Uma Palavra Boa Para as Esposas
Refreamos os cavalos no último sermão sob o título de “Boa Esposa”, e como há boa diversão sob esse título para o homem, se não para o bruto, nós nos deteremos nele por um intervalo para mergulhar a caneta em uma tinta superfina em que não há nenhuma amargura. João Lavrador deve estar em sua melhor forma para escrever sobre um assunto tão sério.
É impressionante quantos velhos ditados existem contra as esposas, há dezenas deles. Anos atrás, os homens mostravam o lado rude de suas línguas toda vez que falavam de suas esposas. Alguns desses ditados são até mesmo chocantes; como aquele muito maldoso que diz: “Todo homem passa dois dias bons com a esposa: o dia em que se casa com ela e o dia em que a enterra”, e aquele outro: “Quem perde a esposa e um centavo sofre uma grande perda com o centavo”.
Lembro-me de uma velha balada que Gaffer Brooks costumava cantar sobre o homem que estava melhor enforcado que casado, o que demonstra como era comum criticar a vida de casado. Nem seria bom imprimi-la, mas aqui está ela ou o que dela ficou mais vivo em minha lembrança:
Havia uma vítima em uma carroça, a um dia de ser enforcada,
A pena foi suspensa por um tempo, E a carroça foi parada.
Case e salve sua vida,
Gritou o juiz em voz alta;
Oh, por que deveria eu corromper minha vida?
Respondeu a vítima.
Aqui há uma multidão heterogênea,
Por que iria eu evitar a diversão?
Pechinchar é difícil em todo lugar, e a esposa é o pior condutor de carroça.
Bem, essa bobagem não prova que as mulheres são más, mas que seus maridos não servem para nada ou não diriam calúnias tão abomináveis sobre as companheiras. O galho mais podre arrebenta antes, e ao que parece o lado masculino da casa é o pior dos dois, por isso, com certeza ele faz os piores ditados. Não há dúvida houve algumas esposas extremamente más no mundo que provocaram tanto o homem a ponto de ele dizer: “Se uma mulher fosse tão pequena quanto é boa, a casca de uma ervilha serviria de vestido e de capuz para ela”. Mas quantos milhares de encontros providenciais valem mais que seu peso em ouro! Na Bíblia, há apenas uma mulher de Jó e uma Jezabel, mas uma quantidade sem-fim de Saras e Rebecas. Via de regra, penso como Salomão: “Quem encontra uma esposa encontra algo excelente”, os vizinhos sempre sabem se houver um centavo mal gasto na mercearia, mas o relatório não fala sobre os milhares bem gastos. Uma boa mulher não faz barulho, e nenhum alarido é feito sobre ela, mas uma mulher rabugenta é conhecida em toda a igreja. Elas são as criaturas mais angelicais do mundo quando as recebemos como esposas em tudo e por tudo, e a maioria delas é boa demais para os maridos que tem.
A crédito das mulheres já é muito dizer que há alguns velhos ditados contra os maridos, apesar de, nesse caso, os direitos serem os mesmos para todos, e a égua ter as mesmas razões que o cavalo para dar coices. Mas eles devem ser muito indulgentes ou seria como dar um Roland (grande defensor dos cristãos contra os sarracenos na batalha de Roncesvalles, nas histórias sobre Carlos Magno) para cada Oliver (o amigo mais próximo de Roland). Meus caros, elas são muito mais rápidas na conversa, mas não faz parte da natureza das moças bonitas e dos sinos soarem com facilidade? Afinal, elas não podem ser tão más ou teriam se vingado das coisas cruéis que são ditas sobre elas. Se são um pouco arbitrárias, seus maridos não devem ser tão vítimas assim ou teriam certamente senso suficiente para segurar a língua delas. Os homens não temem que se saiba que são governados pelas esposas, e tenho certeza que os velhos ditados não passam de zombaria, pois se fossem verdadeiros, os homens jamais ousariam admiti-los.
