quarta-feira, 1 de junho de 2011

Casal e a Intimidade

Todo ser humano precisa se relacionar. Somos seres sociais. O casal principalmente precisa aprender a se conhecer. O conhecimento leva tempo, paciência, renúncia, abertura, coragem, não ter medo de se expor.


Para se conhecer não há atalhos. No casamento você tem uma oportunidade única de conhecer um ao outro, e isto requer um estudo consciente. Os dois precisam fazer um esforço consciente para entender o outro e também para se deixar conhecer. Sabemos que o universo masculino é diferente do universo feminino, por isso cabe a cada cônjuge buscar conhecer esse universo e entendê-lo.


Como esse conhecimento mútuo se processa? Primeiramente você precisa analisar que tipo de conversas você tem com seu cônjuge nos horários das refeições. Quando vocês saem para passear, qual o conteúdo de suas conversas? Você por exemplo, marido, sabe qual a cor predileta da sua esposa? Você esposa, sabe a cor predileta do seu marido? E a sobremesa predileta? O prato predileto?



Mais profundo do que isso é o que irrita um ao outro e o que agrada um ao outro. Você conhece os sinais que o seu cônjuge emite quando está irritado, ou começando a se irritar? O que você geralmente faz a respeito disto?


Você homem, presta atenção nas roupas da sua mulher? Você mulher, sabe que tipo de roupas agrada a seu marido? Certa vez quis comprar um vestido para a esposa de um amigo e liguei para lhe perguntar o número que ela usava. Fiquei surpresa ao constatar que ele não sabia o número da esposa. Nem do sapato, nem da roupa. E estavam casados há 25 anos. Esse tipo de descaso, de desinformação mostra superficialmente o quanto o marido se interessa em saber sobre sua esposa, e vice-versa.

Para você saber se você conhece ou não seu cônjuge, faça uma lista secreta de dez necessidades ou desejos de seu parceiro. Liste dez coisas que são importantes para seu companheiro, ou companheira. Depois liste o que você pensa que seu companheiro gostaria que você fizesse para ele, ou para ela. Depois seria interessante, num papo informal, você perguntar alguns desejos de seu cônjuge, ou necessidades, para ver se você sabe realmente o que é importante para ele, ou ela.

Outra maneira de saber como estão os sentimentos e emoções de seu cônjuge, o que o perturba no momento é aproveitar quando saem juntos. Em vez de conversar sobre o que os filhos fizeram ou deixaram de fazer, sobre o trabalho, etc. saber : como está seu coração? Como está você hoje? É importante Saber o que você pode fazer para ajudar a pessoa com quem você está compartilhando o mesmo teto.

Infelizmente, muitos casais têm o péssimo hábito de dormir com raiva um do outro, irados, angustiados, sem liberdade de compartilhar o mais profundo do seu coração, ou por medo de se expor, por medo da crítica, ou julgamento, ou até mesmo do simplismo com que muitos de nós tendemos a responder às angústias de nosso parceiro.


Existe coisa mais irritante do que você compartilhar seu coração com alguém, e a pessoa simplificar o que você está sentindo? Exemplo: hoje estou me sentindo muito mal, triste, melancólica. Resposta da pessoa: Deixa disso, você é uma pessoa tão de alto astral, tem tudo pra ser feliz. Como você pode ficar triste?


O coração humano é complexo, profundo, tem tanta coisa, tantos desejos, tantas ansiedades, tantas perguntas não respondidas. Como se pode julgar pelo exterior o que se passa no interior de alguém? É necessário observar, ter paciência de querer realmente saber o que se passa no coração do outro.

Falar sobre tentar conhecer o outro pode nos dar a impressão de que devemos forçar o outro a se tornar conhecido. Como já falei anteriormente, a mente humana, ou o coração humano é complexo. Não dá para entrar sem que o outro permita. Por isso que Deus sabiamente diz: “Eis que estou à porta do seu coração todo dia e bato....se você abrir, entrarei e cearei com você”. Nosso coração precisa ser respeitado. O outro somente poderá entrar nele, conhecê-lo, dissecá-lo se for permitido.

Por que muitas vezes é difícil se deixar conhecer? Medo da exposição. Quando a pessoa é insegura, não se julga capaz de ser amada, ela tem medo de intimidade.


Ela pensa que se for conhecida profundamente, o outro não gostará do que encontrará e se afastará. Não necessariamente. Muitas vezes pensamos que somos uma coisa, mas somos outra, e os outros nos vêem diferentemente do que nós. Por que não abrir a porta do coração para que outros entrem e lhe conheçam? E, precisamos também estar abertos para crescer. Somente com críticas podemos crescer. Todos têm um ponto cego. Aquele ponto em que nós não nos enxergamos, somente raspando ombro com o outro poderemos ser lapidados. É o amigo que nos diz o que fizemos de errado, ou certas características nossas que magoam e chateiam. Nesse vaivém do relacionamento com outras pessoas, aprendemos a perdoar, e a pedir perdão, palavra essencial no nosso vocabulário. Quando alguém nos pede perdão, ela está reconhecendo que errou. Errei, sou humano....o que fazer? Quando perdoamos reconhecemos no outro a imperfeição, mas também em nós. Tudo bem querido, eu lhe perdôo porque eu também sou humano, eu também uma vez ou outra vou errar com você.


Na ânsia de conhecer, não manipule, não force a barra. Não fique também pensando que a pessoa não quer ser conhecida porque tem algo a esconder. Temos que ver a maneira que a pessoa foi criada, a maneira que foi ensinada a se resguardar. A auto estima, a segurança ou insegurança. Como você tem reagido todas as vezes que o outro tem tentado compartilhar alguma coisa com você. Observe, você ouve e entende? Ou ouve e critica ou tenta aconselhar?

O outro geralmente se abrirá se sentir seguro de suas críticas ou a salvo de seus julgamentos. Gosto muito de uma frase e não canso de repeti-la: “um amigo é aquele que ouve sem julgar”.


Quando alguém nos fala alguma coisa, pratique a escuta....às vezes, simplesmente ser escutado já ajuda a baixar a ansiedade, a angústia. Sentir-se acolhido na sua dor, ou na sua ansiedade é essencial para que a mente pare para raciocinar melhor e ver o que está acontecendo com você mesmo. O canal de comunicação é cortado se todas as vezes que a pessoa compartilhar ouvir uma crítica, uma tentativa de resolver o problema por ela. Isto faz com que ela se sinta incapaz, ou angustiada em receber, talvez, uma resposta simplista. Sei que muitas vezes o problema, ou a angústia, ou a tristeza, não é por um motivo tão grande ou importante para quem ouve, mas para quem está sentindo é, e tudo que a pessoa precisa é de acolhimento, de um ombro, um ouvido, uma escuta.

                                              Silvia Geruza

A psicóloga Silvia Geruza (esposa do Pr. Ricardo Gondim) é especialista (pós-graduada) em Terapia Familiar e de Casal, mestra em teologia, diretora e professora do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos nas áreas de Liderança e Família.

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