sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Afinal, O Que É Casamento?


Muitas pessoas conhecem alguém especial, se apaixonam e decidem se casar. Elas presumem que não há nada mais a ser feito, que tudo acontecerá naturalmente, e que viverão felizes para sempre ao lado de seu príncipe ou sua princesa. Inclusive, a frase: “E eles viveram felizes para sempre” é uma das frases mais infelizes da literatura. É infeliz porque é falsa. É um mito que levou gerações a esperar algo impossível do casamento. As coisas no casamento não acontecem por acaso.

Tudo na vida que envolva algum tipo de atividade vocacional, como ser médico, dentista, professor, psicólogo, engenheiro, publicitário, ou outras coisas, como praticar esportes, falar outras línguas, etc., nos leva a passar por um período de treinamento. Infelizmente, no casamento, que é a principal decisão que tomamos e que tem conseqüências para toda a vida, entramos sem qualquer preparo. É muito importante essa decisão de vocês de se prepararem para o casamento. A promessa não é que vocês não terão mais problemas, mas sim que vocês poderão estar mais atentos aos conflitos nos quais precisam trabalhar.

O casamento bem sucedido necessita que duas pessoas busquem uma solução para grandes ou pequenos problemas que enfrentam.


I. Alguns Problemas do Casamento

As pessoas que se casam, estão assumindo o compromisso de serem fiéis a uma outra pessoa durante toda a sua vida. Pelo menos é isso o que elas prometem quando fazem os votos, dizendo: “Até que a morte os separe”. No entanto, assim que acaba a lua de mel, muitos já se esqueceram dessa promessa.

De acordo com Roberto Shinyashiki, autor de vários livros, a convivência íntima com alguém, como ocorre no casamento, é como se comprássemos um grande espelho. E o que é que o espelho faz? Ele não julga se você vai ficar mais triste ou mais feliz por estar usando determinada roupa, ou por perceber que tem uma mancha na sua bochecha. Diante de um espelho, tudo é mostrado sem qualquer piedade ou misericórdia. O mesmo acontece com o casamento. Tudo o que temos de melhor, ou de pior, vem à tona no casamento. O problema é que quando as pessoas vêem as coisas e não gostam do que vêem, elas se revoltam e tentam quebrar o espelho, e se esquecem que aquilo é apenas um reflexo de quem são em realidade.

Em virtude disso, podemos perceber que os conflitos são influenciados por mitos, idéias pré-concebidas que temos acerca do casamento. Como exemplo, podemos citar a idéia de que:

1. “Nada mudará quando nos casarmos”. O que prevemos raramente acontece, e o que menos esperamos é o que geralmente acontece. Há inclusive uma frase que diz que a mulher se casa esperando mudar o homem, e ele não muda. Já o homem, se casa na expectativa de que a mulher não mude, e ela muda. O problema é que a resposta, “Sim, aceito,” traz consigo muitas expectativas e sonhos secretos que nem sempre se concretizam. Quem leva o lixo para fora; como são divididas as tarefas domésticas; quem é responsável por buscar as crianças na escola; o que fazer no sábado à noite; etc, são alguns exemplos de coisas aparentemente simples que podem trazer muito conflito ao casamento, pois achamos que a outra pessoa pensa exatamente como nós, e por isso, vai agir exatamente daquela maneira que nós esperamos que ela aja. O problema é que ali está uma pessoa totalmente diferente. Por essa razão, ela vai agir diferente. E, muitas vezes, ficaremos frustrados pela maneira como ela vai agir.

Mas, como surgem essas expectativas? Diga-me uma coisa, quem lhe ensinou como um homem e uma mulher devem agir quando casados? Para alguns, o aprendizado ocorreu por se observar o exemplo que tinham em casa (Por ex., o lugar e o jeito de guardar os talheres e pratos se parece com o jeito que seus pais o faziam). Para outros, o aprendizado se dá por filmes e livres de romance (as tais comédias românticas contribuem muito para a criação de expectativas irreais acerca do papel da outra pessoa).

Esse é um mito muito sério, pois as expectativas que você tem quanto ao relacionamento podem fortalecer ou desfazer seu casamento. A melhor alternativa para lidar com esses mal entendidos é conversar bastante, buscando identificar quais são as verdadeiras razões de desentendimentos ou de incômodos com coisas tão cotidianas.

