quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Como Havemos de Viver Juntos

Vivemos tempos de triunfo público e fracasso íntimo. A grande pergunta que todos os que já são casados deveriam fazer é essa “Como havemos de viver juntos?”. *O verbo haver no lugar do verbo dever foi proposital, pois saber viver é uma questão de bom senso e não de dever. Nem sempre um casamento que dura tem valido a pena, mas com certeza aquele que vale a pena dura. Boa parte dos casais cristãos estão juntos por conveniência, medo, mas não por virtude (amor). Casar dentro da vontade de Deus não é garantia de sucesso. Se você pensa ao contrário, pergunte para Adão e para Oséias quando chegar ao céu (se é que você vai para lá). Se submeter à vontade de Deus para casar é apenas metade do processo, é preciso se submeter a ela para continuar casado. Então, o que se deve saber, fazer e querer para que o casamento valha a pena?

I. abandonem todas as regras se quiserem que a relação de vocês dê certo – o casamento não é um problema, é pior que isso, é um mistério. Regras não tem o poder de transformar uma relação. Não somos behavoristas. Joguem fora os manuais, não somos máquinas que precisam de ajustes, mas seres humanos que precisam de graça! Vivam por valores e princípios e não simplesmente por regras!!!

II. desapeguem-se um do outro se quiserem viver sempre juntos – duas metades não formam um inteiro. É preciso três para se tornar um. Que não seja a necessidade, mas a liberdade que os mantenham juntos. Pratiquem a filosofia do “Eu te amo, mas sou feliz sem você”. Vocês precisam estar satisfeitos em Deus para poderem satisfazer um ao outro. A porta do amor está sempre aberta para ir e para voltar. É aqui que o sentimento de ciúme ganha um novo sentido e passa a ser parecido com o ciúme que Deus sente de nós. Você sentirá ciúmes do outro, não por medo de perdê-lo, mas por receio que ele se perca. O outro não determina sua segurança, é você que cuida para dar base a ele. Não seja a falta o motor da sua existência, mas a plenitude de Deus. Viver em função do outro não é amor, é idolatria! Amar não é apoderar-se do outro para completar-se, mas dar-se ao outro para completá-lo.

III. ame seu parceiro apesar das qualidades dele – preste atenção que eu não errei não. Eu não disse para você amar seu cônjuge apesar dos defeitos que ele tem, mas apesar das qualidades. Afinal, sempre amamos algo e não alguém. Amamos o corpo (eros), mas daí vem uma doença, a velhice etc, e nosso amor perece junto. Outras vezes amamos seu discernimento, sua coragem, seu bom humor, sua sinceridade, seu romantismo (phileo), mas e se ele perder tudo isso? O que sobra? O amor de Deus (agapao) ama alguém e não algo, ele vai além do corpo e da alma, ele toca o espírito, onde está o ‘EU’ oculto. Há um amigo meu que casou há algum tempo com uma mulher mais velha, e hoje essa diferença de idade está pesando, e para piorar ela está doente e ele me disse que deixou de ser um marido para se tornar um enfermeiro. Mas na verdade ele nunca foi um marido, pois é nessa hora que ele deveria revelar-se como tal. Se amarmos somente a aparência ou as qualidades, estamos nos colocando em vulnerabilidade, pois sempre haverá quem seja mais belo ou mais virtuoso. Não é uma questão de compaixão, é uma questão de amor. Não ame seu parceiro porque ele é bom ou belo, mas para torná-lo bom e belo. O verdadeiro amor diz “preciso de ti, porque te amo”, o amor fraco diz “eu te amo, porque preciso de ti”. Não ames pela beleza, pois um dia ela acabará. Não ames por admiração, pois um dia desiludir-te-ás. Ama apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação.

IV. aprendam a morrer se quiserem saber viver – a lição de como viver não está nas escolas ou nas academias. E por mais irônico que seja, somente quem aprendeu a morrer, ou seja, orienta sua vida sob essa perspectiva do fim, pode começar a viver. Vivam cada dia, não como se fosse a primeira vez, mas como se fosse a última. Nosso maior medo não é mais o de morrer, mas o de morrer sem nunca ter vivido. Mas só viveremos intensamente quando tomarmos consciência da brevidade e transitoriedade da nossa existência.

V. é preciso mais do que tirar a roupa para fazer sexo no casamento, é preciso tirar as máscaras – entregar o corpo sem entregar a alma no casamento é prostituição legalizada. Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil. Mais do que dividir a cama, é preciso dividir o coração. Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal. Ser verdadeiro não é o mesmo que ser sincero. Muitos maridos se masturbam em cima de suas esposas, mas não fazem sexo com ela. Dividem a mesma cama, mas não o coração. O prazer do sexo é um efeito colateral, não alvo na relação. Quando o sexo é feito sem reverência e sem honra, ele se torna lascívia.

VI. pratiquem a aceitação inconformada – não é o perfeito que precisa de amor, mas o imperfeito. Amar é aceitar o outro como é, mas não deixá-lo como está. O amor é por natureza transformador.

VII. casamentos acabam não pelo mal que fazemos um ao outro, mas também pelo excesso de bem – cuidado com a necessidade de se sentirem necessários. Não trate seu parceiro como um animal de estimação. A finalidade do doar no casamento, não é tornar o outro dependente de nós, pelo contrário, sua finalidade é tornar-nos supérfluos. Precisamos doar com a finalidade de alcançar a recompensa de que o outro não precise mais de nós.

Conclusão –
Lembre-se que Deus pediu para você amar sua esposa, não para compreendê-la.

Anderson Zem

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