terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Conselhos de quem viveu e atravessou o deserto do repúdio e da prisão espiritual

O maior desafio de um cônjuge cristão repudiado não é cicatrizar as feridas causadas pelo repúdio, nem muito menos ter forças para recomeçar a vida sentimental com uma nova pessoa.

No mundo atual há ofertas diversas de caminhos para a cura emocional, psicológica e muitas promessas de cura espiritual. Há pessoas sozinhas, divorciadas, separadas, ou até mesmo solteiras, desejando encontrar alguém, “uma cara metade” para compartilhar dos momentos felizes. A questão crucial e importante não é essa.

O grande desafio de um cristão repudiado é compreender corretamente tudo o que se passa na sua trajetória de vida familiar; compreender a mente, o coração e o espírito de uma pessoa que tomou a decisão de repudiar o lar, a família; e seguir a “vida” longe da aliança matrimonial que, outrora, prometera fidelidade e amor.

A ideia do repúdio, alimentada no coração, já caracteriza que a tal pessoa se afastou do Espírito Santo. Os minutos que a separarão da ação serão rápidos. As consequências do repúdio podem passar pela audiência do divórcio e até enveredar pelo novo “casamento” civil do marido ou da esposa com um novo indivíduo (chamado na Bíblia de estranho, adúltero, prostituto).

O que sucede o repúdio, de forma automática, é a prisão espiritual, onde a pessoa aprisionada só enxerga a si mesma, os seus projetos pessoais, a própria felicidade. Ela não deseja mais que a família participe dos novos sonhos, porque esta faz parte do projeto passado que não deu certo, fracassado, frustrado.

Quem repudia o faz ou porque viu no outro defeitos, erros insustentáveis; ou porque o próprio pecado o convidou a uma nova história, independentemente se houve motivos graves e aparentes que o levasse a tomar tal decisão. A mente fica cauterizada, irredutível, fechada a qualquer possibilidade de reconciliação. Ela foge também do acesso ao confronto, especialmente, pela Palavra de DEUS (por isso não adianta doutrinar uma mente contaminada pelo pecado, fazer a todo custo que ela entenda e admita que o que está fazendo é errado aos olhos de DEUS). Um coração duro não aceita ser confrontado; antes se enclausura dentro de um mundo exclusivo, criado por ele mesmo, e que só entrará quem a pessoa aprisionada quiser e admitir. Quem não aceitar as novas regras não fará parte desse mundo. Quem aplaudir será sempre bem-vindo.

O repúdio não necessariamente é uma questão de caráter, como afirmam alguns. Esse traço da personalidade passa a existir, quando o indivíduo permite que o pecado habite em seu coração. Ou seja, é o pecado que distorce o caráter e a personalidade de uma pessoa, cegando-a e aprisionando-a.

Estamos diante agora de um marido ou de uma esposa que outrora era muito bom (ou boa) e, de uma hora para outra, tornou-se uma pessoa má, com sede pelo pecado. O leão do pecado, que antes rugia longe do cristão, porque a ele não tinha acesso, agora passa a rugir dentro dele, no próprio coração.

Como tratar uma pessoa com essas características horrendas e diabólicas, sabendo que, ainda que ela se encontre nesse estado abominável, com ela se mantém uma aliança de casamento, que só será desfeita na morte?

Se o cônjuge vítima do repúdio passa a ter um entendimento espiritual correto de tudo o que acontece no seio familiar, especialmente na condição espiritual do outro, seguramente saberá se posicionar e não desistirá dessa grande batalha.

A fonte do entendimento nos levará a conhecer alguns caminhos importantes:

 1. O respeito à liberdade de escolha do outro. Não se pode forçar, obrigar ninguém a viver conosco. Às vezes um pai diz a um filho (ao saber que este que transitar por um caminho errado): “Filho não vá, não faça tal coisa porque isso vai lhe prejudicar”. Ainda assim, consideremos que o filho quer a todo custo fazer o que considera certo. Deixe-o fazer! Não force uma situação nem insista mais. Será preciso deixá-lo ir. O ser humano, muitas vezes, só sabe que o esterco não presta, que faz mal, quando ele sente a necessidade de provar. E ele precisará provar. Respeitar a decisão do outro é um conselho bíblico, presente em 1 Coríntios 7:15, como também na Parábola do Filho Pródigo. Quando os filhos de Israel quiseram adorar outros deuses, DEUS não colocou uma corda no pescoço deles, forçando-os a não fazerem tal coisa. DEUS não obriga ninguém a obedecê-LO. Nem você vai obrigar essa convivência. Se assim fizer, vai se sujeitar a maus tratos.