2. “Tudo o que temos de bom em nosso relacionamento ficará ainda melhor”. O único lugar onde essa frase foi verdadeira foi no Éden, assim que Deus realizou o casamento entre Adão e Eva. Ali, em perfeição, ambos descobriram que suas vidas eram melhores por terem encontrado alguém perfeito, que os podia completar. Em nossa sociedade atual, nem tudo fica melhor. Muitas coisas melhoram nos relacionamentos, mas outras se tornam mais difíceis. Todo casamento de sucesso requer que passemos por algumas perdas e readaptações. Por exemplo, para aquela pessoa que estava acostumada a sair com os amigos depois do trabalho, agora deve se lembrar que tem alguém na vida que merece tanto satisfação quanto merece a prioridade do tempo.  Mas nenhuma perda se compara à mais dramática das perdas experimentadas no início do casamento: a da imagem idealizada do parceiro. Você pensa que se casou com um príncipe encantado, e de repente percebe que ele é um homem comum, até mesmo com hábitos de higiene que você acha detestável. Ou, você pensou ter encontrado a princesa mais linda, quando na verdade se casou com uma mulher real, de carne e osso, e que não sente nenhuma atração por jogos de futebol. A decepção é inevitável. Mas há luz por trás das nuvens negras da decepção. Não se desespere, nem largue o barco diante da primeira tormenta. Depois que você perceber que seu casamento não é a fonte de um romance permanente, procure apreciar essa fase romântica e passageira pelo que ela significa: uma experiência muito especial. O desencanto permitirá que vocês busquem uma maior intimidade, pois os dois se concentrarão em conhecer melhor ao outro, e aprender sobre as expectativas e frustrações um do outro.

3. “Tudo de ruim em nossa vida desaparecerá”. Esse mito foi transmitido por várias gerações, e seu encanto é ilustrado em contos de literatura infantil como o da Cinderela. Nessa história, uma pobre menina que trabalha arduamente como criada de sua madrasta e irmãs adotivas é salva pelo belo e galante Príncipe Encantado. Eles se apaixonam e “vivem felizes para sempre”. Eu sei que você pode estar pensando que essa é apenas uma história de criança, mas lá no fundo, esperamos um Príncipe Encantado ou uma Cinderela que dê sentido às coisas e faça desaparecer tudo de ruim. Contudo, é bom já prevenir vocês antes: o casamento não elimina o sofrimento interior nem a solidão. Ele não é um atalho para o processo de cura. Ele simplesmente é outro modo de viver a vida. Se antes não esperávamos encontrar um mar de rosas, depois do casamento, também não o encontraremos. No entanto, o casamento, mesmo não trazendo cura instantânea, pode ser tornar um poderoso agente curativo com o passar do tempo. Com paciência, o casamento pode ajudar você a ultrapassar até mesmo suas piores aflições e lembranças. Comentando sobre essa perspectiva de enxergarmos o casamento como o anticlímax, em relação ao romance do namoro, Robert Runcie, Arcebispo da Cantuária, afirma que na visão da fé cristã, o dia do casamento não é o ponto de chegada, mas “o momento em que a aventura começa”.

4. “Meu cônjuge me completará”. Essa idéia é reiterada pelo ditado popular, “os opostos se atraem”. Isso se baseia no fenômeno de muitas pessoas serem atraídas por outras que têm características que podem ser opostas às que possuem, sendo capazes naquilo em que elas não são, e assim, completando-as de algum modo. Esse mito geralmente começa com a crença de que as pessoas que tiveram uma união bem-sucedida “foram feitas uma para a outra” e “isso é obra do destino”. Muitos acreditam que se tivessem escolhido aquela outra pessoa, tudo teria dado certo. Isso não poderia estar mais errado! É ridículo acreditar que o sucesso de um casamento dependa de descobrirmos aquela pessoa em meio às seis bilhões existentes na terra, que foi feita sob medida para você. Na verdade, de acordo com John Fisher, “o sucesso do casamento não depende de encontrarmos a pessoa certa, mas da habilidade de cada um dos parceiros de se adaptar à verdadeira pessoa com a qual se casou”. Além disso, não adianta mudar de cônjuge, pois você vai levar você para todas as outras relações. Por essa razão, concentre-se na pessoa que você escolheu, e faça todo o possível para superar as dificuldades.

II. Os Tipos de Casamento

Bom, depois de vocês descobrirem os principais mitos de seu casamento, vocês percebem que desejam realmente se casar. Bom, a próxima pergunta que vocês devem responder é: que tipo de casamento será o meu?

A Enciclopédia do Casamento Cristão apresenta quatro classificações para os casamentos atuais. De acordo com o livro, são baseadas numa pesquisa feita dentro da experiência clínica dos autores.

