Conversa de Coração a Coração com os Pais
Se eu pudesse pintar dois quadros, no primeiro ilustraria o que os pais cristãos representam hoje em dia, e no segundo ilustraria o que Deus está chamando os pais cristãos a se tornarem.
No primeiro quadro pintaria um homem com uma das mãos alcançando o mundo, enquanto a outra mão está levemente estendida para sua família. Este homem é símbolo das três classes de pais na cristandade de nossos dias.
O PRIMEIRO TIPO DE PAI
Na primeira classe estão aqueles pais que estão ativamente alcançando o mundo com as muitas facetas das Escrituras, mas que têm negligenciado a obra prática do dia-a-dia de ser o sumo sacerdote no próprio lar. Essencialmente colocaram seu ministério para com o mundo à frente da obra no campo missionário do próprio lar. Embora sejam conscienciosos em seus ministérios, têm, como o fez o sacerdote Eli do Antigo Testamento, negligenciado sua primeira obra – aquela de ordenar seu próprio lar nos caminhos do Senhor, para que através de uma família centralizada em Cristo, bem organizada e bem disciplinada, possam mostrar ao mundo, a influência prática do evangelho na própria família.
O SEGUNDO TIPO DE PAI
A segunda classe de pais em nosso primeiro quadro pode ser vista à luz da parábola do jovem rico. Este homem deu preferência a suas riquezas em lugar de Jesus. Tais homens, de um modo geral colocaram suas carreiras como prioridade acima das necessidades genuínas de sua família. O jovem rico olhava para Cristo com admiração, e seu coração foi até mesmo atraído ao Salvador. Mas ele não estava disposto a aceitar o princípio de abnegação do Salvador.
Atualmente, da mesma forma, muitos homens que seguem uma carreira profissional são atraídos à própria família, porém escolhem sua carreira secular, enquanto a espiritualidade prática da família e suas responsabilidades de sumo sacerdote são negligenciadas.
Homens nessa classe fariam bem em atentar às palavras de I Coríntios 6:19: “Não sois de vós mesmos”, pois sua família tem direito sobre você.
O TERCEIRO TIPO DE PAI
Na terceira classe de pais estão aqueles que são simplesmente indiferentes às verdadeiras necessidades espirituais de seu pequeno rebanho. Perdem-se nos esportes, noticiários, livros e revistas, interesses pessoais, ou em uma vida de despreocupação e liberdade das próprias responsabilidades paternas como sumo sacerdote do lar.
Para mim, Esaú é quem melhor representa essa classe de pais. Esaú amava a satisfação própria e centralizava seus interesses no presente. Ele gostava da liberdade selvagem de seu esporte e por um prato de guisado rejeitou seu direito de primogenitura. Quantos pais hoje em dia estão descuidadamente negociando a gloriosa herança espiritual de seus filhos e filhas por alguma liberdade errônea, indulgência ou prazer temporário! Do mesmo modo que Esaú acordou para ver a loucura de sua precipitada troca quando era tarde demais para recuperá-la, eu oro para que não seja tarde demais quando esses pais que negociaram a herança de suas famílias por satisfação pessoal acordem para sua loucura.
OUTRA REALIDADE
Vamos agora olhar ao segundo quadro. Nele eu pintaria a cena de um pai com uma das mãos firme e determinadamente abraçando sua esposa e filhos, enquanto a outra mão, bem como as mãos de toda a família estão completamente estendidas para um mundo faminto por um evangelho que tem poder para transformar vidas. Sua obra é realmente uma obra totalmente abrangente e tem influência de alto alcance.
Uma família bem ordenada, bem disciplinada, fala mais em favor do cristianismo do que todos os sermões que se possam pregar. Uma família assim dá prova de que os pais foram bem-sucedidos no seguir as instruções de
Deus, e de que seus filhos O servirão na igreja. Sua influência aumenta; pois à medida que comunicam, recebem para tornar a comunicar. O pai e a mãe encontram auxiliares nos filhos, os quais transmitem a outros as instruções recebidas no lar. … Toda a família se acha empenhada no serviço do Mestre; e pelo seu piedoso exemplo são outros inspirados a serem fiéis e leais a Deus no trato com o Seu rebanho, Seu lindo rebanho.
A maior prova do poder do cristianismo, que se pode apresentar ao mundo, é uma família bem ordenada, bem disciplinada. Isso recomendará a verdade como nenhuma outra coisa o poderá fazer, pois é um testemunho vivo de seu efetivo poder sobre o coração.