2. Respeitar, mas não desistir. DEUS respeitou e respeita as escolhas, mas não desiste dos filhos a quem ELE tem promessa. O fato de um cônjuge estar no pecado do adultério e com o coração duro, não significa que ele vai morrer assim, que já está condenado ao inferno. Se o teu cônjuge tem promessas de DEUS, o SENHOR vai resgatá-lo do inferno, que ele queira, que ele não queira. Não tenha dúvidas disso. Se ele não for um escolhido de DEUS, se o SENHOR não for salvá-lo, ele morrerá no pecado. Mas a salvação, assim como o tempo e os desígnios, pertence ao SENHOR. A igreja precisa aprender a esperar pelas respostas DELE; e jamais se precipitar em atitudes ou em julgamentos. O que é do SENHOR, voltará; sem importar o tempo que levará para acontecer. Tenho, ao longo do tempo, pedido a igreja a conhecer e a viver um atributo especialíssimo de DEUS: o de não desistir de ninguém. Quem desiste do cônjuge, perde a autoridade espiritual de falar do amor de DEUS para uma pessoa mundana, de evangelizá-la, porque será uma pregação vã, sem efeito na vida de quem está evangelizando. Como posso dizer a um perdido que JESUS o ama, se este mesmo amor não foi verdadeiro na minha relação com o meu cônjuge? Além de que abre um forte precedente de sermos rejeitados igualmente, porque com a mesma medida que medimos o outro, seremos medidos. O SENHOR honra aqueles que perseveram até o fim, não somente para a salvação, como já bem conhecemos em Sua Palavra, como para uma restauração familiar.

3. Os estágios da prisão espiritual. Um indivíduo preso espiritualmente no pecado sexual torna-se cativo daquilo que está no coração dele. As correntes desse tipo de prisão se tornam mais fortes à medida que compreendemos que é o coração impuro juntamente com todo o revestimento carnal que passam a comandar as atitudes daquela pessoa. Enquanto o prazer sexual lícito abençoa, o prazer ilícito escraviza. O primeiro estágio então é o do prazer, o da novidade. Tudo que é novo e ilícito enfeitiça os olhos, deixando a mente mais cauterizada ainda. O homem (no sentido geral) não consegue pensar e fazer outra coisa senão em estar nos braços do pecado. E ninguém que se atreva a interrompê-lo ou a fazê-lo parar. Depois, tudo o que um dia foi novo e interessante, aos poucos, vai se tornando desinteressante. O corpo já foi muito usado sexualmente (está desgastado) e o prazer já não é o mesmo. Chegará o tempo em que os filhos da promessa serão profundamente confrontados. O Espírito Santo trata de fazer isso. DEUS não deixa um escolhido DELE entregue ao pecado por toda a vida (assim não seria escolhido). Ou seja, há um tempo e um limite estabelecido pelo PAI. O corpo e a mente começam a ficar exaustos de tanto sexo e de tanto pecado. A amante, que antes se sentia a melhor e a mais valorizada, começará a ser vista desprezivelmente. Um olhar sensato ressuscitará e se voltará para a família de origem: os filhos e a esposa (ou o marido) que outrora foram desprezados. DEUS vai purificando a alma do opresso, libertando-o. O que antes se fazia deliberadamente, passa a ser feito com reservas e ressalvas, com muita dor e constrangimento. DEUS começará a cobrar atitudes corretas. Nesse momento, há uma grande luta interior estabelecida, um enorme confronto, que só é percebido por DEUS: “sei que estou errado, que aqui não é o meu lugar. Então, meu Deus, ajuda-me a fazer o que é certo”. A pessoa vai lutar contra a própria carne e vontade e ainda vai cair algumas vezes; vai fazer de tudo o que pode para não atender mais as ligações da estranha nem de ir mais a motéis; porém, algumas vezes, ainda sairá derrotado. O pecado agora perderá a feição de algo prazeroso e despertará a ânsia de vômito. Sabe o que é comer carne de urubu, sabendo que é carne de urubu? O homem saberá e ainda comerá. Digerir esse tipo de alimento provocará grande repulsa e esvaziará o espaço antes controlado pelo pecado. No caso do Filho Pródigo foi a comida de porcos. Uma vez eu clamei a DEUS: “Senhor, me liberta dessa podridão!”. Mas no mesmo dia ainda me vi fazendo tal coisa. Agora, imaginem como era dormir à noite…  Era tanto nojo e vergonha, que muitas vezes não encontrava forças nem para orar… Até que o Espírito Santo foi ocupando o lugar que antes era absolutamente do pecado.

