terça-feira, 22 de janeiro de 2013

“Você aceita ela como sua esposa… e também a mãe, o pai, os irmãos, etc…?”


Uma das grandes fontes de conflito dentro do casamento é o pensamento de que ao se casarem, todos os problemas que se vivencia na família de origem serão dissipados. Acredita-se que quando uma pessoa sai de casa, todas as questões relativas ao seu lar de origem, aos conflitos que existiam na casa de seus pais, desaparecerão como que um passe de mágica.

Infelizmente, o que não se leva em consideração é o fato de que assim que o casal voltar da lua de mel, a família vai estar prontinha para começar a interferir na vida dos dois, seja direta ou indiretamente. Alguns, inclusive, já na lua de mel procuram manter-se informados do que anda acontecendo na casa dos pais. Nem mesmo naquele momento conseguem se desvencilhar.

Por isso, é importante atentarmos para a realidade de que ao se casar, você leva de brinde a família da pessoa com quem está se casando. Seja homem ou mulher. Muitos são emocionalmente dependentes da família dos pais. Alguns são até mesmo financeiramente dependentes. O problema é que quem coloca o dinheiro, também se sente no direito de tomar as decisões.

Queremos nesse artigo apresentar algumas considerações sobre a fonte de problemas que é o relacionamento com o resto da família do cônjuge, tentando apresentar uma maneira melhor de lidar com essas relações que vêm como brinde com a relação matrimonial.

Propósito de Deus

“Por essa razão, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher” (Gen. 2:24, NVI).

Esse é o plano de Deus. Quando duas pessoas decidem se casar, precisam entender que daquele momento em diante, a prioridade da vida deles será a nova família. Prioridade não quer dizer que a única coisa que importa será o cônjuge. Significa que a maior importância será dada à pessoa a quem escolheu para dividir a vida.

Algumas pessoas se casam, mas não conseguem deixar pai e mãe. E alguns pais e mães fazem questão de continuar mantendo essa dependência. Há mães cujo propósito maior da vida é ficar com seus filhos. Contudo, essas mães não percebem que para seus filhos isso não é uma atitude saudável. O que precisa acontecer é deixar que os filhos comecem suas vidas sozinhos. Muitos pais começam a fazer chantagem emocional, seja por meio de presentes e lembrancinhas, seja por meio de palavras e doenças emocionais. Tudo para não perder o vínculo com o filho ou a filha. Por favor, se isso for uma realidade em sua família, não deixe isso perdurar. Decida agir de maneira diferente. Dê a liberdade que seus filhos precisam.

Fontes de Conflito com a Família

Apresento abaixo cinco tópicos chave que causam conflitos na relação familiar entre genro/nora e sogro/sogra:

Em geral, os FERIADOS são fontes de muitas brigas e discussões entre a família. No Brasil, o feriado mais importante acerca disso é o feriado do Natal. Nessa data, as famílias sempre se juntam, e os pais tanto do marido quanto da esposa sempre fazem questão de contar com a presença dos dois. Pode haver outros feriados importantes também, mas Natal, e em segundo lugar, o Ano Novo, sempre são motivos de discórdia.

Outra fonte grande de discussão são as TRADIÇÕES familiares. Há famílias que costumam se juntar em alguma data especial do ano, como o aniversário da vovó, por exemplo. Nesses eventos há uma grande concentração de familiares, com tios, primos, avós, etc. E o casal não pode faltar. Outras famílias, costumam visitar os avós uma vez por semana. Quando a filha ou o filho se casa, querem incluir essa visita também para sua própria vida. Com isso, muitas vezes eles acabam aumentando as discussões, pois o que é tradição para uma pessoa não necessariamente é importante para a outra. Essas tradições se baseiam em emoções arraigadas e nunca devem ser tratadas de qualquer maneira.

Um terceiro aspecto são as EXPECTATIVAS familiares. Quando saem junto com os pais, há certas regras implícitas de comportamento, de ação, de atitude que são esperadas. Se o novo membro da família não conhece, pode passar por várias surpresas. Isso pode implicar em atitudes específicas para com os avós, ou em termos de expectativas religiosas, ou coisa parecida.

Uma quarta dificuldade que poderíamos incluir nessa lista é a questão dos PADRÕES DE COMPORTAMENTO. Em reuniões familiares, há certo costume de comportamento, de atitude, que podem ser completamente diferentes de outras pessoas. Por essa razão, esses tipos de comportamento podem gerar uma série de mal entendidos. É muito importante para o casal reconhecer e conversar sobre essas expectativas, senão é capaz de a mulher passar vergonha por atitudes que o marido toma, mas que são plenamente aceitáveis dentro do contexto familiar ao qual ele pertence.

E por fim, poderíamos incluir nessa lista o aspecto das CRENÇAS RELIGIOSAS. Talvez, o casal pertença a religiões diferentes, ou mesmo que sejam da mesma religião, tenham posicionamentos religiosos diferentes. Aí, quando as famílias se reúnem, os avós têm a tendência de querer ensinar os netos a agirem dessa ou daquela maneira, pois é “Jesus fica triste se não fazemos isso”. Percebe-se nesse tipo de atitude uma tentativa de se estabelecer o padrão dos pais na casa dos filhos. Por favor, se você for parte dos pais, não faça isso. Se essa questão for um desrespeito muito grande, fale com seu filho ou sua filha em particular, mas não tente resolver as coisas do seu jeito. Isso só serve para irritar seu genro ou sua nora.

Dicas para Lidar com os Pais

A primeira e mais importante dica para lidar com essas dificuldades em seu casamento é aprender a ouvir interessadamente. Em geral somos ótimos para argumentar, mas péssimos para ouvir. Ouvimos apenas o que é necessário para que possamos contra-argumentar. Ouvir verdadeiramente é prestar atenção não apenas ao que está sendo dito, mas à importância que se dá ao que está sendo proferido, e quanta emoção está envolvida nisso. Se aprendêssemos a ouvir mais, teríamos mais sucesso na resolução de impasses.

Depois, é importante que você saiba negociar. Por exemplo, se o casal enfrenta uma crise com respeito ao aspecto de onde passar o natal, pode-se chegar a um acordo de passar o natal com uma família e o ano novo com a outra, e revezar onde ir em cada feriado desses a cada ano. Procurar uma alternativa, cedendo de um lado para ganhar do outro é sempre a melhor maneira de resolver o conflito. Mas lembre-se de que ambos precisam ceder.

E uma última dica importante para o casal é ter certeza de transmitir a mensagem de que amam os pais tanto do marido quanto da esposa. Não transforme essas pequenas dificuldades em abismos emocionais, afastando a família de seu cônjuge do convívio da sua vida. Lembre-se de que ao optar pela pessoa com quem se casou, você levou de brinde toda a família dela. Mas agora, você faz parte dessa família. Aja como tal, e seja muito feliz em seus relacionamentos.

Que Deus abençoe sua família,

Osmar Reis Junior

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