O EVANGELHO COMEÇA EM CASA
A palavra Evangelho é comumente traduzida como “boas novas”. É a boa notícia a toda humanidade de que Deus já realizou todo o Seu projeto redentor na Pessoa de Cristo. O Evangelho tem origem na Pessoa Divina. O Evangelho é a ação redentora e restauradora da Trindade Santa! O Evangelho é a Pessoa do próprio Deus em Cristo revelado pelo Espírito Santo.
A palavra casa nos faz lembrar um determinado lugar ou espaço físico propício para o convívio entre pessoas de uma mesma família. Porém, uma casa não é apenas uma estrutura física construída por mãos humanas. Em sentido bíblico a casa deveria ser o primeiro ambiente da manifestação e testemunho do amor de Deus Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor Josué 24:15.
Há uma seqüência muito importante aqui: (1) o pronome eu significa uma pessoa impactada pelo Senhor; (2) a minha casa é a minha família amada por Deus; (3) e, serviremos é equivalente aos ministérios legitimados e abençoados por Ele! Portanto, a equação familiar de Deus fica assim: eu + minha casa + serviremos ao Senhor = testemunho visível da glória de Deus perante o mundo! Esta casa de Josué é a figura de uma família adoradora e servidora na obra evangelizadora de Deus.
O Evangelho começa em casa é um enunciado que traz a idéia da transformação causada pela revelação e a manifestação visível do amor Divino, impactando de maneira efetiva a vida de alguém e que influencia as demais pessoas que vivem sob um mesmo teto! A vontade de Yahweh era, é e sempre será que “todas as casas” sejam compostas de pessoas amadas e alcançadas por Ele, para que possam adorá-Lo e servi-Lo com alegria!
Qualquer texto bíblico tem a sua convergência e faz sentido somente se interpretado sob a lente da Pessoa e Obra de Cristo. No Antigo testamento há uma cena de instrução familiar bastante interessante onde o Evangelho seria experimentado mesmo antes da encarnação do Verbo Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas Deuteronômio 6:4-9.
A seqüência aqui é muito simples, transformadora e libertadora: revelação de Deus (ouve), relação com Deus (amarás), obediência pessoal a Deus (em teu coração), família amada por Deus (filhos e casa) e testemunho do amor de Deus diante das pessoas (portas)!
Viver pelo amor revelado de Deus não é uma opção, mas, a maior necessidade humana, tanto na esfera individual com coletiva (familiar) ensinada em Deuteronômio 6:5. O Seu amor revelado é a essência da vida que Ele quer para nós! Amar a Deus com toda a nossa vontade, emoções e razão, é o princípio teológico mais importante e que outorga a singularidade da fé bíblica ao povo ou família de Deus em qualquer época, lugar e circunstância.
Para Deus o que é amar? Amar é uma ação Divina e concreta que muda e restaura as nossas vidas e das pessoas que estão à nossa volta. Precisamos ser pais transformados pelo amor de Deus para que possamos falar da Sua Palavra aos nossos filhos e filhas.
Em Deuteronômio a casa ou família é um projeto de vida conjunta e experimentada sob a dependência e a orientação de Deus e que, deveria ser a basede qualquer sociedade temente a Ele. Esta postura de “famílias diante do Senhor” deveria ter sido assumida pelo povo hebreu e testemunhada perante todas as outras nações. O povo de Israel foi resgatado e formado para demonstrar a todos os povos da Terra que a família humana só teria sentido pela manifestação do amor Divino!
O conteúdo do texto de Deuteronômio 6:4-9 é um verdadeiro tratado teológico do tema da “educação de Deus para a vida em família”. O amor revelado por Deus é o ensinamento mais central da fé bíblica e a proposta Divina era que fosse “o fundamento norteador da vida” nas e através das famílias pertencentes ao Seu povo! É uma questão de testemunho da ação transformadora de Deus. Em outras palavras, de evangelismo através de lares transformados por Ele!
