“Qualquer que repudiar a sua esposa e se casar com outra adultera contra aquela; e o que casar com a repudiada pelo marido adultera também” (Palavras de JESUS, transcrita por Lucas, capítulo 16, versículo 18).
Dando continuidade à série de estudos que estamos fazendo sobre divórcio e recasamento de divorciados, à luz da Palavra de DEUS, chegamos ao Evangelho de Mateus, exatamente no capítulo 19, em que as lideranças divorcistas se apoiam para incentivar pessoas repudiadas pelos cônjuges a contraírem novas núpcias.
Mais uma vez, JESUS CRISTO, o Filho de DEUS, está diante de pessoas que não acreditavam NELE, que zombavam, escarneciam DELE e O confrontavam nas mais sérias questões. Os fariseus e escribas se autoproclamavam adversários e inimigos públicos de JESUS. Para eles, o verdadeiro Messias, enviado de DEUS, jamais nasceria em uma gruta, cercado de animais e de aparência rude e pobre. O rei, a que tanto aguardavam com ansiedade, viria montado em um cavalo alado e vestido de vestes reais. Daí uma das razões para tanta descrença ao Filho de DEUS.
Não era a primeira vez que eles decidiam enfrentar JESUS com perguntas e argumentos espúrios, pondo em dúvida todo o conjunto de ensinamentos cristãos. No mesmo livro de Mateus, capítulo 9, questionaram a JESUS porque ESTE comia e bebia com os pecadores: “E os fariseus, vendo isso, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?” (vers. 11). Ainda no mesmo capítulo, afirmaram claramente que as obras que JESUS realizava eram do diabo: “Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios” (vers. 34). No capítulo 22 está escrito acerca de mais um comportamento desse grupo de pessoas: “Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como O surpreenderiam em alguma palavra” (vers. 15). No Evangelho de João, na famosa passagem da mulher flagrada na prática do adultério, mais uma vez tentam colocar os ensinamentos de JESUS em oposição àquilo que Moisés (homem que falava face a face com DEUS) havia permitido, no Antigo Testamento, por causa da dureza do coração deles: “E disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em adultério. Na lei, Moisés nos ordenou que tais mulheres sejam apedrejadas. Ora, e tu o que dizes?” (João 8:4-5). Enfim, não foram poucos os momentos em que tentaram envergonhar JESUS publicamente, pondo em dúvida a Sua origem e a Sua autenticidade espiritual.
Sobre os fariseus e escribas, JESUS falou claramente: “E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem nos ensinou a fugir da ira futura?” (Mateus 3:7); “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Fechais o reino dos céus aos homens. Vós mesmos não entrais, nem deixais aos que estão entrando” (Mateus 23:13); “Ai de vós, condutores cegos” (vers. 16); “Insensatos e cegos!” (vers. 17); “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos mortos e toda imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (vers. 27 e 28). Ao apresentar as plataformas de um verdadeiro cristão no Sermão do Monte, JESUS alertou: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mateus 5:20). Os versículos seguintes mostram qual a justiça dos fariseus, introduzida pela expressão “ouviste o que foi dito aos antigos”, e qual justiça os discípulos de CRISTO deveriam seguir, introduzida pela expressão “Eu, porém, vos digo”. O “porém” de JESUS já demonstrava o quão contrário eram os Seus ensinamentos com aquilo que os fariseus apregoavam como justiça divina. JESUS pede que os verdadeiros cristãos não vivam segundo os conselhos daqueles que se opuseram violentamente a ELE, mas olhem sempre para tudo que vem depois dessa conjunção adversativa.
O tema casamento era um dos que mais incomodavam esse tipo de gente perdida. Afinal, os fariseus eram doutores em repudiar os cônjuges e a lançar sorte sexual com diversas outras mulheres. A questão era tão grandiosa e importante para eles que, nos tempos de JESUS aqui na terra, havia duas escolas judaicas, que defendiam preceitos próprios sobre o casamento e o repúdio: a escola de Shamai e a escola de Hillel. Os que pertenciam a primeira defendiam que o repúdio era lícito em caso de o marido, na noite de núpcias, ter descoberto que a esposa não era mais virgem, ou seja, havia o traído, fornicado antes mesmo do casamento. A segunda filosofia judaica dizia que um judeu pertencente a segunda escola podia repudiar a esposa por qualquer motivo, que ele achasse indecente. Essa indecência poderia estar em um simples penteado ou corte de cabelo. Só lembrando que os israelitas, depois da queda no Éden, foram os que mais viveram um padrão de casamento fora daquele padrão ensinado por DEUS. Daí as tristes consequências advindas sobre a vida desse povo tão desobediente a DEUS. A história da formação familiar dos hebreus não deve servir de fonte de inspiração para nenhum cristão nos dias de hoje, com raríssimas exceções.
