sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Unidos em Uma-Só-Carne


“Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão os dois uma só carne”. (Gênesis 2:24)

O versículo acima é a chave para se entender a essência do casamento cristão. Há, no texto, três informações fundamentais que são ditas acerca de um verdadeiro matrimônio: 1) o homem deixará seu pai e sua mãe; 2) que ele será unido à sua esposa; 3) que ambos se tornarão uma só carne. A partir da compreensão dessas três coisas é que podemos refletir algumas das causas do fracasso que alguns têm presenciado em seus relacionamentos.
Embora apenas ao homem seja atribuída a missão de deixar a sua família inicial, é claro que a mulher também está inserida, visto que ela também deverá deixar os seus pais para que essa união com o homem se concretize. A nova família virá a constituir uma autonomia na relação com a família de origem. Os pais, assim, devem liberar seus filhos para que esses assumam, como adultos responsáveis, seus lugares na sociedade e se preocupem com suas próprias necessidades. Não quero dizer com isso que as famílias de origem sejam completamente abandonadas, esquecidas, ignoradas. Mas é que a partir dessa liberação, um novo limite é traçado ao redor do novo casal, inclusive, no direito desse homem e mulher se expandirem na formação de novas gerações (filhos e netos).

A segunda parte, união do homem e da mulher, compreende a união de dois que são iguais e, todavia, desiguais. Ainda que cada indivíduo seja um ser humano completo, há muitas lacunas e necessidades que só são supridas a partir da presença do outro. É como se o homem por si só, embora tenha sua estrutura terminada, finalizada, não seja dotado de um preenchimento total com aquilo que ele tem ao seu redor. Assim ocorreu no relato da criação. O primeiro homem olhava para os animais à sua volta e percebia que não havia nenhum outro como ele. Para aliviar esse estado de solidão, Deus criou a sua parceira, a mulher, para que dessa forma fosse capaz de se unir a ele. Aqui temos uma importante observação a fazer: segundo a ordenança divina da criação, o casamento é monogâmico. Um só casamento até que a morte os separem. É claro que há muitos casos de relacionamentos poligâmicos no Antigo Testamento, como os casos de Jacó, Davi, Salomão, mas isso não significa um endosso a essa prática. A Bíblia nos mostra que a poligamia era praticada, mas não deixa de nos mostrar seus resultados desagradáveis. E como a união do homem e de uma mulher é estabelecida? Ela implica que o casamento deve ser selado tanto como um relacionamento pactual entre um homem e uma mulher, bem como um contrato legal diante da autoridade civil. A união selada através de um “pedaço de papel” protege os direitos de ambas as partes e demonstra para qualquer um que o casal trata com seriedade o compromisso que estão fazendo. Essa é a razão porque “morar junto” não legitima um relacionamento. Antes significa apenas um meio de um usar egoisticamente o outro. A verdadeira unidade representa estar fundido como um. Assim como o metal soldado se une de tal forma a se tornar inseparável.

O terceiro aspecto a ser observado é quando ambos se tornam uma só carne. Essa expressão (“uma só carne”) relaciona-se ao simples e óbvio fato da união sexual. Contudo, não é a mera união dos membros genitais que produz a unidade carnal descrita na Escritura Sagrada, embora a pura conjunção carnal entre marido e esposa estabeleça uma esfera abençoadora no casamento. O contrário disso também é verdade. Quando os cônjuges deixam de se buscarem sexualmente, satanás os tenta e uma nuvem de maldição de apodera do relacionamento. A mera emoção sexual do prazer ou mesmo a busca satisfatória desse prazer destrói gradualmente a capacidade da pessoa entrar numa unidade espiritual e emocional que o casamento pretende ser. Tornar-se carne é uma união profunda e crescente entre marido e mulher. A conjunção carnal santa produz unidade espiritual no casal. Carne, alma e coração, embora sejam partes distintas, elas se harmonizam e completam a totalidade satisfatória do ser: “Portanto está alegre o meu coração, e se regozija a minha língua; também a minha carne repousará segura, porque não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Salmos 16:9-10). Alma e corpo são paralelos em várias passagens, porém, ambos caminham em perfeita harmonia: “A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo” (Salmos 84:2). Quando a carne vai bem, o espírito também vai. O inverso disso também é verdadeiro. Assim, dizer que um homem e uma mulher se tornam uma carne no ato sexual é dizer mais de que eles estão unidos corporalmente. Essa é a razão do apóstolo Paulo ter ficado tão chocado com a possibilidade dos crentes em Cristo terem relações com prostitutas: “Não sabeis vós que vossos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei membros de meretriz? Não, por certo. Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Pois serão, como se diz, dois numa só carne” (1 Coríntios 6:15-16). A união sexual com uma prostituta ou com alguém com o qual não se tenha passado pelo crivo do casamento cristão cria uma unidade ilícita e profana, amaldiçoada; além de atrapalhar a união espiritual do crente com Cristo.

A unidade da carne que existe no casamento é a união completa de duas pessoas, numa profunda ligação com o emocional e o espiritual. Sexo não é apenas algo que você faz com o seu corpo. É algo que alcança as profundezas da alma. O ato sexual deve representar um meio de se cultivar e de fortalecer o estado espiritual. Observe o que o mesmo apóstolo escreveu adiante, na mesma carta aos coríntios: “A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido. Do mesmo modo o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à oração. Depois, ajuntai-vos outra vez, para que satanás não vos tente por causa da incontinência” (1 Cor. 7:4-5). Por outro lado, a forma como se pratica o ato sexual com o outro traduz perfeitamente o estado espiritual do casal. Há na relação sexual uma essencial imutável que a constitui, não podendo ser reconstruída de acordo com os interesses, cultura, educação, que lhe pareçam convenientes. Você pode servir e buscar a DEUS de diversas formas, porém apenas os puros de coração O verão (ref. Mateus 5:8). O sexo cristão não é relativista nem muito menos liberalista. Até a união sexual entre pessoas cristãs deve ser com ordem e decência, longe das perversidades mundanas. Reconheço a grande dificuldade que algumas igrejas possuem em orientar os seus membros com relação à sexualidade na vida cristã. É por essa razão que mais de 80% dos casos de separação e divórcio são causados por maldições na área sexual, pessoas que aprenderam que o sexo no casamento vale tudo e pode ser praticado de qualquer jeito. A Igreja de DEUS, estabelecida por ELE aqui na terra, não pode, em hipótese alguma, enveredar pelas correntes relativistas da nossa pós-modernidade. O contrário disso é que, a cada dia, casais mais estão se afundando num lamaçal espiritual sem fim; e já não ouvem mais a voz de DEUS; e não conseguem mais manter o mínimo de intimidade com JESUS. Enfraqueceram-se e se tornaram cegos, espiritualmente.

Alguém pode até comentar, nessa nossa atual conjuntura, que muitos casamentos parecem estar longe do tipo de ligação espiritual e emocional descrito aqui. Eu sou o primeiro a admitir essa verdade. Aqueles que sofrem com as feridas da família e com a disjunção social podem enfrentar todos os tipos de dificuldades ao estabelecer o relacionamento de uma só carne verdadeiro. Mas as dificuldades apresentadas não tornam vazio o padrão de casamento estabelecido desde a criação. Pelo menos o padrão é o objetivo potencial que os casais devem perseguir nessa vida. Ainda que ele não venha com perfeição, mas as experiências do dia-a-dia os ajudarão a alcançar um casamento mais consistente e feliz. Deus nos abençoe!

FERNANDO CÉSAR 

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