quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Parceria Conjugal

Você já ouviu pelo menos uma destas declarações sobre o casamento?

*Um bom casamento seria entre um homem surdo e uma mulher cega.
*Um arqueólogo faz o melhor marido. Quanto mais velha ela fica, mais interessado ele se torna.
*Alguns casamentos foram feitos no céu, mas TODOS têm que ser mantidos na terra.
*Um casamento bem-sucedido não é sobre como achar a pessoa certa—é como SER a pessoa certa!
*Se a grama for mais verde do outro lado da cerca, pode ter certeza que a conta d’água também é maior.
*Casamento é como as moscas na tela da janela da cozinha.  As que estão dentro querem escapar, e as que estão fora querem entrar . . .

Todas elas são uma tentativa de definir o relacionamento conjugal. Mas, e Deus? Como o define? Como Deus descreve o relacionamento conjugal nas Escrituras? Como Ele caracteriza essa, a primeira e mais básica das instituições humanas? Às vezes ficamos tão preocupados em lidar com as situações matrimoniais diversas, que esquecemos de ensinar o padrão bíblico estabelecido por Deus.  Não deveríamos dar tanto enfoque às exceções e problemas que acontecem com vários casamentos, mas deveríamos focalizar o padrão original de Deus, exaltá-lo para nossos jovens, modelá-lo tanto quanto possível, e só então lidar com as exceções.

Num país onde o índice de casais divorciados cresce assustadoramente, a Igreja Evangélica precisa voltar às bases bíblicas e ensinar aos filhos de Deus os princípios para ajudar jovens a “peneirarem os candidatos” para o casamento, pais a orientarem seus filhos e casais a ajustarem seu relacionamento conforme a vontade de Deus. Um casamento feliz e duradouro não é nenhuma questão de “sorte” ou, como pensam outros, de se casar com a “alma gêmea”. Na verdade, um casamento feliz e duradouro acontece quando os cônjuges edificam seu lar segundo a vontade de Deus. No presente artigo não seria possível discorrer sobre todas as orientações que a Palavra de Deus nos dá sobre casamento, visto que há nela princípios para todas as situações no lar, mas gostaria de destacar três que servem de colunas para estruturar tanto casamentos futuros como casamentos já existentes.

I.  Casamento Bíblico é AUXÍLIO MÚTUO que precisa ser Resgatado pela Graça de Deus (Gn 2:15-18; 1:27,28; cf. 1 Co 7:1-5)
Ao ler o relato de Gênesis, imagine a cena:
Deus criou o mundo maravilhoso e nele plantou um belo jardim. Porém, logo Deus percebeu que “faltava” algo. Então Ele criou o homem a sua imagem e o pôs naquele lindo jardim com a missão de cultivá-lo e guardá-lo. Não demorou muito e Deus também percebeu que “faltava” algo para o homem que Ele havia criado. Não é bom que o homem esteja só, pensou Ele. O relato nos diz que primeiro tentou-se encontrar uma companheira para o homem dentre os animais já existentes. Porém, ao término do desfile dos animais, Adão não tinha encontrado uma parceria “idônea”. Então Deus o fez dormir e a partir de uma de suas costelas criou a mulher. Podemos dizer, portanto, que a mulher “nasceu da necessidade” do homem de ter uma companheira. Deus criou-a para ser auxiliadora do homem, o que significa que para ele a mulher é amparo, socorro e ajuda. O termo hebraico usado neste texto para a mulher como ajudadora é o mesmo empregado quando a Bíblia diz que Deus é ajudador. Ou seja, assim como Deus é um ajudador nobre e digno, a mulher também é digna e nobre no seu papel de auxiliadora. O texto também diz que Deus a fez idônea, ou seja, fê-la correspondente ao homem, porém um pouco diferente. É muito importante ressaltar que a mulher não foi feita “igual” ao homem e também não foi criada muito ‘diferente’ do homem. Na verdade, o plano de Deus é de que a mulher complemente o homem e este a complemente.

Para que ocorra esta complementação é necessário que haja auxílio mútuo dos cônjuges. O casal precisa reconhecer que um precisa do outro, que um preenche a lacuna do outro e, que sendo assim, o casamento não é lugar de competição, mas, sim, de cooperação. Há casais que tentam até mesmo eliminar as diferenças entre homem e mulher! Mas tentar fazer isso é querer destruir o plano de Deus, visto que foi Ele mesmo que planejou que estas diferenças entre homem e mulher existissem. Não há necessidade de se anular as diferenças! Na verdade, o casal que vive segundo os padrões de Deus reflete em seu relacionamento a glória de Deus. O casamento é o meio para o homem desfrutar de um relacionamento seguro e íntimo tal qual é o relacionamento das três pessoas na Trindade.