A verdadeira esposa é a melhor parte de seu marido, seu encanto, sua flor de beleza, seu anjo guardião, o tesouro do seu coração. Ele diz a ela: “Com você eu serei muito feliz. Eu escolhi você e me regozijo com isso. Em você encontrei a alegria de espírito. A escolha de Deus é minha alegria”. Em sua companhia ele encontra seu paraíso na terra; ela é a luz do lar, o conforto da sua alma e (para este mundo) o âmago do seu conforto. Por mais que tenha fortuna, ele só será rico enquanto ela viver. Sua costela é o melhor osso do seu corpo.
O homem que casa com uma mulher amorosa
Seja o que lhe acontecer na vida,
Suporta tudo;
Mas o que encontra uma companheira maldosa,
Nenhum bem pode entrar pelo seu portão e Sua taça estará cheia de fel.
Um bom marido faz uma boa esposa. Alguns homens não conseguem se realizar nem com esposas nem sem elas; eles são infelizes sozinhos naquilo que chamamos de celibato e, quando casam, seu lar é infeliz. Eles são como o cão do Tompkin que não acha o caminho de volta quando sai e uiva quando está preso. Bacharéis felizes são como maridos felizes, e um marido feliz é o mais feliz dos homens. Um casal bem entrosado carrega uma vida de felicidade, assim como dois espiões carregam os cachos de uva. Eles são um casal de pássaros do paraíso. Eles multiplicam suas alegrias ao compartilhá-las e diminuem suas dificuldades ao dividi-las; isso é excelência em matemática. O vagão do carinho desliza suave enquanto eles se atraem reciprocamente; e quando ele se arrasta de forma mais vagarosa ou aparece um obstáculo em algum ponto, eles se amam ainda mais e, assim, tornam o trabalho mais leve.
Quando um casal se separa há sempre erros dos dois lados, e geralmente na mesma proporção. Com freqüência, quando um lar é infeliz, o erro é tanto do marido como da esposa; a culpa é tanto de Darby como de Joan (Darby & Joan uma canção muito conhecida por volta de 1820). Se o marido não guarda o açucareiro no guarda-louça, não é de se admirar que a esposa fique azeda. A falta de pão traz falta de amor; se a carne for magra, os cachorros brigam. A pobreza do lar geralmente faz com que o homem carregue o lar nas costas, porque não é muito comum a mulher sair para trabalhar por salário. Um conhecido nosso deu a sua mulher um anel com a seguinte gravação: “Se você não trabalhar, não poderá comer”. Ele era um bruto. Não é função dela trazer a farinha para casa, ela precisa usar bem a farinha e não desperdiçá-la. Por esse motivo, digo que as coisinhas simples não são erro dela. Não é ela quem sustenta a família, mas sim quem faz o pão. Ela ganha mais em casa do que qualquer salário que pudesse conseguir fora.
Não é a esposa que fuma e bebe o salário no “Urso Marrom” ou no “Beberrões Felizes”. Às vezes, vemos uma mulher bêbada, e é uma visão horrível; mas em 99% dos casos, é o homem que fica embriagado e abusa das crianças – a mulher raramente faz isso. A labuta da esposa é abstêmia, quer ela goste, quer não, e também tem abundância de água quente e fria. As mulheres são pegas em erro porque sempre olham dentro dos copos, mas isso não é tão ruim como fazem os homens que afogam seus sentimentos no copo. As esposas não se sentam embriagadas na lareira do bar; elas, pobres criaturas, ficam em casa com frio, cuidando das crianças, olhando para o relógio (se houver um), querendo saber quando seus donos e senhores virão para casa e chorando enquanto esperam. Surpreende-me que não façam greve. Algumas delas ficam tão tristes como o besouro preso com um alfinete ou um rato na boca de um gato. Elas têm de cuidar da menina doente, e banhar o garoto sujo, e tolerar choro e barulho das crianças, enquanto seu dono coloca o chapéu, acende o cachimbo e sai para cuidar do próprio prazer ou chega na hora que quer criticando a pobre mulher por não ter preparado para ele um jantar excelente. Como poderia ele esperar ser alimentado como um galo de briga, quando trouxe para casa tão pouco dinheiro na noite de domingo e gastou tanto paparicando o Sr.João Grão de Cevada? Digo, e estou certo disso, há muitas casas onde não haveria esposas ralhando, se não houvesse um marido covarde e beberrão. Os companheiros não se importam em ser criticados por beber e bebem até ficar embriagados, depois, voltam em seus pangarés por não terem mais nada para gastar. Não me digam, eu sei e sustento isso –a mulher não pode evitar sentir-se vexada quando, com todos seus remendos e esforços, não consegue manter o lar porque seu marido não a ajuda na tarefa. Todos ficaríamos irritados se tivéssemos de fazer tijolo sem barro, manter a panela fervendo sem fogo e pagar o tocador de gaita com a bolsa vazia. O que ela pode conseguir do fogão quando não tem nem cereal nem farinha? Vocês, maus maridos, são autênticos covardes e deveriam ser pendurados pelos calcanhares até aprenderem alguma coisa.
