terça-feira, 9 de abril de 2013

ATÉ QUE AS DÍVIDAS NOS SEPAREM...


O casamento é a idealização de todo casal de namorados que estão apaixonados, pois nele está o ápice de um relacionamento, de entrega e da dedicação. Constrói-se uma fantasia que não haverá problemas, pois o amor suprirá todas as necessidades (I Coríntios 13:4-8). Então, o passo mais importante é realizado: o enlace matrimonial dos noivos, o “sim” mais importante da vida de ambos, que prometem estar unidos até que a morte os separe.

Com o passar do tempo, a realidade inicia um processo de desconstrução do plano perfeito da imaginação, pois o alto nível desta aliança requer um grau de responsabilidade a sua altura, a qual, muitas vezes, os recém-casados ainda não possuem (e, infelizmente, muitos casais, mesmo com anos de matrimônio, ainda não adquiriram).

Passada a lua de mel, começam a chegar, como um torpedo, as contas a pagar: aluguel, água, luz, telefone, impostos, financiamentos, cartão de crédito, além de gastos com supermercado, vestuário, calçado, farmácia, etc. Neste momento, o tratamento dispensado ao dinheiro é fundamental, pois este é um fator sobrepujante, de peso substancial ao rumo do casamento.

Se ambos tiverem ciência de suas responsabilidades e souberem administrar bem aquilo que ganham, certamente poderão desfrutar de um relacionamento sadio e prazeroso. Senão, o horizonte projetado não é tão animador.

Pesquisas revelam que, no Brasil, de cada quatro divórcios, dois foram provocados por problemas financeiros. Logo, vemos que esta questão num relacionamento é de grande valia.

Por carência de uma educação financeira, os casais tendem a refletir em sua administração doméstica os hábitos e costumes que herdaram de seus pais, os quais, muitas vezes, não maximizam a utilidade do dinheiro. Se o salário não dá, entram pela porta da facilidade do cartão de crédito, do cheque especial, do financiamento, simplesmente para satisfazer desejos obsoletos ou adiantarem compras necessárias ao futuro. É a famosa máxima: “O importante é comprar, depois se vê como será pago. Aliás, temos um padrão de vida e devemos sustentá-lo. É a nossa honra”.

Assim, logo se esquecem que, num curto espaço de tempo, as contas e os juros escorchantes baterão na porta de sua casa de modo implacável. O princípio de gastar menos do que se ganha não tem validade. “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar” (Lucas 14:28-30).

Diante disso, é que os dardos inflamados do maligno são lançados. Marido e mulher já não possuem aquela mesma harmonia de antes, pois as dívidas trazem um peso que consome suas forças, palco ideal para a construção de intrigas e discussões inflamadas. O amor vai se desgastando. Não há lugar mais para o carinho e o príncipe encantado vira sapo.

Lazer? Flores à esposa? Um final de semana na praia? Um jantar romântico? Nem pensar, pois o dinheiro mal dá para fazer as compras do mês.

Dentro desta perspectiva, vemos que o dinheiro, se utilizado de modo irregular, é um elemento que desvirtua o sentido do matrimônio. Por isso, é fundamental saber administrá-lo com sabedoria e inteligência.

Inicialmente, todo casal deve ter um orçamento, por escrito num caderno ou numa planilha do Excel, por exemplo, que deve conter os rendimentos totais da família e todas as despesas necessárias (fixas) e supérfluas (variáveis). É importante anotar também todos os gastos diários (todos mesmos, por exemplo: compra de doces, doação a pedintes, moeda perdida), pois esses dados permitirão um mapeamento detalhado de como está sendo gasto o dinheiro. Pode parecer estranho, por não ser um hábito de nossa cultura, mas este ato revelará o perfil do casal no tocante às finanças, essencial para se tomar às medidas preventivas à contenção do desmoronamento matrimonial.

Mas tenho tantas contas a pagar. O que devo dar prioridade? Seu foco central deve ser suprir os gastos fundamentais à sua família. Não adiantar pagar o carnê das Casas Bahia e deixar que o fornecimento de energia elétrica a sua casa seja interrompido ou que não haja alimento suficiente ao mês.

Feito isto, dê prioridade ao pagamento de contas que possuem juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial. Negocie ao máximo com seus credores. Nunca aceite a primeira negociação. Peça prazos mais estendidos para o pagamento. Mas não se esqueça: não deixe que este valor extrapole seu orçamento mensal. Não adianta querer negociar todas as contas de uma vez, se sua renda não permite. Não queira buscar empréstimos, pois não será a solução, pelo contrário, só aumentarão suas dívidas Tenha ciência de situação de endividamento (mas não de maneira passiva!).

Procure meios de aumentar sua renda de modo a não prejudicar o relacionamento e, se possível, envolvendo toda a família.

Aprenda que todas as decisões financeiras devem ser pautadas e adequadas ao orçamento familiar.

Daniel Cerbasi, em seu livro: “Dinheiro, os segredos de quem tem”, ilustra a prioridade do casal em relação ao seu dinheiro com três baldes: Balde da segurança, Balde dos investimentos e Balde do luxo, respectivamente. O balde da segurança reflete os gastos prioritários à manutenção de sua família, por exemplo: Contas de água, luz, telefone, alimentação, educação, lazer, dízimo à igreja, etc. O segundo refere-se a destinação do dinheiro que sobrou do primeiro balde em aplicações financeiras como renda fixa, ações, caderneta de poupança, visando o aumento da riqueza e garantia do futuro. Já o terceiro, quando ainda se tem dinheiro sobrando do segundo balde, reflete a realização de gastos extras com roupas de grifes, perfumes caros, restaurantes de luxo, etc.

A seqüência dos baldes deve ser seguida. Não queira inverter a ordem, pois isso acarretará em grandes prejuízos.


No Amor de Jesus,

Caio César Vieira de Araújo

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