II.  Casamento Bíblico é AMIZADE MATRIMONIAL que precisa ser Resguardada contra ameaças (Pv 2:15-17; Ml 2:14)
O termo hebraico usado por Salomão para descrever o “amigo” da mocidade tem o sentido de “dócil, doado, amigo, íntimo que está totalmente à vontade, inocente, vulnerável”. Intimidade bíblica e total implica em inocência, vulnerabilidade, acesso e transparência. A intimidade assim ocorre quando duas pessoas ficam  totalmente expostas uma diante da outra.

Não é possível alguém se casar com uma pessoa que se enquadre na descrição de dócil, amiga e etc. se durante o namoro a amizade entre ambos não foi desenvolvida. E mesmo aqueles que se casaram tendo um bom nível de amizade correm o risco de vê-lo decrescer se esta amizade não continuar sendo cultivada. Durante o namoro o jovem tem a oportunidade de desenvolver uma amizade profunda com seu namorado(a). Usamos a palavra “desenvolver” porque na verdade a amizade tem de ser buscada e cultivada, ao contrário do que a mídia propõe ser algo que acontece! E o primeiro passo para um jovem se tornar amigo de seu futuro cônjuge é se conscientizar e determinar que ele pertence a outro. No  seu coração, sugerimos que o jovem faça um voto de pertencer exclusivamente ao seu futuro cônjuge. Ele pode confiar na soberania de Deus de que a sua “princesa encantada” já está a sua espera. A jovem pode ter certeza de que ela pertence àlgum “príncipe encantado”, que logo estará saindo numa longa (ou curta) viagem ao encontro dela. E por isso ela não precisa sair quinze minutos antes que ele chegue para “ficar” com alguma rã que nunca será príncipe! Com esta confiança e dependência na Soberania de Deus será natural para o (a) jovem peneirar bem as (os) candidatas (os) que aparecerem ao longo do caminho. Outra sugestão é de que o jovem pode fazer uma  lista das qualidades que ele deseja no seu futuro cônjuge e orar sobre elas. Esta medida simples prepara o jovem para avaliar-se a si mesmo quanto a estas qualidades e para um futuro diálogo franco com seu candidato a cônjuge. Acima de tudo o jovem não precisa ser  precipitado e nem sair desesperado para se  casar! É  muito melhor ser solteiro e feliz no serviço de Jesus, do que se casar e viver infeliz  num jugo desigual. Os pais têm um papel fundamental neste quesito. Pela orientação da Palavra de Deus eles podem preparar seus filhos para o casamento. Ensinando-lhes princípios de namoro e orando pelo futuro cônjuge de seus filhos, os pais “guardarão” o coração deles.  Sugerimos que os pais conversem com seus filhos sobre seus relacionamentos. Deixem um exemplo de amizade conjugal com seu cônjuge ao qual eles poderão seguir e imitar. Quando os filhos percebem que seus pais se amam, eles serão mais seguros para desenvolver o mesmo tipo de relacionamento com seus cônjuges.

Todavia, os filhos somente se convencerão de que seus pais realmente são amigos e se amam se perceberem os sinais visíveis desta “amizade conjugal”. Os sinais claros da amizade conjugal são demonstrados pelo tempo em que os pais gastam juntos conversando e também orando. Também os filhos devem saber que, mesmo se obstáculos entre os pais forem erguidos por algum motivo, estes serão retirados o mais rápido possível para que se preserve o amor e a amizade no casamento. Os filhos não devem saber somente que seus pais erram, mas devem também saber que eles se arrependem de seus erros e se perdoam mutuamente. E encorajamos aos casados de que para gastar tempo juntos não será preciso mudanças radicais em suas agendas. Basta aproveitar bem o tempo das refeições, procurar dormirem sempre juntos (é incrível o números de cônjuges que sempre vão para o quarto adormecerem sozinhos!). O casal deve planejar um tempo para saírem com o propósito de “namorarem como antigamente”. Também seria muito bom o casal praticar algum hobby juntos. A manutenção da amizade no casamento não tem apenas o objetivo de “guardar o coração dos filhos”. Na verdade, a manutenção da amizade no casamento se transforma em um verdadeiro escudo contra as duas principais ameaças que rondam qualquer casamento: a traição e o divórcio.

Um casamento sem amizade conjugal torna-se um relacionamento frio e expõe os cônjuges à tentação de quererem encontrar uma pessoa “mais interessante” só pela possibilidade de que ela lhe dê mais atenção. A amizade é o combustível que mantém acesa a chama da confiança e intimidade. Já foi comprovado que um dos motivos sempre presentes em um divórcio é o fato de que deixaram de ser amigos!  