Dizem que um homem de palha vale mais que uma mulher de ouro, mas não consigo engolir isso, um homem de palha não vale mais que uma mulher de palha. Deixemos que os velhos ditados fiquem como querem, via de regra, o Jack não é melhor que a Jill. Quando há sabedoria no marido, normalmente há gentileza na esposa; e o antigo desejo das bodas funcionou para eles: “Um ano de alegria, outro de conforto e todo o resto de contentamento”. Onde houver concordância de corações, aí está a alegria. Apenas a morte separa corações unidos. Dizem que o casamento nem sempre é um período feliz, mas é com muita freqüência um período de frustração; bem, se for assim, o paletó e o colete têm tanto a ver com ele quanto o vestido e a combinação. A lua de mel não precisa terminar; e se termina, quase sempre o erro é do marido por comer todo o mel e não deixar nada a não ser a luz da lua. O viver é substancioso quando ambos concordam que venha o que vier da lua manterão sua cota de mel.
Quando um homem vive com a cara arranhada, ou sua esposa não se casou com um homem, ou ele não se casou com uma mulher. Se um homem não pode tomar conta de si mesmo, seu juízo é tão escasso como o pêlo de um cachorro azul. Não tenho pena da maior parte dos homens mártires; guardo minha piedade para as mulheres. Quando Dunmow perde o porco cevado, nenhum dos dois come bacon; mas provavelmente é a mulher quem mais fará abstinência na falta dele.
Cada arenque precisa ser pescado pela própria guelra, e cada pessoa precisa levar em conta sua parte nas brigas no lar; mas João Lavrador não pode tolerar ver toda a responsabilidade posta apenas sobre as mulheres. Quando se quebra um prato, foi o gato quem fez, e quando acontecem injúrias, há sempre uma mulher no centro da questão: eis duas mentiras tão bonitas como as que vocês ajuntam durante o mês. Há uma “causa” para cada “efeito”, mas a causa para a falta de suprimento da família nem sempre está com a dona da casa. Sei que algumas mulheres têm línguas compridas, e os maridos, por compaixão, deviam deixá-las continuar assim. E por falar nisso, basta olhar dentro de um bar, quando os queixos dos homens estão bem estimulados pelo licor, se alguma mulher no mundo conseguir falar mais rápido ou ser mais estúpida do que eles, meu nome não é João Lavrador.
Quando eu já estava nesse ponto, nosso ministro me disse: “João, você conseguiu um assunto difícil, um tendão de Aquiles para você; vou lhe mandar um livro raro para ajudá-lo com o estilo”. “Bem, senhor”, disse eu, “uma pequena ajuda vale muito na busca de erros, e ficarei muitíssimo agradecido ao senhor”.