Enoque e Noé seriam os melhores exemplos de pais que não apenas colocam os braços ao redor de sua família, mas dão mensagem de advertência a um mundo prestes a perecer em pecado.
SEGREDO PARA TERMINAR A OBRA
Em minha opinião, antes de a igreja poder terminar a obra no mundo, terá que fazer primeiro a obra em seus próprios lares. No entanto, até hoje, os pais mal começaram a tocar com as pontas dos dedos a sua obra em casa. Se primeiro demonstrarmos ao mundo um evangelho através do qual pais, mães e filhos são todos bem ordenados, bem disciplinados, e submissos a Cristo em pensamentos, palavras e ações, aí será encontrado o evangelho que tem poder para mudar o mundo!
A vocês pais, que se encontram no primeiro quadro, sejam vocês pastores ordenados ou pregadores leigos, pode-se muito bem dizer que o maior pecado contra vocês é que sua pregação tem sido sobre teorias e doutrinas da verdade, enquanto a sua vida e a vida de sua família não é “demonstração do Espírito e de poder”. I Coríntios 2:4.
Existem muitos, mesmo entre os que ensinam a verdade aos outros, que não receberão o selo de Deus na fronte. Possuem a luz da verdade, conhecem a vontade de seu Mestre, compreendem cada ponto da fé, mas não possuem obras que correspondam a isso. Esses que estão tão familiarizados com as profecias e os tesouros da sabedoria divina devem agir de acordo com sua fé. Devem ordenar seu lar após si, para que através de uma família bem ordenada possam apresentar ao mundo a influência da verdade no coração humano.
Sabe, pregar é a parte do ministério que exige menor sacrifício pessoal e nossas obras não serão aceitas por Deus sem uma obra pessoal bem direcionada; não apenas nos lares dos outros, mas em nosso próprio lar também. (Ver I Timóteo 5:8.)
Deus chamara Moisés para libertar Seu povo da escravidão. Moisés tivera 40 anos de treinamento especial para prepará-lo para essa obra! Mas, a caminho do Egito, recebeu uma alarmante e terrível advertência sobre o desagrado de Deus. Um anjo lhe apareceu de modo ameaçador, como se fosse destruí-lo imediatamente. Nenhuma explicação foi dada; mas Moisés se lembrou que havia sido indiferente quanto a uma das exigências de Deus; cedendo à persuasão de sua esposa, havia negligenciado a realização do ritual da circuncisão em seu filho mais novo. Havia deixado de cumprir a condição através da qual seu filho poderia ter direito às bênçãos da aliança de Deus com Israel. Enquanto negligenciasse um dever do qual tinha conhecimento, não estaria em segurança, pois não teria a proteção dos anjos de Deus.
UM PERGUNTA MUITO SÉRIA!
Pais, precisamos nos perguntar: Enquanto trabalhamos em um ministério para Deus estamos nós negligenciando algum dever do qual temos conhecimento? Como estão nossos filhos? Será que possuem alguns dos traços de caráter de Ofni e Finéias, filhos de Eli? Temos nós de algum modo falhado em dirigir nosso lar de acordo com o Deus de Abraão? São nossos filhos inclinados à insensatez? Murmuram e se exaltam diante do menor pedido ou correção? Somos nós capazes de sair para fazer a obra do Senhor quando nosso lar está sendo negligenciado? Se o fizermos, será a obra uma “demonstração do Espírito e de poder”, e não estaremos nós sem a proteção dos anjos de Deus?
Aos pais que têm colocado suas carreiras à frente da própria família, eu diria que fácil demais ficamos satisfeitos com nossas realizações. Nós nos sentimos ricos e abastados e não sabemos que somos “infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus”. Agora é o momento de atentarmos à admoestação da Testemunha Verdadeira: “Aconselho-te que de Mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.” Apocalipse 3:17 e 18.
A AUTORIDADE DA EXPERIÊNCIA PRÓPRIA
Oito anos atrás Deus me abriu os olhos e me impressionou a vender minha próspera empresa, casa e propriedade de campo e mudar para um ambiente quieto nas montanhas a fim de iniciar minha primeira obra. Posso dizer que tem sido a obra mais exigente, mais progressiva e de maior abnegação; no entanto, ao mesmo tempo tem sido a obra mais recompensadora que já realizei. Ter uma esposa e dois filhos que verdadeiramente conhecem e servem ao Senhor, que não são facilmente inclinados a insensatez ou mau temperamento, que encontram alegria em servir aos outros e que estão diariamente crescendo no caráter cristão, é uma riqueza mais preciosa do que o mais refinado ouro. À medida que estou disposto a cooperar com Deus ao assumir minha primeira obra, Deus tem suprido muito bem as necessidades de minha família, tem-me abençoado com um trabalho autônomo, bem como com um ministério eficaz de evangelismo para o mundo.