III.  Casamento Bíblico é ACORDO MINISTERIAL que precisa ser Relembrado  (2 Co 6:14-16)
Neste último princípio, queremos lembrar aos casados e aos futuros casais de que o casamento não visa apenas realização pessoal de cada cônjuge e com isso o alcance da alegria. O casamento conforme a perspectiva bíblica visa um propósito muito maior: promover o Reino de Deus. Normalmente o texto de 2 Co 6.14-15 é exposto e sempre ressaltado como advertência contra o namoro com incrédulos ou talvez como advertência contra uma sociedade com não-crentes em algum tipo de  negócio. A ênfase recai sobre o jugo “desigual”. Embora isto seja verdade, gostaria que olhássemos para o texto por uma ótica oposta, positiva. Entrando “pela porta dos fundos”, vamos descobrir o ideal para um casamento, como sendo um “JUGO IGUAL”. Por que jugo igual?  Porque o propósito do casamento é um serviço mútuo do casal no campo do Agricultor celestial! A figura do jugo é uma figura agrícola. “Jugo” ou “canga” é um artefato que o fazendeiro usa para unir dois bois ou cavalos para puxarem o arado. O jugo é usado sempre para unir dois animais da mesma espécie e de mesmo tamanho. Caso contrário, não haverá êxito no trabalho de arar o campo. Sendo assim, a idéia de “aliança” ou “acordo” está implícita no termo “jugo”. Foi assim que o profeta Amós, em outro contexto, perguntou: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo? (3.3). Com esta pergunta, Amós nos leva a refletir de que um casamento é também uma sociedade, ou seja, os cônjuges são “parceiros” ou “sócios”; nesta sociedade os cônjuges estão em “comunhão” e “harmonia”, isto é, estão em união comum e firmaram um pacto mútuo de juntar forças para alcançar um fim. Do ponto de vista bíblico, o fim que um casal deve alcançar é a promoção do Reino de Deus. Ao longo da História da Igreja, Deus continua usando a família para influenciar e transformar o mundo, promovendo seu Reino. A título de exemplo desta verdade, podemos levar em conta os muitos pastores e suas esposas que estão engajados no ministério integral. Infelizmente, hoje, está na moda resgatar o relacionamento conjugal como fim em si mesmo. E na verdade corremos o risco de cair em familiolatria. Como já vimos antes, Deus quer  que o casal “curta” seu relacionamento, que sejam grandes amigos, que experimentem a máxima intimidade, que cultivem seu relacionamento a dois e que priorizem  esse relacionamento. Mas que tudo isso para o bem do Reino. Jesus continua em primeiro lugar! Cristo tem toda a primazia. É preciso lembrar que não seremos casados durante a eternidade.  Nossos casamentos são relacionamentos terrenos, concedidos pela graça de Deus, para melhor servirmos e glorificarmos a Deus. Como sempre, a igreja é a providência de Deus para qualquer casal se envolver de maneira prática na promoção do Reino. Existem nela muitas oportunidades para um casal trabalhar como família, por exemplo: dirigirem juntos um culto infantil, serem recepcionistas, ensinarem uma classe de EBD ou cantarem juntos no coral. Ao discorrermos sobre estes três princípios bíblicos, mais uma vez queremos afirmar: um casamento feliz e duradouro não é uma questão de sorte. O casamento foi projetado por Deus para “funcionar” de forma perfeita, desde que o casal siga as Suas instruções. Quando os cônjuges compreendem que o auxílio mútuo deve ser resgatado, que a amizade matrimonial deve ser preservada e que o casamento também é um acordo ministerial que precisa ser relembrado, com certeza o casamento trará realização tanto para eles como para o Reino de Deus.

Casamento bíblico é parceria conjugal a bem do Reino de Deus.
*Casamento bíblico é AUXÍLIO MÚTUO que precisa ser RESGATADA.
*Casamento bíblico é AMIZADE MATRIMONIAL que precisa ser RESGUARDADA.
*Casamento bíblico é ACORDO MINISTERIAL que precisa ser RELEMBRADO

Um Desafio Final:
1) Jovens: É isso que você quer? É isso que você deseja? Ou será que seus sonhos sobre o casamento são mais voltados para sua casinha, seus bebês, seu romanticismo? Deus une o casal numa parceria visando seu impacto para o Reino. Até você abraçar esse, Seu plano, você não está pronto para casar.

2) Pais: Você está preparando seus filhos para casamento bíblico? Seu exemplo tem preparado o caminho? Se você se encontra numa situação irregular, você tem explicado isso para seus filhos e trabalhado e orado que eles evitem os mesmos erros?

3) Casais: Vocês precisam relembrar o propósito do seu relacionamento? Cultivar sua amizade/intimidade para que contribua para o Reino de Deus? Tem se tornado egoístas? Ou vivem para eternidade?

Pr. Davi Merkh 

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