Ele me enviou o Wedding Ring [Anel de casamento], de William Secker, um camarada realmente sábio. Não pude fazer nada além de selecionar alguns de seus tópicos fundamentais; eles são cheios de sabor e, por isso, devem ser memorizados. Ele diz: “Você tem um coração suave? Deus quebrantou-o. Tem uma esposa doce? Ela é obra de Deus. Os hebreus afirmam: ‘Quem não tem uma mulher não é homem’. Mesmo que possa ser bom um homem sozinho, não deveria ser bom que o homem fosse sozinho. Toda a dádiva boa e todo presente perfeito vem de cima”. Uma esposa mesmo não sendo um presente perfeito, é um bom presente, uma lança arremessada do Sol da misericórdia. Como seriam felizes os casamentos se Cristo estivesse nas bodas! Não deixe ninguém, a não ser os que encontraram a graça nos olhos do Senhor encontrar a graça nos seus. Os maridos devem espalhar o manto da caridade sobre as fraquezas de suas esposas. Não destrua a vela por causa do pavio. Os maridos e as esposas devem se estimular para amar um ao outro e devem se amar ao resistir às provocações. A árvore do amor deve crescer no seio da família, como a árvore da vida cresceu no jardim do Éden. Devotos dedicados são uma benção; crianças gentis uma benção ainda maior; mas uma boa esposa é a maior das bênçãos; e isso faz com que o que deseja uma esposa a procure; deixem que o que a perdeu suspire por ela; deixem que o que desfruta da alegria de ter uma se deleite com ela.
Como dizem, para rebaixar-se da carne assada do velho puritano ao meu pote de ervas ou para pôr o Joãozinho depois dos cavalheiros, lhes contarei minha experiência. Minha experiência com minha primeira esposa, que eu espero que viva para ser a última, foi assim: o matrimônio veio do paraíso e levou a ele. Eu nunca senti nem metade da felicidade que sinto hoje antes de ser um homem casado. Quando você se casa, sua felicidade começa. Não tenho dúvida de que onde há muito amor, há muito para se amar; e onde o amor é limitado, os erros proliferam. Se houver apenas uma boa esposa na Inglaterra, eu sou o homem que pôs o anel em seu dedo, e que ela o possa usar por muito tempo. Deus abençoe essa alma querida, que ela permaneça ao meu lado, pois eu nunca a afastarei.
Se eu não fosse casado e encontrasse uma companheira adequada, casaria amanhã de manhã, antes do café da manhã. O que vocês acham disso? Alguém diz: “Penso que João Lavrador casaria de novo se ficasse viúvo”. Bem, e se ele ficasse viúvo de que forma ele poderia mostrar melhor que foi feliz com sua primeira esposa? Eu declaro que não alegarei, como fazem alguns, que me caso para ter alguém para cuidar das crianças; eu me casaria para ter alguém para cuidar de mim; João Lavrador é um homem com muitas atividades e não poderia cuidar de uma casa sozinho. O homem que casa pela quarta esposa manda gravar na aliança —
Se eu sobreviver,
eu chegarei à quinta.
Que velho Barba-Azul! Os casamentos são feitos no céu, o matrimônio em si é bom, mas há tolos que transformam carne em veneno e benção em maldição. Pedley disse: “Essa corda é boa, vou enforcar-me com ela”. Um homem que procurou sua esposa em Deus e casou-se com ela pelo seu caráter, não apenas por sua aparência, fez uma escolha que será abençoada. Os que unem seu amor em Deus, que oram por amar e amam orar, descobrem que o amor e a alegria nunca cansam.
O que respeita a esposa descobre que ela o respeita. Ele é avaliado pelo mesmo parâmetro que avalia, boa medida imposta e válida. O marido que consulta a esposa tem um bom conselheiro. Ouvi nosso ministro dizer: “A intuição feminina é quase sempre mais correta que a razão masculina”; elas se atiram de imediato em uma coisa e ficam sábias de repente. Diga o que disser do conselho de sua esposa é bem provável que você se arrependa se não o escutar. Quem fala mal das mulheres deve se lembrar do peito que o alimentou e se envergonhar de si mesmo Quem trata mal a esposa deve ser chicoteado na parte de trás da carroça, e vocês nem imaginam como eu gostaria de dar uma coça nessa pessoa! Eu apenas espantaria uma ou duas moscas, confiem em mim em relação a isso. Assim não há mais nada para o momento, como disse o telheiro quando clareou cada prato da mesa.
