Nenhum Divórcio!
“Disseram-lhe eles: então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? Disse-lhes Ele: Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao princípio, não foi assim” (Mateus 19:7-8).
Nunca como antes as lideranças cristãs precisaram tanto aprender o verdadeiro ensinamento do divórcio. Não apenas porque até mesmo as pessoas incrédulas olham para o seio da igreja de CRISTO e ficam assustadas com o alto índice de divorciados. Essas pessoas se indignam face à atitude errada daqueles que servem a DEUS e foram separados por ELE para serem diferentes em tudo desse mundo. Tal indignação se dá, em parte, não por causa dos ímpios que abandonaram a lei de DEUS, como bem acentua o Salmo 119:53, mas porque o divórcio destrói vidas e causa sérios problemas na sociedade humana.
Todos nós devemos nos sentir responsáveis por tudo aquilo que envolve a família e os casamentos, o seu bem-estar e a sua preservação. Uma postura errada diante do divórcio compromete a verdade do casamento criado e abençoado por DEUS, a segurança da própria pessoa e da geração futura.
Quando JESUS foi interrogado pelos fariseus acerca do divórcio em Mateus 19, ELE procurou primeiramente mostrar a verdadeira essência do casamento: “(…) Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois uma só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mateus 19:4-6). Em seguida, os tais fariseus, maliciosamente, tentaram por uma armadilha ao Filho de DEUS: Moisés, no livro de Deuteronômio, capítulo 24, dos versículos 1 ao 4, tinha dito que eles poderiam se divorciar. Replicaram-Lhe: “Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?” (Mateus 19:7). O argumento deles era claro. Moisés foi o grande profeta e legislador de DEUS. JESUS CRISTO estava em oposição a Moisés sobre a questão da permissividade do divórcio. Nesse caso, “JESUS não poderia jamais ter vindo da parte de Deus”, imaginavam eles.
O problema é exatamente este. O regulamento com respeito ao divórcio encontrado na passagem de Deuteronômio 24:1-4 foi grosseiramente mal interpretado pelos fariseus e é, até os dias de hoje, tratado com equívoco absurdo por parte de muitos cristãos. Com esse mal entendido, criam o problema da aparente falta de concordância entre JESUS e Moisés, entre o Novo e o Antigo Testamento, entre o que definia a Lei do Pentateuco e a época da Graça. Falham em não enxergar a verdade desse assunto. Falham ao ensinar que DEUS aprova o divórcio, ainda que em caso de adultério, levando a ovelha, em crise no seu casamento, a divorciar-se e a contrair um novo casamento, tornando-a adúltera e sujeita a perdição eterna (leia 1 Coríntios 6:9-10 e Apocalipse 21:8). O equívoco é acreditar que o texto em questão é uma aprovação do divórcio e até mesmo do novo casamento de divorciados. Não há, na passagem supracitada do quinto livro da Bíblia, nenhuma aprovação do divórcio, seja qual for, muito menos de novo casamento. Moisés não quis o divórcio. Antes, como o próprio JESUS apontou em Mateus 19:8, “Moises permitiu por causa da dureza do vosso coração”. Ora, permitir é fundamentalmente diferente de aprovar, de concordar, de anuir. Moisés deu a Israel uma lei que prescrevia o que um homem deveria fazer se ele pretendesse repudiar a sua esposa. Moisés havia percebido que os homens em Israel estavam repudiando desenfreadamente as suas esposas por qualquer motivo e que continuariam a fazê-lo no futuro. Nesses casos, esses homens deveriam escrever e dar a essas mulheres um “escrito de repúdio”. Porém, Moisés não ordenou: “Divorciem-se de suas esposas!”, nem caso houvesse algo indecente nelas. Tal propósito em elaborar um documento visava ao bem-estar da mulher que, àquela época, era extremamente dominada pelos homens, e, abandonadas, seriam comparadas socialmente a uma prostituta. O intento desse documento trazia para elas um certo benefício.
Mas há algo ainda em Deuteronômio 24:1-4 que merece ser considerado importante. Moisés não aprovou o divórcio nem o segundo casamento de divorciados, muito menos o ordenou; apenas permitiu. De acordo com a leitura correta do texto, uma mulher que se divorciou do seu marido original e se casou com outro homem não poderia retornar ao seu marido original em caso do segundo homem também se divorciar dela. Moisés destaca algo que ele estava de fato vendo acontecer em Israel. Os homens estavam se divorciando de suas esposas por algo indecente. Esse algo indecente não pode ser entendido como adultério, visto que, segundo a Lei, a punição para a mulher que adulterasse era ser apedrejada até a morte (como os fariseus queriam fazer com a mulher flagrada em adultério e levada à presença de JESUS), e nunca receber um documento de divórcio (leia Levítico 20:10). Essa análise geral demonstra pura concordância com o que JESUS respondeu no versículo 9, do capítulo 19, do livro de Mateus: “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”. A cláusula de exceção citada por JESUS não se referia a casos de adultério, como está pessimamente escrita e interpretada em algumas linguagens bíblicas. Nesse texto, JESUS se referiu à incontinência pré-nupcial, ou seja, homens que se casavam com mulheres crendo que elas eram virgens, mas que, na realidade, nas núpcias, descobriam que as esposas haviam praticado a fornicação com outros homens antes de se casarem. Aliás, esse era outro costume muito comum no meio do povo de Israel. Nesse, caso, o homem poderia pedir a anulação do casamento, se o perdão verdadeiro não se manifestasse na vida da pessoa que falhou com o seu cônjuge.
