira muito difícil de ser superada. Assim, as pessoas se relacionam de maneira superficial, e ficam dependentes apenas da existência de um sentimento, que elas chamam de “amor”. Quando esse sentimento passa, parece que não há mais razão para ficarem juntas.

Entretanto, gostaria de dizer que mesmo que nossa visão sobre o que é esse amor precisa ser ampliada. Precisamos entender que há dois estágios de amor, e que o primeiro precisa dar lugar ao segundo com o tempo.

Dois Estágios do Amor

Quando conhecemos uma pessoa especial, ou nos apaixonamos por alguém, vivemos um momento de extrema euforia. Somos levados por uma emoção tão grande, que nada parece ser um sacrifício muito grande para agradar a pessoa amada. Conheço um homem que quando namorava sua esposa, ele estudava em São Paulo, capital, e ela em Recife, Pernambuco. Ele dizia que normalmente, saía de São Paulo na quinta feira à noite, dirigia um fusquinha a noite inteira, e amanhecia a sexta na casa da namorada. Passavam juntos a sexta, o sábado e o domingo. No domingo à noite ele voltava para São Paulo, e na segunda de manhã já chegava e ia direto para a aula.

Nesse tipo de amor, o casal não tem de cultivar o relacionamento. Os dois podem despender muita energia em fazer coisas um pelo outro, mas não consideram isso um esforço. Tendem a usar a palavra felicidade. Sentem-se muito empolgados de fazer algo significativo para a outra pessoa. O problema é que a duração média desse estágio inicial do amor romântico é de dois anos. Isso é até bom, porque quando estamos nesse estágio do amor, que é chamado de o amor apaixonado, nossa atenção é só para a pessoa amada. Esse tipo de amor tem uma natureza obsessiva de euforia. Não precisamos nos concentrar em mais nada, a não ser em fazer a pessoa feliz. Parece que a única razão de viver é alegrar a outra pessoa. Só que, o resto de nossa vida passa por alterações. Perdemos o interesse ou o esforço por conquistar outras coisas na vida. O foco central é a pessoa que amamos.

Já vi várias pessoas nesse estágio, abandonarem a carreira, os estudos, ou até um emprego bom, para irem com a pessoa amada para outro lugar. Infelizmente, muitas dessas pessoas acabam por se frustrarem no futuro, quando percebem que perderam muita coisa. Quando saem dessa embriaguez de amor, percebem-se desiludidas. A pessoa que antes parecia tão maravilhosa, agora se tornou bem diferente. O príncipe encantado agora se torna um sapo, e a princesa se transforma na bruxa má.

Então, muitas pessoas, ao perceberem que não sentem mais as coisas que costumavam sentir, percebem que talvez tenham se enganado quanto a esse amor. Muitos acham que se casaram com a pessoa errada. Que continuar casado é simplesmente permanecer numa prisão.

Há um grupo de pessoas que decide continuar casado, mas que se conforma em viver um relacionamento medíocre, sem emoção, apenas se acostumando a dividir a casa e até a cama com outra pessoa, mas não a vida.

O que muitos falham em perceber é que precisa haver um salto qualitativo no amor que dedicam à outra pessoa. O amor precisa passar por transformações, para amadurecer de maneira mais firme, e se torna o real elo da união entre duas pessoas. Esse segundo estágio do amor pode ser chamado de estágio do amor intencional. Ele é muito mais profundo e firme do que o primeiro. O problema é que esse tipo de amor demanda esforço consciente, demanda vontade para se fazer presente. Enquanto que no primeiro tipo de amor não medimos esforços pela pessoa amada, nesse segundo, temos que decidir fazer coisas diferentes, interessantes, simples porém significativas, para cultivarmos esse tipo de amor.

O Amor Intencional

Esse segundo estágio do amor possui três aspectos que se sobrepõem ou se intercalam na realidade da vida a dois:

Paixão – Esse aspecto diz respeito ao interesse no contato físico, ao interesse sexual, ao primeiro estágio do amor. Sim, apesar de ter passado o momento inicial do amor, mesmo assim esse tipo de amor ainda se faz presente. Ainda há aquela loucura que queremos fazer pela pessoa amada, ainda temos pessoas que escolhem viajar a noite inteira só para amanhecerem em casa, e passarem algum tempo junto da pessoa amada. Mesmo depois de muito tempo, ainda é possível ter características de paixão no amor.

Amizade – mas esse tipo de amor não se restringe à paixão. Ela também envolve a amizade. Por amizade, entendemos o amor que gosta de ficar perto da pessoa amada, que tem vontade de conversar, de contar das experiências do dia, que quando passa por uma situação importante, especial, a primeira pessoa com quem deseja partilhar as novidades é com o cônjuge. Esse amor amizade é muito importante.

Compromisso – Esse é o mais importante aspecto do amor intencional. Essa característica diz respeito ao fato de que não interessa o que acontecer, a pessoa não vai abandonar a outra. O cônjuge pode ter certeza de que seu parceiro ou parceira vai fazer tudo o que for necessário para permanecerem juntos. O compromisso também serve para prevenir e fechar a porta do adultério, da pornografia, dos pensamentos impuros. É o cadeado para garantir que o lugar mais importante da vida da pessoa é de seu cônjuge.

Em muitos momentos, algum dos aspectos não estará presente. Há momentos em que vai faltar a paixão. Em outros pode haver um desejo de ficar sozinho no canto, em silêncio. Mas, sempre é necessário que o compromisso esteja presente, garantindo que não importa o que aconteça, o casal vai permanecer junto, e vai buscar solucionar as dificuldades pelas quais possam estar passando.

Se por acaso você acha que terminou o amor que você tinha pelo seu cônjuge, ou que vocês estão cada vez mais ficando separados, ou que por acaso, não há mais nada de especial na relação, lembre-se de que o compromisso é a chave para a segurança e a felicidade da vida a dois. Busque a Deus para que Ele mostre o que precisa ser mudado em sua vida. Procure profissionais cristãos sábios, que possam de alguma forma contribuir para o seu crescimento no seu relacionamento. Psicólogos, pastores, conselheiros cristãos, terapeutas familiares, todas essas são pessoas que podem contribuir para que seu casamento volte a andar do jeito que Deus planejou para ele.

Não desperdice a história de vocês, o tempo de crescimento e as experiências pelas quais Deus já guiou vocês. Deus está no controle, e Ele pode fortalecer sua vida, devolvendo a alegria que vocês podem ter perdido pelo caminho.

Que Deus abençoe sua família,

Osmar Reis Junior

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