C.H. Spurgeon
É impressionante quantos velhos ditados existem contra as esposas, há dezenas deles. Anos atrás, os homens mostravam o lado rude de suas línguas toda vez que falavam de suas esposas. Alguns desses ditados são até mesmo chocantes; como aquele muito maldoso que diz: “Todo homem passa dois dias bons com a esposa: o dia em que se casa com ela e o dia em que a enterra”, e aquele outro: “Quem perde a esposa e um centavo sofre uma grande perda com o centavo”.
Lembro-me de uma velha balada que Gaffer Brooks costumava cantar sobre o homem que estava melhor enforcado que casado, o que demonstra como era comum criticar a vida de casado. Nem seria bom imprimi-la, mas aqui está ela ou o que dela ficou mais vivo em minha lembrança:
Havia uma vítima em uma carroça, a um dia de ser enforcada,
A pena foi suspensa por um tempo, E a carroça foi parada.
Case e salve sua vida,
Gritou o juiz em voz alta;
Oh, por que deveria eu corromper minha vida?
Respondeu a vítima.
Aqui há uma multidão heterogênea,
Por que iria eu evitar a diversão?
Pechinchar é difícil em todo lugar, e a esposa é o pior condutor de carroça.
Bem, essa bobagem não prova que as mulheres são más, mas que seus maridos não servem para nada ou não diriam calúnias tão abomináveis sobre as companheiras. O galho mais podre arrebenta antes, e ao que parece o lado masculino da casa é o pior dos dois, por isso, com certeza ele faz os piores ditados. Não há dúvida houve algumas esposas extremamente más no mundo que provocaram tanto o homem a ponto de ele dizer: “Se uma mulher fosse tão pequena quanto é boa, a casca de uma ervilha serviria de vestido e de capuz para ela”. Mas quantos milhares de encontros providenciais valem mais que seu peso em ouro! Na Bíblia, há apenas uma mulher de Jó e uma Jezabel, mas uma quantidade sem-fim de Saras e Rebecas. Via de regra, penso como Salomão: “Quem encontra uma esposa encontra algo excelente”, os vizinhos sempre sabem se houver um centavo mal gasto na mercearia, mas o relatório não fala sobre os milhares bem gastos. Uma boa mulher não faz barulho, e nenhum alarido é feito sobre ela, mas uma mulher rabugenta é conhecida em toda a igreja. Elas são as criaturas mais angelicais do mundo quando as recebemos como esposas em tudo e por tudo, e a maioria delas é boa demais para os maridos que tem.
A crédito das mulheres já é muito dizer que há alguns velhos ditados contra os maridos, apesar de, nesse caso, os direitos serem os mesmos para todos, e a égua ter as mesmas razões que o cavalo para dar coices. Mas eles devem ser muito indulgentes ou seria como dar um Roland (grande defensor dos cristãos contra os sarracenos na batalha de Roncesvalles, nas histórias sobre Carlos Magno) para cada Oliver (o amigo mais próximo de Roland). Meus caros, elas são muito mais rápidas na conversa, mas não faz parte da natureza das moças bonitas e dos sinos soarem com facilidade? Afinal, elas não podem ser tão más ou teriam se vingado das coisas cruéis que são ditas sobre elas. Se são um pouco arbitrárias, seus maridos não devem ser tão vítimas assim ou teriam certamente senso suficiente para segurar a língua delas. Os homens não temem que se saiba que são governados pelas esposas, e tenho certeza que os velhos ditados não passam de zombaria, pois se fossem verdadeiros, os homens jamais ousariam admiti-los.