Todavia, essa regulamentação de Moisés em Deuteronômio 24:1-4 não é satisfatória. JESUS contrasta seu ensino, que é a Verdade pura, com o ensino de Moisés, que tolerava a prática do divórcio: “Também foi dito…”, “Eu, porém, vos digo”, “No princípio não foi assim”. Note bem: JESUS não culpou Moisés por essa permissividade. Antes, ELE culpa Israel: “pela dureza dos vossos corações”. Isso pode apresentar uma aparente desarmonia entre o que JESUS disse e o que Moisés escreveu. O problema maior é: como pode o Antigo Testamento permitir ou tolerar ocasionalmente o errado, enquanto o Novo Testamento não permite? É claro que a despeito desse problema, nós, cristãos do Novo Testamento, seguidores de JESUS, não podemos apelar para o que está escrito em Deuteronômio 24 e aplicarmos esse regulamento em nossas vidas. Se assim fizéssemos, estaríamos admitindo ter um coração tão duro quanto o de Israel, para quem a regra foi feita. Ainda mais, mostraríamos a JESUS que seríamos duros de coração. E essa é a condição espiritual de quem é governado pela incredulidade, de quem não experimentou verdadeiramente o novo nascimento em CRISTO JESUS.
Ao permitir o que era errado, Deuteronômio 24 também permite muita miséria em Israel. Isso é frequentamente esquecido por aqueles que, nos dias atuais, são ávidos em aplicar tal passagem em suas vidas, na esperança de resolver um problema conjugal. Nesse mesmo capítulo, existem também as advertências amargas e tristes. É possível que uma mulher vá de um divórcio para outro e acabe desejando voltar ao seu primeiro marido. Essa é a descrição da bagunça familiar e de uma miséria alastrada. O caminho de um coração duro é o caminho da miséria ainda nesta vida.
A condenação do divórcio por CRISTO deve ser entendida como uma condenação de todas as formas de separação de um homem e de uma mulher. A Bíblia usa a expressão “repúdio” no original. Isso abrange o divórcio legal, como também o desquite, o simples abandono, enfim, tudo que leve a quebrar em dois o que DEUS tornou um, e que deve assim permanecer. Repudiar o parceiro, independentemente do motivo, é pecar contra DEUS; e um aspecto desse pecado é expor o outro ao adultério, pois JESUS bem alertou: “Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra adultera contra ela. E, se a mulher deixar o seu marido e casar com outro, adultera” (Marcos 10:11-12). Paulo também, em dois momentos, confirmou essas palavras do MESTRE: “Porque a mulher está sujeita ao marido enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, livre está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei e assim não será adúltera se for de outro marido” (Romanos 7:2-3); “A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor” (1 Coríntios 7:39).
JESUS condena o divórcio não pelo simples fato de conduzir a pessoa a outro mal, mas porque ele mesmo é um mal. Todo aquele que se divorcia do seu cônjuge peca em virtude do fato de se divorciar dele. Ao condenar o divórcio, JESUS está defendendo o casamento que DEUS abençoou e fez uma só carne. Eis a razão pela qual a pessoa que busca o caminho do divórcio está em rebelião contra o Espírito Santo, tentando separar o que DEUS uniu. Se DEUS fez dois um só, então é errado esse um querer se tornar dois novamente; ou mesmo, tornar-se um mais uma vez com outra pessoa. Portanto, não há cláusula de exceção alguma para se justificar um divórcio. DEUS destesta-o, como bem está escrito em Malaquias 2:16. E, se ELE detesta e abomina, não haveria de abrir exceção para nada. O que há, na verdade, e deve fazer parte da fé de todo cristão, é o interesse de DEUS em ser buscado, em ser incomodado em qualquer crise conjugal que venha a se manifestar; é o Seu desejo imenso de organizar aquilo que os cônjuges desorganizaram. Por isso, o Nosso DEUS é especialista em restaurar um vaso manchado ou rachado pelo pecado. ELE não deixa o vaso escapar de Suas mãos, despedaçar-se no chão. DEUS quer revelar o Seu grande Poder transformador, manifestar a Sua Glória na vida daqueles que O buscam, que O temem, que O obedecem e procuram preservar aquilo que ELE criou e abençoou. Invista na família!
FERNANDO CÉSAR
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