1. Casamento Feliz. Por volta de 5% dos casamentos fazem parte dessa classificação. Esse casamento é aquele no qual o casal tem tempo para conversar entre si, não apenas contando os feitos realizados, mas também estimulando um ao outro, partilhando dos medos e sofrimentos, se conhecendo mais, se divertindo, dando risadas, partilhando de um projeto, etc. Inclui a capacidade de duas pessoas de se relacionar com paixão, companheirismo e amizade. Estão cientes das dificuldades e dos possíveis mitos que cada um tem, mas decidiram não desistir da luta, e se esforçam ao máximo para manter a relação com muita conversa e atividades em conjunto.

2. Casamento Bom. Esse tipo de relação é aquela na qual os dois partilham apenas os fatos ocorridos, as tarefas, as contas de casa, a educação dos filhos. Mas não se preocupam em realmente se abrir e ser honesto com a outra pessoa. Parecem temer relacionar-se verdadeiramente com a outra pessoa. Olham para o casamento, e procuram evitar os conflitos apenas para não transformar o lar num campo de batalha. Por volta de 10 % dos casamentos se encaixam nesse padrão.

3. Casamento “Em Acordo”. A característica mais marcante desse tipo de relacionamento são os desentendimentos. Há pouco ou nenhum interesse em se aprender mais sobre as realidades do casamento. Também há uma quantidade mínima de motivação para fazer funcionar a questão do estar casado. Parece ser o tipo de vida em que duas pessoas apenas dividem o mesmo teto. Elas não estão dispostas a abrir mão do que gostam, em prol da outra.

4. Casamento Tolerável. Esse é um casamento que sobrevive apenas porque os dois assinaram um papel no casamento civil e porque fizeram uma cerimônia de casamento. Ele vive em conflitos e brigas, hostilidade, xingamentos, discussões, e sarcasmos para com o parceiro. O resultado disso é miséria emocional para os dois cônjuges. Os estudiosos estimam que cerca de 85% dos casamentos se enquadram nessas categorias de estarem em acordo ou toleráveis.

Se vocês perceberem bem, esses tipos de casamento dizem respeito à forma pela qual ambos os cônjuges estão dispostos a gastar tempo para solucionar os conflitos, além de entenderem melhor o que significa estar casado. De acordo com Roberto Shiniashiki, “o grande objetivo do homem e da mulher, ao desejarem ficar juntos, deve ser criar oportunidades para ter um espaço, onde possam desenvolver a capacidade de viver a dois, buscar soluções criativas, à medida que os obstáculos apareçam, e aprender a desfrutar todas as formas de viver em amor”.

Certo dia, perguntaram a um grande mestre quem o havia ajudado a atingir uma maior compreensão das coisas, e ele respondeu: “um cachorro”. Os discípulos, surpresos, quiseram saber o que havia acontecido, e o mestre contou: “Certa vez, eu estava olhando um cachorro, que parecia sedento e se dirigia a uma poça de água. Quando ele foi beber, viu sua imagem refletida. O cachorro, então, fez cara de assustado, e a imagem o imitou. Ele fez cara de bravo, e a imagem o arremedou. Então, ele fugiu de medo e ficou observando, durante longo tempo, a água. Quando a sede aumentou, ele voltou, repetiu todo o ritual e fugiu novamente. Em um dado momento, a sede era tanta que o cachorro não resistiu e correu em direção à água, atirou-se nela, e saciou sua sede. Desde então, percebi que, sempre que eu me aproximava de alguém, via minha imagem refletida, fazia cara de bravo, e fugia assustado. E ficava, de longe, sonhando com esse relacionamento que eu queria para mim. Esse cachorro ensinou que eu precisava entrar em contato com a minha sede e mergulhar no amor, sem me assustar com as imagens que eu ficava projetando nos outros”.

Essa é a opção que vocês sempre vão ter. Ao se perceberem refletidos pelo outro, vocês poderão correr de medo e assustados, ou então permitir que o desejo de se relacionarem mais profundamente lhes suplante o medo e lhes faça ir além das situações visíveis.

Mas, para vocês realmente construírem um relacionamento recompensador para vocês, e que seja uma bênção para a sociedade, vocês precisam se lembrar do ponto principal: a vida espiritual.

III. A Importância da Vida Espiritual

A vida espiritual afeta diretamente o homem, a mulher, e o casamento. Sendo apenas pessoas bem educadas e com boa cultura não é suficiente para garantir para vocês um casamento feliz. O maior exemplo disso é o caso do Príncipe Charles e da Princesa Diana, que em 1981 emocionaram o mundo ao se casarem na Catedral de São Paulo, em Londres. Como foi uma cerimônia televisionada para o mundo inteiro, muitas pessoas sonharam em também encontrar seu príncipe ou sua princesa. No entanto, alguns anos depois, ambos acabaram se separando.