A verdadeira esposa é a melhor parte de seu marido, seu encanto, sua flor de beleza, seu anjo guardião, o tesouro do seu coração. Ele diz a ela: “Com você eu serei muito feliz. Eu escolhi você e me regozijo com isso. Em você encontrei a alegria de espírito. A escolha de Deus é minha alegria”. Em sua companhia ele encontra seu paraíso na terra; ela é a luz do lar, o conforto da sua alma e (para este mundo) o âmago do seu conforto. Por mais que tenha fortuna, ele só será rico enquanto ela viver. Sua costela é o melhor osso do seu corpo.
O homem que casa com uma mulher amorosa
Seja o que lhe acontecer na vida,
Suporta tudo;
Mas o que encontra uma companheira maldosa,
Nenhum bem pode entrar pelo seu portão e Sua taça estará cheia de fel.
Um bom marido faz uma boa esposa. Alguns homens não conseguem se realizar nem com esposas nem sem elas; eles são infelizes sozinhos naquilo que chamamos de celibato e, quando casam, seu lar é infeliz. Eles são como o cão do Tompkin que não acha o caminho de volta quando sai e uiva quando está preso. Bacharéis felizes são como maridos felizes, e um marido feliz é o mais feliz dos homens. Um casal bem entrosado carrega uma vida de felicidade, assim como dois espiões carregam os cachos de uva. Eles são um casal de pássaros do paraíso. Eles multiplicam suas alegrias ao compartilhá-las e diminuem suas dificuldades ao dividi-las; isso é excelência em matemática. O vagão do carinho desliza suave enquanto eles se atraem reciprocamente; e quando ele se arrasta de forma mais vagarosa ou aparece um obstáculo em algum ponto, eles se amam ainda mais e, assim, tornam o trabalho mais leve.
Quando um casal se separa há sempre erros dos dois lados, e geralmente na mesma proporção. Com freqüência, quando um lar é infeliz, o erro é tanto do marido como da esposa; a culpa é tanto de Darby como de Joan (Darby & Joan uma canção muito conhecida por volta de 1820). Se o marido não guarda o açucareiro no guarda-louça, não é de se admirar que a esposa fique azeda. A falta de pão traz falta de amor; se a carne for magra, os cachorros brigam. A pobreza do lar geralmente faz com que o homem carregue o lar nas costas, porque não é muito comum a mulher sair para trabalhar por salário. Um conhecido nosso deu a sua mulher um anel com a seguinte gravação: “Se você não trabalhar, não poderá comer”. Ele era um bruto. Não é função dela trazer a farinha para casa, ela precisa usar bem a farinha e não desperdiçá-la. Por esse motivo, digo que as coisinhas simples não são erro dela. Não é ela quem sustenta a família, mas sim quem faz o pão. Ela ganha mais em casa do que qualquer salário que pudesse conseguir fora.
Não é a esposa que fuma e bebe o salário no “Urso Marrom” ou no “Beberrões Felizes”. Às vezes, vemos uma mulher bêbada, e é uma visão horrível; mas em 99% dos casos, é o homem que fica embriagado e abusa das crianças – a mulher raramente faz isso. A labuta da esposa é abstêmia, quer ela goste, quer não, e também tem abundância de água quente e fria. As mulheres são pegas em erro porque sempre olham dentro dos copos, mas isso não é tão ruim como fazem os homens que afogam seus sentimentos no copo. As esposas não se sentam embriagadas na lareira do bar; elas, pobres criaturas, ficam em casa com frio, cuidando das crianças, olhando para o relógio (se houver um), querendo saber quando seus donos e senhores virão para casa e chorando enquanto esperam. Surpreende-me que não façam greve. Algumas delas ficam tão tristes como o besouro preso com um alfinete ou um rato na boca de um gato. Elas têm de cuidar da menina doente, e banhar o garoto sujo, e tolerar choro e barulho das crianças, enquanto seu dono coloca o chapéu, acende o cachimbo e sai para cuidar do próprio prazer ou chega na hora que quer criticando a pobre mulher por não ter preparado para ele um jantar excelente. Como poderia ele esperar ser alimentado como um galo de briga, quando trouxe para casa tão pouco dinheiro na noite de domingo e gastou tanto paparicando o Sr.João Grão de Cevada? Digo, e estou certo disso, há muitas casas onde não haveria esposas ralhando, se não houvesse um marido covarde e beberrão. Os companheiros não se importam em ser criticados por beber e bebem até ficar embriagados, depois, voltam em seus pangarés por não terem mais nada para gastar. Não me digam, eu sei e sustento isso –a mulher não pode evitar sentir-se vexada quando, com todos seus remendos e esforços, não consegue manter o lar porque seu marido não a ajuda na tarefa. Todos ficaríamos irritados se tivéssemos de fazer tijolo sem barro, manter a panela fervendo sem fogo e pagar o tocador de gaita com a bolsa vazia. O que ela pode conseguir do fogão quando não tem nem cereal nem farinha? Vocês, maus maridos, são autênticos covardes e deveriam ser pendurados pelos calcanhares até aprenderem alguma coisa.