4. Desenvolvendo a paciência pelo outro. Uma pessoa viciada, escravizada, é uma pessoa carente e desprovida do verdadeiro Amor. Se você sabe e enxerga que alguém está muito doente e tendo algumas reações estranhas, aí é que você não deverá desprezá-lo. Alguém, que é seu cônjuge, precisa de você, do seu amor, do amor de DEUS que está em você. Entenda isso. Deixe um pouco de lado os interesses de marido e de esposa, e passe a viver e a ajudar o outro como um irmão seu. Pense em alguém que está em estado de coma profundo, repleto de aparelhos, necessitado de orações e de ajuda… Você vai ajudar a desligar os aparelhos? É isso que DEUS quer de você? É tempo de desenvolver em si a paciência pelo outro. O amor de DEUS por nós é puro, não egoísta, sem interesse, e não nos cobra nada. ELE simplesmente e maravilhosamente nos ama. Assim também devemos amar o próximo. Se você perseverar nesse amor e nessa paciência, verá o milagre acontecer. Alguém vai olhar nos seus olhos, no futuro, e dizer: “Obrigado (a) por nunca ter desistido da minha vida. Agora sei o quanto me ama verdadeiramente”. O testemunho virá. Você só passou a reconhecer o Amor de DEUS por sua vida, depois que esse Amor foi experimentado em sua vida e você, verdadeiramente, foi liberto (a). O seu cônjuge será liberto pelo Amor de DEUS que há dentro de você. Eu fui liberto por aqueles que me amaram e nunca desistiram da minha vida. Hoje tenho obrigação moral de ensinar as pessoas a não desistirem de ninguém, muito menos das promessas de DEUS.

Atravessar o deserto não é fácil quando se está sozinho, sem apoio nem acompanhamento de uma pessoa ungida de DEUS, experiente no assunto. Ir a templos, assistir a cultos, não resolverá o problema nem trarão os benefícios dos quais você precisa. Infelizmente, as pessoas presas a esses lugares tendem a se envolver emocionalmente com a sua situação e a direcionar os conselhos, segundo a carne, por aquilo que é visto ou ouvido. Raras são as pessoas que se guardam da tristeza dos acontecimentos e orientam o necessitado segundo a visão espiritual do SENHOR. Elas querem te ver logo bem e feliz, e que esse seu sofrimento logo acabe. O que DEUS espera de você é o contrário disso: é o entendimento necessário, a fé, que te alimentarão em toda caminhada (e te farão amadurecer). Talvez, alguém no templo até ofereça ajuda a você. Mas, depois de perceber que o tempo passou e nada aconteceu, essa mesma pessoa poderá te aconselhar a recomeçar a sua vida com uma nova pessoa. É o que acontece quando fazemos algo esperando que DEUS resolva tudo em um tempo determinado por nós. DEUS não é regido pelo nosso relógio…

Agora preste bem atenção. Nesse texto reflexivo apenas um versículo bíblico foi citado (1 Coríntios 7:15). Acaso, as palavras aqui escritas não são da vontade e do coração de DEUS? Não é esse todo direcionamento que DEUS quer para a sua vida?

Então pare de questionar e passe a obedecer, a ter fé em DEUS, através de cada palavra publicada.

Certa vez, em um ônibus, em Pernambuco, ao regressar do meu ofício de Professor na época, falei muito de DEUS para uma pessoa sentada ao meu lado, sem sequer citar um único versículo bíblico. Ao final, a pessoa olhou para mim e disse: “Vejo em você o grande Amor de DEUS e o brilho do Espírito Santo” e se entregou ao SENHOR.

Esses são conselhos de quem atravessou todo o deserto e aprendeu que o Amor do SENHOR é suficiente para curar, libertar e trazer de volta a esperança de salvação. Fui e sou carregado pelos braços do meu PAI, ainda que, algumas vezes, eu me encontre O desagradando. Mas, como disse Paulo: “Prossigo para o alvo, deixando as coisas que para trás ficam. Prossigo em busca do prêmio da minha soberana vocação em CRISTO JESUS”.

Faça o mesmo e não tenha medo de nenhuma circunstância adversa que acaso você esteja atravessando. Ame o SENHOR acima de todas as coisas, invista no compromisso com o reino de DEUS; seja igreja e o SENHOR te acrescentará tudo o que você precisa.

Onde está mesmo isso na Bíblia? Posso não saber onde está exatamente, mas sei que esse é o pensamento do SENHOR para a minha e para a sua vida.

No Amor do SENHOR,

FERNANDO CÉSAR

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