Dentro desse contexto histórico, o novo embate dos fariseus com JESUS inicia-se a partir de um questionamento malicioso: “Então vieram a Ele os fariseus para testá-lo, e perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua esposa por qualquer motivo?” (Mateus 19:3) (grifo meu). A prerrogativa em questão já começa inserida de uma intenção nada séria, espúria, diabólica. Eles queriam, de uma maneira ampla e irrestrita, flagrar JESUS em aparente contradição para provar à sociedade de que aquele Homem, que se apresentava como Filho de DEUS, era simplesmente um farsista, um picareta, usando uma linguagem de hoje; e de uma maneira limitada, restrita, saber em qual filosofia judaica JESUS se inseriria. Se ELE respondesse “é lícito, sim, o repúdio por qualquer motivo”, estaria se colocando defensor da escola de Hillel. Mas se a resposta DELE fosse negativa, ficaria claro a Sua posição ideológica a favor da primeira escola e, ali, estabeleceria um grande confronto armado e de ideias entre uns e outros, envolvendo JESUS. O leitor pode até imaginar o embaraço que os fariseus tentaram colocar o Filho de DEUS. Qual bandeira filosófica, afinal, JESUS levantaria? Eis a resposta: “Respondeu-lhes Ele: não leste que no princípio o Criador os fez macho e fêmea, e disse: Portanto deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (vers. 4-6) (grifo meu). JESUS inicia Sua resposta trazendo à memória deles o padrão de casamento que DEUS instituiu: entre um homem e uma mulher, solteiros, que largam o pai e a mãe, deixam de ser dois e passam a ser uma só carne enquanto estiverem vivos. JESUS, de forma maravilhosa e perfeita, tira o foco de uma problemática local e limitada (que não interessaria para a salvação deles) e os leva a refletir sobre a origem do casamento em Gênesis: “Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou, então, uma das suas costelas; e fechou a carne em seu lugar. Então da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou a mulher, e a trouxe ao homem. Disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada mulher, pois do homem foi tirada. Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne” (vers. 21-24).
O que interessava a JESUS e o que deve interessar a toda igreja de CRISTO nos dias atuais é o padrão de casamento que DEUS criou. Qualquer modelo que fuja a esse padrão é distorção e perversão humanas, iniquidade, pecado, que geram terríveis consequências na vida dos que desobedecem. Quando DEUS criou o casamento como uma lei divina, uma aliança espiritual eterna, testemunhada por ELE, fê-lo para que mulher e marido estivessem ligados por essa aliança por toda a vida, como bem escreveu o apóstolo Paulo: “A mulher casada está ligada pela lei enquanto seu marido vive. Mas, se falecer o marido, fica livre para se casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor” (1 Coríntios 7:39). Fica claro que só a morte desfaria essa aliança, visto que haveria impossibilidade total de comunhão carnal e de convivência conjugal. Observe que, em nenhum momento, JESUS, em sua resposta inicial, citou o adultério como causa da dissolução matrimonial. Aliás, nem DEUS, nem Moisés, nem JESUS, nem apóstolo algum. Nem os fariseus, adversários declarados de CRISTO, e doutores na arte de repudiar, citaram tal concessão para o aparecimento de uma nova núpcia com outra pessoa. A prova que apenas a morte desfaz o casamento é que quando, nos tempos antigos, havia um caso comprovado de adultério, tanto a adúltera como o adúltero deveriam ser apedrejados até a morte, conforme Levítico 20:10, liberando os seus cônjuges para um novo casamento. Se aquela mulher adúltera fosse, de fato e de direito, casada, o marido dela estaria livre para se casar com quem quisesse. Os repúdios em massa realizados pelos judeus no Antigo Testamento (e copiados tristemente por muitos da comunidade de Israel e pelos fariseus e escribas do tempo de JESUS) visavam exatamente a esse objetivo maior. Repudiando, eles estariam expondo a esposa à prática do adultério (afinal seria muito difícil para elas se manterem fiéis por toda a vida) e à morte por apedrejamento. Hoje em dia, há lideranças que orientam esposas repudiadas esperarem pela traição do marido para estarem livres a um novo casamento. Já vi esposas orando para que isso acontecesse.