Dizem que um homem de palha vale mais que uma mulher de ouro, mas não consigo engolir isso, um homem de palha não vale mais que uma mulher de palha. Deixemos que os velhos ditados fiquem como querem, via de regra, o Jack não é melhor que a Jill. Quando há sabedoria no marido, normalmente há gentileza na esposa; e o antigo desejo das bodas funcionou para eles: “Um ano de alegria, outro de conforto e todo o resto de contentamento”. Onde houver concordância de corações, aí está a alegria. Apenas a morte separa corações unidos. Dizem que o casamento nem sempre é um período feliz, mas é com muita freqüência um período de frustração; bem, se for assim, o paletó e o colete têm tanto a ver com ele quanto o vestido e a combinação. A lua de mel não precisa terminar; e se termina, quase sempre o erro é do marido por comer todo o mel e não deixar nada a não ser a luz da lua. O viver é substancioso quando ambos concordam que venha o que vier da lua manterão sua cota de mel.
Quando um homem vive com a cara arranhada, ou sua esposa não se casou com um homem, ou ele não se casou com uma mulher. Se um homem não pode tomar conta de si mesmo, seu juízo é tão escasso como o pêlo de um cachorro azul. Não tenho pena da maior parte dos homens mártires; guardo minha piedade para as mulheres. Quando Dunmow perde o porco cevado, nenhum dos dois come bacon; mas provavelmente é a mulher quem mais fará abstinência na falta dele.
Cada arenque precisa ser pescado pela própria guelra, e cada pessoa precisa levar em conta sua parte nas brigas no lar; mas João Lavrador não pode tolerar ver toda a responsabilidade posta apenas sobre as mulheres. Quando se quebra um prato, foi o gato quem fez, e quando acontecem injúrias, há sempre uma mulher no centro da questão: eis duas mentiras tão bonitas como as que vocês ajuntam durante o mês. Há uma “causa” para cada “efeito”, mas a causa para a falta de suprimento da família nem sempre está com a dona da casa. Sei que algumas mulheres têm línguas compridas, e os maridos, por compaixão, deviam deixá-las continuar assim. E por falar nisso, basta olhar dentro de um bar, quando os queixos dos homens estão bem estimulados pelo licor, se alguma mulher no mundo conseguir falar mais rápido ou ser mais estúpida do que eles, meu nome não é João Lavrador.
Quando eu já estava nesse ponto, nosso ministro me disse: “João, você conseguiu um assunto difícil, um tendão de Aquiles para você; vou lhe mandar um livro raro para ajudá-lo com o estilo”. “Bem, senhor”, disse eu, “uma pequena ajuda vale muito na busca de erros, e ficarei muitíssimo agradecido ao senhor”.
