segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A Segunda Década do Casamento

Nos dias 14 e 15 de abril, 1912, o majestoso Titanic terminou sua viagem inaugural no fundo do mar, um desastre em que quase 1500 almas se perderam. Mas a tragédia maior foi o fato de que aquele desastre poderia ter sido evitado.  Várias advertências alertaram o navio ao perigo de icebergs nas águas.  Mas ao que tudo indica, o Capitão Smith ignorou as advertências, preferindo confiar em seu navio “infundável.”

Muitos casamentos que conseguiram navegar pelos mares às vezes tempestuosos dos primeiros 10 anos, enfrentam um oceano ainda repleto de icebergs na sua segunda decada.  Assim como o iceberg, esses perigos talvez pareçam menores na superfície do que realmente são.

Depois de quase 22 anos de casamento, conseguimos identificar alguns desses perigos que ameaçam nossos lares.  Mas com a bússola da Palavra de Deus, poderemos passar com tranquilidade por esse período em que o amor atinge sua maioridade.  Que tal ligar seu “radar” matrimonial para verificar se talvez alguns desses perigos estejam no horizonte do seu casamento?

1.    Distanciamento.  O primeiro iceberg capaz de afundar o matrimônio faz parte de processo natural em que a paixão da lua-de-mel se transforma num amor mais maduro e estável.  Mas “estável” pode também ser sinônimo por “frio” se o casal não se guardar de uma vida rotineira e previsível demais.   Um ditado americano que diz, “Familiarity breeds contempt” (“familiaridade gera ódio”) sugere que podemos permitir uma distância em nossos relacionamentos como resultado do cotidiano.

O livro de Provérbios sugere que podemos e devemos manter acesa a chama do nosso amor, mesmo na segunda década do casamento.  Falando do amor romântico no casamento, o autor diz, “Seja bendito o teu mancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores, e gazela graciosa.  Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias” (Pv 5.18,19).

Sugestão: Quando foi a última vez que vocês saíram, só os dois, para um “escape romântico”?  Pelo menos uma vez por ano o casal deve fazer todo esforço para planejar  uma saída--talvez um retiro ou congresso de casais, ou até mesmo um fim-de-semana longe da casa, dos filhos, do trabalho, da igreja e da vida rotineira.

2.    Monotonia e Egoísmo.  Um outro perigo no mar matrimonial, relacionado com o primeiro, é a monotonia.  “O mesmo mesmo”, dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano, afoga o relacionamento com ondas de mediocridade.  Em meio a tantas preocupações com os filhos, com a carreira, com contas a pagar e muito mais, as pequenas cortesias do namoro e lua-de-mel ficam esquecidas.  Acabamos voltando toda a nossa atenção para nós mesmos, e não mais para o cônjuge.  1 Coríntios 13 nos lembra de que um amor vivo não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.

Sugestão: Que tal voltar a “paparicar” seu cônjuge como fazia antes?  Abrir uma porta, escrever um bilhete, massagear os pés, fazer cafuné no cabelo, comprar uma flor, sair para jantar, dar um abraço “fora da hora” e muito mais são maneiras de dizer “Eu te amo” e interromper a monotonia e pôr fim ao egoísmo no relacionamento.

3.    Carreira x Família.  Dois eventos simultâneos coincidem na segunda década de casamento para muitos.  É o tempo em que muitas carreiras disparam.  Mas também é o tempo em que os filhos precisam muito dos pais, se só pelas decisões a serem tomadas (namoro, vestibular, faculdade, carreira), mas também pelos desafios da pré-adolescência e adolescência.  Pais ausentes dificilmente orientarão os filhos como navegarem por essas águas profundas.

As Escrituras colocam em cheque nossa ambição desenfreada.  Salmo 127 nos desafia: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam. . . Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem” (1,2).  Salmo 131 declara “Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim”(1).

Sugestão:  Avalie suas prioridades como família.  Aquela promoção realmente vale a pena?  Os filhos precisam de mais dinheiro, ou de mais tempo com os pais?  Você TEM que trazer tanto trabalho para casa nos finais-de-semana?  Nenhum comerciante termina sua vida com ressentimentos porque não fechou mais um negócio, mas muitos sofrem por não ter investido mais na vida de seus filhos

4. Filholatria.  A Revista Veja, na  edição especial “Sua Criança”, publicou um artigo entitulado, “Fuja do Filhocentrismo”.  Relata como os pais de hoje são incapazes ou indispostos a dizer “Não” aos filhos, permitindo que os filhos sejam pequenos deuses no lar.[1]

A Revista Seleções ofereceu uma peça semelhante chamada “Romance com Filhos é Possível? Tornar-los o Centro de Sua Vida Pode Lhe Custar Caro.”[2]“A síndrome do ninho vazio” resulta quando os pais se dedicam durante 18 anos aos filhos mas esquecem de desenvolver a amizade conjugal.  Os dois artigos certamente não recomendam negligência ou abandono dos filhos, mas apontam para uma forte tendência em nossos dias de idolatrar os filhos.  Mas biblicamente, não é o eixo pai-filho e sim, marido-esposa, que ancora o lar (Gn 1.27,31).  Quando mãe e pai estão bem como casal, tudo vai bem em casa.  Mas quando há atritos entre o casal, o mundo dos filhos afunda.

Sugestão:  Seria bom os pais verificarem se já caíram no extremo de filholatria, e tomar providências para voltar ao equilíbrio bíblico.  Têm medo de contrariar o filho?  Sair de casa só os dois, sem os filhos?  Os programas dos filhos dominam o lar?  Os pais apresentam uma frente unida diante dos filhos na disciplina e nas decisões, ou os filhos conseguem jogar um pai contra o outro?

5.  Mágoas.  Pequenos atritos e conflitos não-resolvidos se acumulam no decorre dos anos, e facilmente naufragam relacionamentos.  Por isso o Apóstolo Paulo aconselhou, “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo” (Efésio 4.26,27).  Nem sempre vamos concordar sobre tudo, e às vezes, ao longo de um casamento, temos que concordar em discordar.  Mas se não resolvermos nossas diferenças, as mágoas se empilharão entre nós, afastando-nos um do outro. Talvez por esse efeito cumulativo, muitos casamentos acabam se afundando justamente na sua segunda década

Sugestão: Se existem questões não-resolvidas entre vocês, o primeiro passo é reconhecer SUA parte no conflito e pedir perdão (não desculpas) do seu cônjuge, sem exigir ou esperar que ele faça o mesmo.  O perdão ministra a graça de Deus em seu lar, e remove obstáculos que facilmente naufragam um relacionamento.

Há muitos icebergs no mar matrimonial.  Mas o casal que já conseguiu navegar pelos primeiros dez anos de casamento, certamente tem condições de vencer a segunda década.  Mas não pode ignorar as advertências de perigos no horizonte.  Conforme o velho corinho infantil, “Com Cristo no barco, tudo vai muito bem . . .”

Pr. David J. Merkh

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