Pais, que jamais profiramos as palavras: “Não tenho tempo; não tenho tempo para dedicar ao treinamento de minha família.” Se assim é, não deveríamos ter assumido a responsabilidade de constituir uma família. Se temos filhos, então temos uma obra a fazer em união com a mãe e com Jesus Cristo na formação do caráter deles para o reino celeste. Que todos nós possamos atender às palavras encontradas em Lucas 11:42: “Devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas.”
O resultado da indiferença no terceiro grupo de pais é bem retratado em Eclesiastes 10:18: “Pela muita preguiça desaba o teto, e pela frouxidão das mãos goteja a casa”. Muitos pais pensam poder sacrificar durante algum tempo sua responsabilidade como sacerdotes do lar, sem se tornar completamente negligentes. Mas nisso enganam unicamente a si mesmos.
Um bom amigo e eu nos sentimos impressionados a nos separar de nossa família por três dias e juntos passar algum tempo jejuando, orando e estudando a Bíblia. Estávamos ambos muito ansiosos, a princípio, para saber que grandes coisas Deus nos revelaria.
No fim dos três dias Deus nos impressionou fortemente a ir para casa a fim de servir e suprir as necessidades espirituais de nossa família como nunca antes. Deus nos mostrou que agora é o momento de fazer essa obra – e que nunca haveria um momento mais apropriado. Hoje é o dia da salvação, mas o amanhã, como sabemos, pode nunca chegar. Vamos atender às palavras de Cristo aos Seus bem-intencionados discípulos, que tentaram impedir as crianças de irem a Ele para que Ele pudesse fazer uma obra mais importante: “Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a Mim, porque dos tais é o reino dos céus.” Mateus 19:14. Que essas palavras de Cristo se tornem nossas ações.
Quando considero o meu passado, chego à conclusão de que eu era uma mistura de todas as três categorias de pais. Chego à conclusão, conforme minha mãe me ensinou, de que é mais fácil limpar o quintal do vizinho do que o nosso próprio quintal. Também chego à conclusão de que é mais fácil ganhar muito dinheiro, do que ver nos próprios filhos a nossa imagem, como em um espelho; isso para não mencionar a facilidade de seguir os próprios interesses egoístas, deixando a esposa a tentar suportar tanto o fardo de pai como de mãe.
A FUNÇÃO DE UM PAI
Comparo a função do pai no segundo quadro à época em que meu filho mais velho e eu, juntos escalamos nosso primeiro pico.
Levantamos bem cedo de manhã e nos dirigimos à nascente de um lago na montanha, então descemos de canoa sete milhas (pouco mais de 10 km) para a base do Rainbow Peak.
Ali começamos nossa árdua caminhada ao pico de mais de 3.000m de altura. Muitas vezes pensei em voltar, à medida que meus músculos foram ficando doloridos, meu corpo cansado e meus pulmões ofegavam por ar. Mas não, eu estava determinado a chegar até o fim, um passo após o outro, com meu filho ao meu lado.
Como pais, vamos nós também nos esforçar por conduzir nossos queridos familiares no caminho para o reino celeste, apesar de acharmos o caminho reto, estreito e sempre ascendente. Mesmo quando o caminho for difícil, não nos desesperemos. Com nossos olhos sempre voltados para o alto e nossa mão segurando firmemente nossos queridos, vamos conduzi-los no caminho, cada vez dando passos para um lugar mais elevado.
Quando meu filho e eu alcançamos o pico naquele dia, que sentimento de realização experimentamos! E conseguimos aquilo juntos, como uma equipe. Ao remarmos de volta naquela noite à luz da lua, lágrimas me vieram aos olhos ao sentir aquele vínculo especial que se formava. Lembro-me da oração de Cristo encontrada em João 17:21: “A fim de que todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós; para que o mundo creia que Tu Me enviaste.”
Esta unidade será encontrada em nossa família quando nos entregarmos como Cristo entregou a Si mesmo. Isso exigirá esforço e abnegação contínuos, mas o prêmio vale todo esse preço.
Quer você juntar-se a mim agora para responder à oração de Cristo e à profecia de Malaquias no ato de “converter o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais”? Vamos abraçar firmemente nossa preciosa família e então alcançar o mundo que está perecendo. Pela graça de Deus concluiremos a obra e iremos para o lar com nosso Pai celeste.
Jim Hohnberger
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