Ele me enviou o Wedding Ring [Anel de casamento], de William Secker, um camarada realmente sábio. Não pude fazer nada além de selecionar alguns de seus tópicos fundamentais; eles são cheios de sabor e, por isso, devem ser memorizados. Ele diz: “Você tem um coração suave? Deus quebrantou-o. Tem uma esposa doce? Ela é obra de Deus. Os hebreus afirmam: ‘Quem não tem uma mulher não é homem’. Mesmo que possa ser bom um homem sozinho, não deveria ser bom que o homem fosse sozinho. Toda a dádiva boa e todo presente perfeito vem de cima”. Uma esposa mesmo não sendo um presente perfeito, é um bom presente, uma lança arremessada do Sol da misericórdia. Como seriam felizes os casamentos se Cristo estivesse nas bodas! Não deixe ninguém, a não ser os que encontraram a graça nos olhos do Senhor encontrar a graça nos seus. Os maridos devem espalhar o manto da caridade sobre as fraquezas de suas esposas. Não destrua a vela por causa do pavio. Os maridos e as esposas devem se estimular para amar um ao outro e devem se amar ao resistir às provocações. A árvore do amor deve crescer no seio da família, como a árvore da vida cresceu no jardim do Éden. Devotos dedicados são uma benção; crianças gentis uma benção ainda maior; mas uma boa esposa é a maior das bênçãos; e isso faz com que o que deseja uma esposa a procure; deixem que o que a perdeu suspire por ela; deixem que o que desfruta da alegria de ter uma se deleite com ela.
Como dizem, para rebaixar-se da carne assada do velho puritano ao meu pote de ervas ou para pôr o Joãozinho depois dos cavalheiros, lhes contarei minha experiência. Minha experiência com minha primeira esposa, que eu espero que viva para ser a última, foi assim: o matrimônio veio do paraíso e levou a ele. Eu nunca senti nem metade da felicidade que sinto hoje antes de ser um homem casado. Quando você se casa, sua felicidade começa. Não tenho dúvida de que onde há muito amor, há muito para se amar; e onde o amor é limitado, os erros proliferam. Se houver apenas uma boa esposa na Inglaterra, eu sou o homem que pôs o anel em seu dedo, e que ela o possa usar por muito tempo. Deus abençoe essa alma querida, que ela permaneça ao meu lado, pois eu nunca a afastarei.
Se eu não fosse casado e encontrasse uma companheira adequada, casaria amanhã de manhã, antes do café da manhã. O que vocês acham disso? Alguém diz: “Penso que João Lavrador casaria de novo se ficasse viúvo”. Bem, e se ele ficasse viúvo de que forma ele poderia mostrar melhor que foi feliz com sua primeira esposa? Eu declaro que não alegarei, como fazem alguns, que me caso para ter alguém para cuidar das crianças; eu me casaria para ter alguém para cuidar de mim; João Lavrador é um homem com muitas atividades e não poderia cuidar de uma casa sozinho. O homem que casa pela quarta esposa manda gravar na aliança —
Se eu sobreviver,
eu chegarei à quinta.
Que velho Barba-Azul! Os casamentos são feitos no céu, o matrimônio em si é bom, mas há tolos que transformam carne em veneno e benção em maldição. Pedley disse: “Essa corda é boa, vou enforcar-me com ela”. Um homem que procurou sua esposa em Deus e casou-se com ela pelo seu caráter, não apenas por sua aparência, fez uma escolha que será abençoada. Os que unem seu amor em Deus, que oram por amar e amam orar, descobrem que o amor e a alegria nunca cansam.
O que respeita a esposa descobre que ela o respeita. Ele é avaliado pelo mesmo parâmetro que avalia, boa medida imposta e válida. O marido que consulta a esposa tem um bom conselheiro. Ouvi nosso ministro dizer: “A intuição feminina é quase sempre mais correta que a razão masculina”; elas se atiram de imediato em uma coisa e ficam sábias de repente. Diga o que disser do conselho de sua esposa é bem provável que você se arrependa se não o escutar. Quem fala mal das mulheres deve se lembrar do peito que o alimentou e se envergonhar de si mesmo Quem trata mal a esposa deve ser chicoteado na parte de trás da carroça, e vocês nem imaginam como eu gostaria de dar uma coça nessa pessoa! Eu apenas espantaria uma ou duas moscas, confiem em mim em relação a isso. Assim não há mais nada para o momento, como disse o telheiro quando clareou cada prato da mesa.
C.H. Spurgeon
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