Moisés, por muito tempo, ensinou que os filhos de DEUS não deveriam viver de tal maneira dissoluta e errada, que essa prática não estaria de acordo com os ensinamentos do PAI para a humanidade. Os números de mulheres adúlteras, que morriam por meio de apedrejamento, cresciam assustadoramente. Não foram poucas as advertências de Moisés a esse povo, que se mantinha cego e duro de coração. A permissão de dar uma carta de repúdio, escrita a mão, deu-se apenas por causa da dureza do coração deles e para uma finalidade muito clara: a de proteger a figura da mulher de possíveis escândalos sociais contra ela, que fora repudiada e passara a ser condenada a viver a margem de uma sociedade machista e preconceituosa, do que mesmo liberar os judeus para um novo casamento.
Inconformados com a resposta de JESUS, lançam agora um novo questionamento: “Perguntaram-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de repúdio e repudiá-la?” (Mateus 19:7) (grifo meu). Na segunda pergunta que fizeram a JESUS, aparece um verbo citado propositadamente de forma errada: “Por que Moisés, que era homem de DEUS, mandou-nos dar uma carta de repúdio e repudiar as nossas esposas?”. Mandar denota ordem atribuída a um querer interior, a uma crença, a uma convicção. Moisés, em tempo algum, mandou os judeus agirem dessa forma, até porque ele mesmo sabia que essa não era a vontade de DEUS. Mas como fizeram lá no capítulo 8 de João, na passagem da mulher presa em adultério, repetem, em Mateus, a prática maliciosa de colocar Moisés contra JESUS. Atento ao que Lhe perguntaram, o Filho de DEUS logo trata de consertar o erro: “Respondeu-lhes Ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres. Mas no princípio não foi assim” (Mateus 19:8) (grifo meu). Pela resposta de JESUS, fica clara a diferença entre mandar e permitir. Por exemplo: tudo o que DEUS manda, ordena segundo a Sua vontade, o Seu querer. Tudo o que DEUS permite, o faz respeitando a liberdade humana, embora essa permissão não seja atribuição inserida em Sua vontade. DEUS manda (é vontade DELE) que maridos e esposas não se separem como lemos em 1 Coríntios: “Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor que a mulher não se separe do marido. Se, porém, ocorrer a separação, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido. E que o marido não deixe a mulher” (vers. 9-10). Porém, DEUS permite que maridos e esposas se separem, se repudiem, que sejam infiéis um ao outro; nos tempos de hoje que se deem a relações sexuais ilícitas, embora essa não seja a vontade do SENHOR. Eu diria que a vontade de DEUS é o oxigênio e a razão de viver dos filhos de DEUS. É essa vontade que os Seus filhos devem perseguir até o fim para serem salvos e herdarem a vida eterna. A permissão é o oxigênio do mundo, que jaz no maligno. Infelizmente, há muitas pessoas, que se dizem filhos de DEUS, mas procuram viver sem santidade, perseguindo a permissão de DEUS, ao invés de Sua vontade. Daí a razão de muitos que dizem “Senhor! Senhor!” não herdarem o reino de DEUS. Não basta dizer “Senhor!”; é preciso perseguir a vontade do PAI. JESUS encerra a resposta do versículo 8 exortando, mais uma vez, aos fariseus olharem para o princípio de tudo.
O versículo seguinte é o exato texto que as lideranças divorcistas usam para justificar o divórcio e o recasamento de muitas “ovelhas” divorciadas. Esses líderes olham apenas para o versículo de forma isolada, sem se deterem na análise histórica e contextual, sem se apegarem aos ensinamentos genuínos de DEUS. O versículo, em algumas traduções, está escrito assim: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério, e o que casar com a repudiada também comete adultério” (Mateus 19:9) (grifo meu). Em outras traduções, essa suposta cláusula de exceção supostamente dada por JESUS, aparece da seguinte maneira: “não sendo por causa de infidelidade”; “não sendo por causa de relações sexuais ilícitas”; “não sendo por causa de adultério”. Esse último exemplo aparece apenas nas Bíblias da Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Por exemplo, nas Bíblias da Sociedade Trinitariana do Brasil, fiel aos textos originais, está escrito: “não sendo por causa de fornicação”. Ora, somente aqui uma grande confusão linguística se estabelece. Parece ser consenso que a prostituição, a infidelidade conjugal, assim como o adultério e a fornicação são tipos de relação sexual ilícita. Mas, se formos nos apegar verdadeiramente a tudo o que é relação sexual ilícita, teríamos que acrescentar muitos outros tipos, como: sexo anal, sexo oral e algumas posições sexuais, criadas pela mente pervertida do ser humano. Dessa forma, quase nenhum casamento sobreviveria no mundo, visto que, de uma maneira ou de outra, os casais licitamente casados, vez por outra, se pegam na prática de alguma relação sexual ilícita. Imagine, se uma esposa cristã, que não quisesse mais ficar casada com o marido, sugerisse a ele, na hora do sexo, a prática do sexo anal nela, apenas com o propósito de apresentar a liderança espiritual uma justificativa plausível para o fim do casamento… Era o caos total!
