terça-feira, 10 de janeiro de 2012

E Quando há Mentira na Família

“Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas” Cl 3.9
 A revista Veja, com base em pesquisas de estudiosos do comportamento humano, mostrou em uma de suas edições passadas que as centenas de mentiras que uma pessoa conta ou ouve por dia são um apaziguador social, e, sem elas, a vida seria um inferno (Ed. 1771 de 02/10/2002). Se cientificamente ou filosoficamente a maioria das mentiras é vista como um “apaziguador social”, teologicamente, é um pecado maligno.
 Na lista das sete coisas que o Senhor detesta, está a língua mentirosa (Pv 6.16-19). Dessa forma, o ato de mentir é proibido pela palavra de Deus (Êx 20.16; Lv 19.11; Sl 5.6; 101.7; Pv 12.22; 19.5; Ap 21.8; 22.15)
 Em seu evangelho, Jesus ensina que cada um é responsável, diante do Deus que não mente (Tt 1.1-2), pelas suas palavras: “Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras você será absolvido, e por suas palavras será condenado" (Mt 12.36-37).

Os evangelhos mostram que Jesus foi paciente com as prostitutas e os publicanos, mas censurou com firmeza a religiosidade mentirosa dos fariseus, dizendo que por dentro estavam cheios de mentiras (Mt 23.28), e os advertiu: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).

No sermão do monte, Jesus ensinou que ninguém precisa jurar para confirmar que está dizendo a verdade; basta um sim ou um não, “pois qualquer coisa a mais que disserem vem do Maligno”(Mt 5.37).

Vejamos a mentira na família de Isaque (Gn 27.1-28). A narrativa bíblica mostra que o casal Isaque e Rebeca tinha dois filhos gêmeos, Esaú e Jacó, sendo Esaú o primogênito. Na cultura hebréia isto tinha muita importância, uma vez que o mais velho sempre ficava com a melhor parte da herança.

Isto explica por que Jacó cobiçava e disputava a bênção da primogenitura. Este acabou conseguindo-a através de um esquema baseado na mentira, preparado por sua própria mãe. Jacó resolveu a sua situação: recebeu a bênção patriarcal, em lugar de Esaú; mas passou a ter um novo problema: teve de fugir de casa, e Rebeca nunca mais viu o filho querido. A mentira não compensa!

A mentira na família de Jacó (Gn 37.1-36). Tempos depois, a família de Jacó também pagou o preço alto, devido a mentira. O fato de José ser mais amado que os seus irmãos prova que o velho Jacó nada aprendera de sua experiência anterior com o favoritismo. Por causa dessa evidente predileção de Jacó, José passou a ser odiado pelos seus irmãos (Gn 37.3), tanto que o venderam como escravo aos negociantes ismaelitas. Estes o levaram para o Egito (Gn 37.28).

O que vem depois? Mentira! Os irmãos de José simularam para Jacó que ele havia sido devorado por um animal selvagem. Então, Jacó rasgou as suas roupas e vestiu roupa de luto, por um filho que não estava morto (Gn 37.31). Esta mentira foi sustenta por muito tempo e trouxe muita dor ao coração do pai Jacó. Mas, como toda mentira ela teve fim!

Que lições podemos tirar dessas duas famílias? Podemos aprender com eles que a mentira destrói o entrosamento da família. Isso aconteceu na família de Isaque. A convivência familiar torna-se insuportável e insustentável quando não há verdade em nossa palavra, em nosso caráter. Numa família em que uns mentem para os outros não há comunhão, ninguém se respeita, ninguém se importa com a verdade.

Todavia, se desejamos comunhão familiar, temos o dever espiritual de falarmos e vivermos a verdade uns com os outros, dentro da nossa casa. Não há razões bíblicas para o cultivo da mentira na família. Como prova disso, vimos os resultados catastróficos da mentira nas famílias de dois patriarcas.

Portanto, os cristãos devem reconhecer que o ato de mentir é próprio da velha vida e que deve ser rejeitado, como uma roupa indesejável.

Baseada na Lição Bíblica “Crescendo em Família” nº 263 A

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