É através do contato com Deus e Sua Palavra que vocês obterão forças para perdoar os erros do outro, aceitar as diferenças e, acima de tudo, ser capazes de ser servo dos outros, como Cristo foi servo. É essa a idéia de Paulo em Efésios, quando ele afirma que o amor que os maridos devem dar para suas esposas deve se equiparar ao amor que Cristo demonstrou pela igreja. Esse amor deve ser mútuo. O desejo de servir deve ser o que de maior deve existir no casamento. Isso não é algo que se recebe com uma boa faculdade ou quem sabe, uma família inteligente. Isso é algo que vem do contato diário com o Salvador.

Mas, não acreditem que por causa disso os casais religiosos não têm problemas. Há problemas sim. Mas, haverá momentos nos quais apenas o poder do Espírito poderá vencer as dificuldades ou desentendimentos do casal. E isso é real porque Deus é o maior interessado que vocês vivam uma vida feliz.

Conclusão

A esposa de um famoso autor de livros acerca de relacionamentos dos EUA foi convidada para falar numa universidade. Durante a sua palestra foi desafiada por uma jovem, linda e sofisticada, mas com ar sarcástico, que estava sentada no fundo da sala de aulas. A certa altura, ela disse: “Senhora, na sua explanação, afirmou categoricamente que o casamento é a maior profissão da mulher. Pois na minha opinião, o casamento está prestes a desaparecer e a maioria de nós aqui pensa da mesma maneira. Não cremos que seja necessário, ou mesmo desejável, alguém amarrar-se a uma pessoa quando tem vinte anos e restringir-se a ela para o resto da vida. Achamos isso ridículo!”

Todos os olhos se fixaram na jovem estudante, enquanto ela continuava: “Durmo com um sujeito de quem gosto. Não quero me casar com ele, e não creio que ele tenha a intenção de se casar comigo. Este não é o meu primeiro caso amoroso e provavelmente não será o último. Não vejo nada de errado nisto. Um dia, quando e se eu escolher ter um filho, pode ser que, movida pela pressão da sociedade, acabe por me casar. Mas enquanto este tempo não chegar, não vou me meter nisso. E se algum dia eu resolver casar, e se o relacionamento for difícil, não vou ficar presa a uma cilada. Senhora, não somos cegos. Constatamos o que o casamento fez aos nossos pais, e o que está a fazer a outras pessoas, e não gostamos do que estamos vendo. A senhora tem uma resposta para isto?”

Nessa altura, todos os rostos se voltaram para a congressista, que suspirou profundamente e respondeu: “Sim, eu tenho uma resposta, e estou a vivê-la. Considero-me uma das mulheres mais felizes da Terra. Sou casada com um homem no sentido pleno da palavra: física, emocional, intelectual e espiritualmente. Somos tão unidos que ninguém conseguiria colocar uma placa entre nós. Não somos dois indivíduos solitários em competição. Somos um, e não há nada na vida que se compare a isto. No entanto, vocês nunca experimentarão essa unidade, nem terão sequer um vislumbre das satisfações que ela encerra, se continuarem com essa atitude e esse código de conduta.”

“Não vejo por que não.” retrucou a jovem, já com menos convicção. “Por que razão um relacionamento homem-mulher não pode ser tão significativo fora do casamento como o é dentro?”

“Porque não existe compromisso,” respondeu a oradora. “Não existe estabilidade. Não possui profundidade, que são o resultado de compartilhar total, ano após ano, de lutas e sofrimentos, sabendo que estão construindo um relacionamento duradouro. Vocês pensam que nós encontramos felicidade agitando uma varinha mágica? Não! Lutamos e trabalhamos arduamente por ela. Para nós, o casamento não constitui uma cilada, mas sim um privilégio. E existe aí uma boa diferença, não acham?”

Os alunos continuavam a fitar a oradora em silêncio, então ela concluiu: “Esse país está cheio de bons casamentos. Não pensem, porém, que surgiram do acaso. É preciso inteligência e determinação, e mesmo assim, o trabalho nunca estará completo. Quando se dedica tempo e esforço para conseguir um bom casamento, a recompensa é simplesmente maravilhosa!”

Não existe bom casamento de graça. Em todos os casos é necessário esforço, dedicação, e acima de tudo, da presença do Espírito de Deus para manter o casal unido e com uma vida satisfatória. A melhor hora de decidir trilhar um caminho diferente é agora. Mas essa precisa ser a decisão de vocês dois. O que vocês vão escolher? Escolham o caminho certo, e Deus os abençoará.

Que Deus abençoe o seu casamento

Osmar Reis Junior

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