Há duas coisas que precisam ser analisadas seriamente pelas lideranças cristãs.
Primeira: o Evangelho de Mateus foi um dos últimos a serem compilados em forma de livro, e com a finalidade de apresentar o Evangelho de JESUS aos judeus. Apenas nos anos 80 d.C., os manuscritos tomaram forma de livro, com a síntese de muitas passagens do Evangelho de Marcos (a mesma passagem de Mateus 19 está em Marcos 10), algumas de Lucas e de uma fonte muito conhecida na época: a Fonte “Q”. Na tal fonte, a passagem transcrita do debate dos judeus com JESUS acerca de repúdio e de casamento, correspondente ao versículo de Mateus 19:9, curiosamente não aparece a suposta cláusula de exceção. Os grandes teólogos da igreja Católica Romana (que, diga-se de passagem, são muito melhores que os protestantes no tema casamento) afirmam que, de fato, essa cláusula de exceção foi acrescentada anos mais tarde por um líder rabino, pertencente à escola de Shamai (aquela que defende que em caso de a esposa ter fornicado, o marido estaria livre, se quisesse, para repudiá-la) com a finalidade de oferecer uma resposta definitiva a uma problemática judaica, que incomodava a muitos naquele tempo, e que foi tema do debate entre JESUS e os fariseus. Se foi acrescentada ou não, o certo é que a tal cláusula não aparece nem no Evangelho de Marcos, capítulo 10, versículos 11 e 12, (Marcos serviu de inspiração para o Evangelho de Mateus), nem no de Lucas (16:18), nem, em momento algum, foi citada pelo apóstolo Paulo, que mais escreveu sobre casamento. Sobre a possibilidade de o material autógrafo ter sido alterado, o próprio JESUS deixou essa possibilidade no livro do Apocalipse: “Eu advirto a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhes acrescentará as pragas que estão escritas neste livro. E se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão escritas neste livro” (Apocalipse 22:18-19).
Segunda: Consideremos a existência da tal cláusula de exceção no Evangelho de Mateus. Se, de fato, ela foi dita, jamais poderia significar adultério, visto que a palavra grega para adultério é mochéia, enquanto a que aparece no original grego é pornéia, que significa restritamente fornicação. Alguns divorcistas insistem em inserir o termo pornéia no mesmo campo de significação de adultério, o que, linguisticamente, é errado. Se pornéia (fornicação) significasse adultério, então não teria necessidade alguma do autor do livro de Mateus ter colocado essas duas palavras, uma ao lado da outra, com escritas diferentes. E não é só no Evangelho de Mateus que elas aparecem juntas, com valores semânticos diferentes. Nas Bíblias traduzidas e inspiradas nos originais, essas palavras aparecem juntas, no mínimo, mais duas vezes. Em Mateus 15:19: “Pois do coração procedem maus pensamentos, assassinatos, adultério, fornicação, furto, falso testemunho, blasfêmia” (grifo meu); “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia” (Gálatas 5:19) (grifo meu). Os mesmos fariseus, que não criam que JESUS havia sido concebido pelo Espírito Santo, insinuam que o nascimento de JESUS fora resultado de uma fornicação de Maria: “(…) Disseram-lhe, pois: nós não somos nascidos de fornicação (pornéia): temos um Pai, que é Deus” (João 8:41). O que o escritor do Evangelho de Mateus quis nos ensinar foi que no caso de um noivo descobrir que a sua noiva (e futura pretendente ao casamento) fornicou, ou seja, manteve relações sexuais com outro homem antes do casamento, ele (o noivo) poderia, se quisesse, repudiá-la, visto que o casamento ainda não havia sido consumado com ele. É bem plausível essa análise, considerando a situação de José e Maria. Eram noivos e, de repente, José ficou sabendo que a sua noiva, a quem até então reputara como digna e honesta, estava grávida de outro homem, ou seja, havia fornicado. Indignado com a situação e conhecedor da lei da escola de Shamai, José intentou repudiá-la secretamente com amparo legal. “E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria como tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo” (Mateus 1:20). José obedeceu a voz do SENHOR, casou-se com Maria com a qual veio a ter muitos filhos (a ideia de a virgindade de Maria ter sido preservada até o último dia de sua existência é diabólica, humana, não tendo nenhum respaldo bíblico).