O Evangelho que começa em casa deve ser um reflexo da graça de Deus reproduzida na vida das pessoas do e no lar. Qualquer “fracasso” na execução da missão da Igreja tem suas origens no fracasso da vivência da Palavra de Deus no lar. A tarefa da evangelização de uma “sociedade” tem o seu início na evangelização de “indivíduos”, iniciando-se em lares tementes ao Senhor! O temor é a intimidade que faz brotar a verdadeira espiritualidade.
O Evangelho começa em casa através da prática do perdão ente pessoas alcanças pela graça. Na aceitação mútua entre cônjuges e filhos. Na reconciliação e na prática do amor de Deus derramado em nossos corações. Nunca precisaremos “nos esforçar” para refletir o amor de Deus em nossa vida familiar. Lares que vivem na base de trocas pessoais ou chantagens afetivas ainda não conheceram o amor incondicional do Senhor.
O Evangelho começa em casa, no ambiente familiar, na medida em que couber aos pais serem os primeiros evangelistas de seus filhos. Na ótica Divina a função paternal tem caráter pastoral ...e as ensinarás a teus filhos...! Pais como pastores de seus filhos? Sim! É o que a Palavra de Deus nos ensina neste texto. Precisamos aprender com O Senhor que nossos lares são a primeira instância para refletirmos mais experiências com Deus e não somente falar sobre Ele.
Antes de pertencermos a uma igreja local ou comunidade evangélica, nos identificar com uma determinada confissão de fé ou desempenharmos qualquer ministério cristão, necessitamos “com urgência” de crer que o plano do Senhor é redimir pessoas e operar a sua salvação a partir das famílias. Lares alcançados pelo amor de Deus reproduzem igrejas que glorificam O Seu Nome!
A família é o primeiro cenário visível para o exercício do amor do Deus invisível. É a instância onde o amor do Senhor deve ser visto a partir da vida de pais regenerados. O efeito natural de uma convivência familiar alimentada pela ação amorosa de Deus, certamente não será a formatação de “filhos perfeitos” segundo padrões morais pré-estabelecidos por nós mesmos na esfera social ou eclesiástica, mas, o renascimento de “filhos conquistados” pelo amor redentor do Pai Supremo!
Pode-se ver claramente que, mesmo através de uma breve análise dos textos bíblicos acima, é necessária uma transformação radical na vida dos pais para que seja edificada “uma casa segundo o coração de Deus”.
Um dos grandes desafios ou barreiras que temos é rever a nossa maneira de ler as Escrituras. Precisamos aprender a praticar a Palavra de Deus da maneira que agrade somente a Ele. Não é a quantidade de tempo dedicado a leitura bíblica que fará diferença em nossas casas. É a maneira de absorver e praticar as orientações Divinas que farão com que compreendamos a Sua verdadeira vontade para as nossas famílias.
A melhor pregação e ensino que podemos transmitir aos filhos e filhas que O Senhor nos deu é amá-los e cuidá-los de acordo com a transformação que Ele operou em nós mesmos ...estarão em teu coração...!
A qualidade do tempo dedicado ao exercício da nossa paternidade com as nossas crianças, as nossas ações paternais praticadas diante delas e as reações geradas pelo nosso testemunho do agir de Deus em suas vidas vão dizer se o Evangelho que cremos foi (ou não) pregado em casa.
Há uma ilustração que diz: “...meu pai conhece o prefeito, o governador... meu pai conhece a Deus..”. Creio que a ilustração acima nos apresenta um diferencial que denuncia os alicerces da construção de um lar sob a orientação bíblica e na criação de filhos e filhas segundo a vontade de Deus.
Falando do Evangelho que começa em casa, podemos concluir dizendo que somente pais que foram incluídos e alicerçados na Pessoa e Obra de Cristo na Cruz poderão pastorear suas esposas, seus filhos e filhas, de acordo com a vontade e o propósito do Criador e Redentor de suas famílias!
Este é, portanto, o ponto de partida para qualquer reflexão sobre a nossa missão, enquanto “família de Deus” ou “Igreja de Cristo”, diante de um mundo perdido, sem o amor do Pai e sem a revelação direta do Criador e Redentor de toda a família humana.
Mauricio Mantovani
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