O Novo Testamento não dá espaço algum para o casamento ser desfeito, que não seja por meio da morte. Porém, casamento algum deve estar acima da salvação da alma do marido e da esposa. Há, em nossa sociedade, muitos maridos e esposas fiéis, que se respeitam, que são exemplos em nossa sociedade, que vivem felizes no primeiro casamento, mas que, no entanto, não herdarão o reino de DEUS por não terem experimentado o novo nascimento em CRISTO JESUS. A salvação, o novo nascimento, deve estar acima de quaisquer objetivos terrenos para um homem e uma mulher. É claro que a vontade de DEUS é que os casamentos, as famílias, sejam pautados em Sua Palavra, de acordo com a Sua vontade, que não haja repúdio nem traições, mas, se houver, que o perdão seja imediatamente liberado. DEUS deseja que, sequer, o desejo de repudiar suba aos corações dos Seus filhos. Uma coisa me parece muito certa: a condição de um casamento santo e abençoado é aberta apenas aos que buscam conhecer mais e mais a Santa e Inerrante Palavra, aos que entregam as suas vidas dia-a-dia, sob os cuidados de DEUS. Pense agora com DEUS pensa. Pense no seu primeiro casamento (seu e da sua esposa – ou marido). Mesmo aquele dia em que não conheciam o SENHOR, mas se deram em casamento; o dia em que deixaram pai e mãe e se uniram em uma só carne. Lembrou? Foi este casamento que DEUS testemunhou, independentemente da religião que você professava na época. É esse casamento que é válido para DEUS até a morte. Qualquer relação sexual fora dessa realidade é adultério, que leva um homem e uma mulher à perdição da alma, como alertou Paulo e 1 Coríntios 6:9-10.
Os templos religiosos estão repletos, nos dias de hoje, de pessoas com a falsa impressão de que são salvas, como se essa salvação fosse garantida por algum pastor, padre ou líder religioso. São pessoas perdidas porque vivem presas, escravas de um adultério travestido de um casamento lícito, uma maldição com pele de santidade. Infelizmente, muitas lideranças estão conduzindo uma multidão inteira ao inferno, porque, desde que o mundo e o secularismo adentraram dentro das estruturas físicas religiosas, houve profunda contaminação, cauterização mental, e a igreja deixou de ser igreja. Só quem tem a mente de CRISTO, e não a dos fariseus, entende e compreende que casamento para DEUS é apenas um, o primeiro. Muitos usam a premissa de que se casaram e se divorciaram no tempo em que eram ignorantes à Palavra de DEUS, como se a ignorância desfizesse o casamento. A ignorância leva a atitudes erradas, ao pecado, afasta o homem de DEUS, mas não desfaz o casamento. Se não há lugar algum na Bíblia Sagrada onde o adultério desfaça o casamento, imagine a ignorância…
Ao concluir todo o ensinamento sobre casamento cristão, JESUS foi a uma casa com os seus discípulos, onde, ali, conhecendo a importância e seriedade de um casamento, externaram essa reação: “Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar” (Mateus 19:10). É melhor viver solteiro e livre para servir ao SENHOR do que ficar preso à lei do casamento a uma mulher por todo o tempo de vida, essa foi a conclusão dos seguidores de CRISTO.
Repito: nem em Mateus, nem em lugar algum do Novo Testamento e da Bíblia Sagrada, se vê DEUS fazendo apologia ao divórcio e ao recasamento de divorciados, até porque o divórcio nem existia nos tempos bíblicos. Mesmo no tempo de JESUS, a Graça de DEUS, os ensinamentos acerca da conduta cristã são mais estreitos e mais rigorosos possíveis. É preciso ficarmos atentos para não sermos surpreendidos em qualquer instante do nosso dia. O fim de tudo está próximo, disso não temos nenhuma dúvida, mas o nosso pode estar mais próximo ainda.
No próximo e último estudo da série, iremos abordar as questões de família e de casamento no Antigo Testamento. Que DEUS nos abençoe!
FERNANDO CÉSAR
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